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Exposição traz ao Parlamento a beleza e o sagrado das religiões de matriz africana

Publicado em: 06/11/2025 06:51

A abertura da exposição “O Olho de vidro sobre o sagrado vivo”, no Palácio Maguito Vilela, foi realizada na noite dessa quarta-feira, 5, com cerimônias, rezas e outros elementos do candomblé e da umbanda. A mostra reúne trabalhos de dez artistas do Coletivo Onã, formado por jovens frequentadores, chamados filhos, do terreiro Morada do Cruzeiro, uma casa dedicada ao culto aos orixás.

Quem for à exposição poderá conferir objetos do terreiro e da fé professada pelos artistas, utensílios das entidades, vestimentas, além de fotografias dos trabalhos feitos pelo coletivo e telas e esculturas inspiradas na religiosidade.

Curadora e expositora, Laís Rocha disse que a exposição realiza uma atividade educativa. Como o terreiro reúne vários jovens artistas, inclusive o dirigente Alágbara ti Ogúm, eles iniciaram o coletivo para propor as exposições culturais, paa chamar a atenção sobre o preconceito que as religiões de matriz africana sofrem. “É muito importante a gente falar sobre a intolerância religiosa, sobre as religiões que não são vistas. O Coletivo Onã se uniu para tratar disso, fazer a ação de mostrar a religião por meio da arte, uma forma de sensibilizar as pessoas por essas questões.”

A artista visual Geovanna Rocha lembra que as obras traduzem também a individualidade do artista, sobre como e quem eles são, os processos individuais de cada, como artistas e como filhos de uma casa de candomblé. Ela ressalta também que quando a religião sai do terreiro e ocupa o espaço público, leva informação às pessoas e, consequentemente, à quebra do preconceito.

“Eu sinto que as pessoas não tiveram tanto acesso à informação. E é uma coisa bastante estrutural do ambiente que a gente vive, de Goiânia. Com a exposição conseguimos, realmente, mostrar esse lado mais linear, mais sutil, mais amoroso, de como o amor do candomblé e das religiões de matriz africana acolhe a gente”, afirmou Geovanna Rocha.

Apoio 

A exposição tem o apoio do mandato do deputado Mauro Rubem (PT), que destacou o espaço da Assembleia Legislativa como democrático e precisa receber todas as manifestações artísticas, culturais e religiosas. Ele lembrou que os elementos da cultura africana fazem parte também da cultura brasileira.  

O parlamentar pontuou que todas as religiões são muito parecidas e têm seus elementos sagrados e místicos, que precisam ser respeitados. “É muito diferente para quem não pratica, mas para quem está praticando ali é muito simbólico, importante, é isso que precisamos respeitar. Todas as religiões, principalmente as mais antigas, da raiz do povo brasileiro, são as religiões afrodescendentes. Quase todas as cidades do Brasil têm um terreiro, que às vezes é desrespeitado, criminalizado, mas eles existem e nós estamos com a nossa Constituição em exercício. Eu acredito que os terreiros vão cada vez ficar mais expostos e aparecer.”

Para a chefe da Assessoria Adjunta de Atividades Culturais da Alego, Emiliana Pereira, a exposição chega na Casa carregada de simbolismo, já que o 5 de novembro é o Dia Nacional da Cultura Brasileira, além do mês ser dedicado à consciência negra. “Essa exposição reafirma o compromisso da Casa em defesa de toda e qualquer manifestação cultural. Sem preconceito, a Casa está de portas abertas para acolher todas as manifestações. E começar o Novembro Negro com essa exposição, trazendo toda a resistência dessa cultura e a história do nosso povo, mostra que a Casa é realmente um espaço democrático para as artes e para cultura.”

A exposição “O Olho de vidro sobre o sagrado vivo” fica no hall de entrada do Palácio Maguito Vilela até o dia 18 de novembro e a visitação é gratuita.

Fonte: Agência de Notícias do Estado de GO

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