Às vésperas do segundo turno das eleições para a prefeitura de São Paulo, a disputa entre o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL) vai se acirrando. De acordo com a última pesquisa Datafolha (24), Covas tem 55% das intenções de voto, contra 45% do candidato da oposição.
O portal iG convidou especialistas para analisar o
promove, a partir de hoje, uma série de matérias que visa elucidar as principais propostas dos dois candidatos em temas como: economia, saúde, educação, segurança e cultura.
O iG procurou os dois pleiteantes para entender as diretrizes, os desafios e as possíveis soluções para a economia da maior cidade do país. A assessoria de Guilherme Boulos, porém, não respondeu à tempo, e as propostas aqui relatadas são baseadas apenas em seu plano de governo.
Enquanto o candidato tucano destrincha seu plano baseado na diminuição do tamanho do estado, com novas privatizações, concessões, Parcerias Público-Privadas e redução de entraves para novos empreendimentos, Guilherme Boulos aposta em um programa que visa apoiar cooperativas em setores econômicos que a prefeitura utilize dos recursos e produtos, além de promover progamas sociais de auxílio a grupos menos favorecidos.
Contenção de gastos x Investimentos em programas sociais
Diferentemente do candidato à reeleição, que se atém principalmente à saúde financeira do município em seu plano de governo, o psolista minimiza as restrições orçamentárias do município, e aposta em programas de “choque de gestão”, com investimentos públicos considerados de maiores riscos.
De acordo com José Paulo Guedes Pinto , Doutor em economia pela USP, Pós-doutor pela London School of Economics and Political Science e professor dos bacharelados em de Ciências Econômicas e Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC, o plano de governo dos dois candidatos seguem diretrizes bastante distintas: enquanto Covas repete a máxima de que é necessário conter gastos, Guilherme Boulos aposta em investimentos mais expressivos para gerar um ciclo de investimento econômico que permita maior arrecadação futura.
“Bruno Covas pretende adjudicar o setor privado a áreas de seguridade essencial, como saúde e educação, tentando garantir um lucro para o orçamento público e também para o setor privado, que o apoia. Já Boulos, olha para um choque de gestão em setores essenciais”, explica.
Segundo o especialista, a proposta de Covas leva vantagem quando levada em conta a temporalidade, enquanto Guilherme Boulos tem saídas mais contundentes para um momento de crise como o atual.
“Por exemplo: O setor público não tem braços para dobrar o número de creches em um curto espaço de tempo. Por isso, Covas pauta seus planos em parcerias com setores privados. Por outro lado, um momento de crise demanda gastos no limite da responsabilidade fiscal para reduzir vulnerabilidades. E são Paulo tem orçamento previsto para programas que ajudem a mitigar os efeitos da crise”, afirma.
Emprego e renda: Cidade Policêntrica x Competitividade
Em seu plano de governo, o candidato Guilherme Boulos promete aquecer a demanda por consumo aumentando poder de compra dos paulistanos. Para isso, propõe atender famílias em situação de extrema pobreza com o Renda Solidária: um benefício mensal de R$ 400,00 que, segundo ele, aqueceria os comércios periféricos e estimularia a geração de empregos fora dos grandes centros.
Ainda de acordo com sua agenda, Boulos pretende contratar cooperativas de trabalho que vão de limpeza urbana à confecção de uniformes e EPIs. O plano ainda cita a criação de Centros Públicos de Economia Solidária nas subprefeituras para que deem suporte às cooperativas e trabalhadores informais. Além disso, o documento anuncia a criação de canais de financiamento e crédito pasra os pequenos comerciantes e indústrias.
Já Bruno Covas, disse ao iG que a grande porta de saída no pós-pandemia é a geração de emprego e renda “através de ações que passam pelo aumento da competitividade da cidade e no investimento em qualificação”.
Em seu plano de governo, o candidato enfatiza a necessidade de incentivar a concorrência e investir na economia criativa e verde, promovendo benefícios a estabelecimentos que funcionem à noite e aos finais de semana, em uma ideia inspirada em distritos criativos de Londres.
O candidato também afirmou ao Portal iG que investirá cerca de R$ 1 milhão para acelerar o desenvolvimento de 24 startups que participam do Programa de Valorização de Iniciativas Tecnológicas, da Agência São Paulo de Desenvolvimento.
“Vamos apostar ainda no incremento à economia criativa, na cultura, nos esportes, na moda, na gastronomia, nos games, nas startups. É uma economia de baixo carbono e queoferece alternativas de ingresso no mercado de trabalho aos jovens da periferia”, afirmou.