O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ( Ipea ) decidiu rever sua previsão de inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ), para 2020. De acordo com seu boletim de conjuntura de junho, divulgado hoje (19), no Rio de Janeiro, a expectativa é que a inflação feche 2020 em 1,8%.
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A previsão é de 1,1 ponto percentual menor que a estimativa feita no boletim de conjuntura anterior do Ipea, divulgado em março, que era de 2,9%.
A revisão para baixo foi provocada pela crise econômica motivada pela pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2), que gerou impacto deflacionário (de queda de preços) em setores como serviços e comércio de bens de consumo duráveis.
Com base nos dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ipea constatou que, apesar da alta dos preços dos alimentos de 4,3% no acumulado de janeiro a maio deste ano, a média do IPCA neste período registrou deflação (queda de preços) de 0,16%.
“Em contrapartida, as medidas de isolamento social impostas para a contenção da pandemia – e seus efeitos imediatos sobre a contração da demanda por serviços e bens de consumo -, aliadas à forte queda do preço internacional do petróleo, geraram uma expressiva mudança na trajetória dos demais preços da economia”, informou nota de conjuntura.
Fim das deflações expressivas
Para os próximos meses, o Ipea prevê o fim das deflações expressivas dos combustíveis e reajustes das tarifas de energia elétrica e de medicamentos já programados para o segundo semestre, o que deve causar aumento dos preços de serviços e produtos administrados.
Por outro lado, é esperada uma redução do ritmo de crescimento do preço dos alimentos, que devem encerrar o ano com inflação de 3%.
No caso dos serviços livres e dos demais bens de consumo, são estimadas altas de 2,2% e 1%, respectivamente, devido a uma expectativa de retomada moderada da demanda interna, ao lado da existência de capacidade ociosa e ausência de pressão significativa sobre os custos de produção.
A inflação de 2020 pode ser maior do que 1,8%, caso haja pressões adicionais sobre a taxa de câmbio e sobre os preços das commodities.
Para 2021, a expectativa é de retomada do crescimento da economia , o que deve dar maior dinamismo no mercado de trabalho e uma demanda mais aquecida. Assim, espera-se uma inflação maior, de 3,1% para o próximo ano.