Erechim: enfermeiro acusado pelo MPRS é condenado a 24 anos de reclusão por incendiar casa e matar médico
O enfermeiro acusado pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) de matar o médico Gabriel Basso de Moura, de 32 anos, foi condenado a 24 anos de reclusão em regime fechado, com início imediato do cumprimento da pena. O julgamento ocorreu nesta quinta-feira, 30 de outubro, no Tribunal do Júri em Erechim, em sessão de julgamento que durou mais de 15 horas.
O crime aconteceu na madrugada de 26 de novembro de 2023, no Bairro Atlântico. Conforme a denúncia, o réu ateou fogo na residência onde estava com a vítima, provocando um incêndio que resultou na morte do médico por asfixia e carbonização.
O promotor de Justiça Fabricio Gustavo Allegretti, que atuou em plenário, sustentou que o crime foi doloso, praticado com indiferença e desprezo pela vida da vítima, e triplamente qualificado: pelo meio cruel, na medida em que o emprego de fogo foi o fator que impingiu sofrimento intenso à vítima; pelo recurso que dificultou a defesa da vítima, pois o médico estava desacordado quando as chamas chegaram ao quarto onde se encontrava; e pelo emprego de meio que resultou em perigo comum, pois o incêndio pôs em risco severo diversas casas da vizinhança. Todas as qualificadoras foram reconhecidas pelo Conselho de Sentença.
Segundo o promotor Allegretti, o caso teve grande repercussão na comunidade local, devido à forma brutal com que o crime foi cometido, além do fato de a vítima ser uma pessoa muita querida e admirada. Além de amigos e familiares, o plenário esteve lotado durante todo o julgamento, com forte presença da população. Na sede do MPRS em Erechim, foram colocados cartazes e faixas com pedidos de justiça e homenagens ao médico, como “tem saudade sua espalhada por todo o lugar” e “perdemos um filho, um irmão, um amigo”.
Allegretti destacou ainda a importância da atuação, em parceria, do promotor de Justiça Valério Cogo, integrante do Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ), bem como do suporte institucional do Centro de Apoio Operacional do Júri e do Gabinete de Assessoramento Técnico (GAT), que prestou auxílio à Promotoria na análise do perfil do réu.
Para o promotor, a condenação representa uma resposta firme do Sistema de Justiça à gravidade do crime. “Foi um dos casos de maior repercussão na história da comunidade de Erechim, pela forma como aconteceu. A indiferença à vida da vítima por parte do réu foi reconhecida pelos jurados, e isso foi um dos aspectos mais chocantes abordados pelo Ministério Público em plenário. A sociedade, representada pelo Conselho de Sentença, acolheu integralmente a pretensão acusatória e conferiu ao réu, a pedido do Ministério Público, uma condenação exemplar”, afirmou Allegretti.
Fotos: Leandro Vesoloski | Agência de Notícias Canal Dois
