Análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de parte dos dados apurados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – Covid-19, do IBGE, conclui que o auxílio emergencial conseguiu atingir a população mais exposta às consequências econômicas da pandemia da covid-19.
“Chegou em proporção significativa dessas populações. Os dados mostram que o programa está bem focalizado”, aponta Marco Cavalcanti, diretor-adjunto de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea. Conforme a análise, 38,7% dos domicílios do país (26,3 milhões em números absolutos) tiveram acesso ao benefício pago desde abril.
Segundo o Ipea, o valor médio do auxílio emergencial recebido pelos domicílios brasileiros foi de R$ 846,50. Oito de cada dez domicílios que tiveram acesso ao benefício possuíam renda domiciliar per capita de até R$ 832,65, “ou seja, renda inferior ao benefício obtido”, sublinha o documento.
“O auxílio emergencial chegou prioritariamente, como se esperaria, nos grupos que seriam de fato o público-alvo do programa: as pessoas que trabalham por conta própria, os informais, pessoas que têm menor estabilidade no emprego e que moram em domicílios com renda mais baixa”, detalha Cavalcanti.
O estudo do Ipea, com base nos dados do IBGE, dividiu a população em dez grupos de domicílios, conforme a renda domiciliar per capita. No grupo de renda mais baixa, de renda per capita média de R$ 238,03, a participação do auxílio emergencial na composição da renda domiciliar em maio foi de 95,5%.
A importância decresce conforme a elevação da renda domiciliar per capita. No segundo grupo, de renda domiciliar per capita média de R$ 352.85, a participação foi de 58,6%. E no terceiro grupo, de renda domiciliar per capita média de R$ 453,69, a proporção foi de 34,8%.
Além do peso na composição das rendas nos domicílios, o Ipea assinala que o auxílio emergencial atingiu em maior proporção as residências com rendas inferiores. “Na análise de domicílios por decil de renda per capita, verifica-se que 72% dos lares no decil de renda mais baixo obtiveram o benefício. Essa proporção sobe para 81% no decil seguinte e vai recuando gradualmente até chegar a 5% no decil de maior renda”, observa a Carta de Conjuntura do instituto que publica a análise.
O documento ainda aponta que os impactos variam conforme a região e a situação de ocupação dos beneficiários. O valor médio do benefício “correspondeu a 44,6% do rendimento médio dos ocupados, a 77,5% do rendimento médio dos trabalhadores por conta própria, e foi 21,2% superior ao rendimento médio do trabalhador doméstico.”
Entre as regiões, no Nordeste e no Norte, o efeito do auxílio foi “ainda mais significativo, não apenas porque o valor desse benefício emergencial foi maior nessas regiões, mas também porque nessas localidades a média de rendimentos é menor.”
Edição: Aline Leal