A perda de ocupação entre os trabalhadores informais devido à pandemia do novo coronavírus (Sars-coV-2) é mais que o dobro registrada entre empregados formais, é o que aponta uma pesquisa do IBRE-FGV, divulgada à Folha de S. Paulo .
Com nível recorde de pessoas fora do mercado de trabalho, a volta desses trabalhadores em busca por ocupação – e o fim do auxílio emergencial – deve pressionar a taxa de desemprego nos próximos meses.
A taxa de desocupação estava em 12,9% no trimestre encerrado em maio, segundo o IBGE , acima dos 11,6% registrados até fevereiro, antes do início das medidas de distanciamento adotadas para frear o avanço da Covid-19 .
Todavia, o indicador não reflete a realidade do mercado de trabalho em meio à pandemia, já que muitas pessoas perderam suas ocupações, mas não estão procurando um novo emprego e por isso não são consideradas desempregadas.
De acordo com o estudo, a população brasileira ocupada somava 83,4 milhões de pessoas em maio, ante 93,5 milhões no mesmo mês de 2019, uma queda de 10,7%, recorde na série histórica iniciada em 2012. Entre os informais, a redução da ocupação foi de 15,1% em maio, comparada a recuo de 6,7% entre os formais.
O número de informais despencou de 44,9 milhões em maio de 2019, para 38,1 milhões em maio desse ano, com 6,8 milhões a menos de trabalhadores informais ocupados. Já os formais diminuíram de 48,7 milhões para 45,4 milhões, uma perda de 3,3 milhões de ocupações.
No levantamento, são considerados informais os trabalhadores sem carteira, domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ , trabalhadores por conta própria e trabalhadores que auxiliam familiares sem remuneração.
Na crise de 2014 a 2016, a informalidade funcionou como um “colchão” para o mercado de trabalho, absorvendo parte dos trabalhadores que perderam vagas no mercado formal. Em meio ao isolamento social , o emprego informal não consegue cumprir essa função, ao ser o mais afetado pelas medidas de distanciamento .