Samambaia é a quarta região administrativa do Distrito Federal a receber o projeto Mães mais que Especiais, que começou no dia 7 deste mês e vai até sábado (12), com acesso das moradoras da região a diversos serviços públicos gratuitos no Centro Urbano Samambaia Sul. Desenvolvido pela Secretaria da Mulher (SMDF) em parceria com o Instituto Cultural Social do Distrito Federal (INCS), a ação oferece uma abordagem itinerante voltada para mães e cuidadoras de crianças neuroatípicas ou com deficiência, promovendo saúde integral, autonomia econômica, educação, cultura, lazer e desenvolvimento social.
“É um projeto que cuida de quem cuida. As mães atípicas ou de filhos com deficiência precisam contar com o apoio do Estado para se desenvolverem em busca de uma vida plena e poderem cuidar de seus filhos”
Celina Leão, vice-governadora do DF
Pioneira no Brasil, a proposta foi idealizada para apoiar mulheres que lidam com a tripla jornada de trabalho, cuidados domésticos e o papel de cuidadoras integrais. Além disso, a iniciativa também acende um alerta sobre a violência doméstica. Durante os sete meses de execução, o projeto oferece uma ampla gama de serviços, como atendimentos de saúde, capacitações em diversas áreas, atividades culturais, orientação jurídica, além da distribuição de materiais informativos e exibição de vídeos e palestras educativas.
O programa ocorre em Samambaia até sábado (12), oferecendo capacitações, atendimentos de saúde, atividades culturais e orientação jurídica, entre outros serviços | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília
“É um projeto que cuida de quem cuida. As mães atípicas ou de filhos com deficiência precisam contar com o apoio do Estado para se desenvolverem em busca de uma vida plena e poderem cuidar de seus filhos. Para isso, levamos ações que promovem a saúde integral, a autonomia financeira, a educação, assim como a cultura, o lazer e o desenvolvimento social, aspectos importantes que todas têm direito a acessar”, declarou a vice-governadora do DF, Celina Leão.
“Aqui cuidamos das crianças enquanto as mães se capacitam ou fazem os atendimentos psicológicos, odontológicos ou jurídicos”
Sol Montes, coordenadora- geral do projeto
A secretária da Mulher, Giselle Ferreira, reforçou que o projeto é um compromisso da pasta com aquelas que dedicam as vidas ao cuidado e ao amor incondicional. “Queremos fortalecer essas mulheres extraordinárias, oferecendo saúde, acolhimento, formação profissional e autonomia. São mães que merecem ser cuidadas, valorizadas e empoderadas”.
Nesta edição as mulheres contam com acesso a trancistas, alongamento de unhas e cílios, fotografia e outros cursos que envolvem logística e redes sociais. A coordenadora-geral do projeto, Sol Montes, afirmou que as turmas sempre enchem e a iniciativa é uma política pública contundente para a inclusão das mães atípicas, que vivem situação de vulnerabilidade social aumentada por não terem com quem deixar os filhos, além de 80% delas criarem os filhos sozinhas.

“Aqui a minha filha foi acolhida pela equipe, sei que ela está bem e eu fico também”, diz Soleni Paes Landim, mãe de Ana Laura, diagnosticada com TEA do nível 2
“Elas não conseguem fazer uma formação profissional, um atendimento médico, um autocuidado ou trabalhar autoestima, porque elas simplesmente vivem para os filhos. Aqui cuidamos das crianças enquanto as mães se capacitam ou fazem os atendimentos psicológicos, odontológicos ou jurídicos. As participantes chegam parecendo que estão dentro de uma conchinha e a transformação é impressionante. Estamos começando a diagnosticar o perfil dessas mulheres, entendendo onde elas moram e quais são as principais necessidades delas, além de trabalhar a autoestima e o acesso a direitos que elas às vezes nem sabem que têm”, acentuou.
Ser cuidada para cuidar
Com uma formação de técnica de enfermagem, a dona de casa Soleni Paes Landim, 44, não consegue exercer a profissão pela rotina intensa voltada para a filha Ana Laura, de 7 anos, que é diagnosticada com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) de nível 2, onde a criança apresenta dificuldades de se comunicar e interagir. Entre as longas sessões de terapia e a escola de Ana, o tempo que sobra para a mãe é para cuidar das demandas da casa, que a sobrecarregam como mãe solteira.

“Essas dicas ajudaram muito, é uma qualidade de vida melhor que a gente oferece quando aprende coisas simples que bastava só uma oportunidade para aprender”, afirma Aline Estefani Nascimento
“Desde o diagnóstico, a minha vida ficou voltada para ela. A rotina é bem intensa, quase não tenho tempo para mim e não podemos ir em todos os lugares, porque nossos filhos têm limitações de barulho e manias. Aqui a minha filha foi acolhida pela equipe, sei que ela está bem e eu fico também. Então esse é o meu momento, se a gente não tiver esse tempo, adoecemos. Porque a gente é mãe, mas é mulher, um ser humano, precisamos estar bem em todos os sentidos para cuidar dos filhos. E os nossos precisam de muito mais cuidado que qualquer outra criança, então exige preparo psicológico e físico. Participo de tudo que o governo nos proporciona”, relatou, emocionada.
Soleni escolheu uma capacitação no alongamento de cílios ofertado pelo projeto que, além de elevar a autoestima, dará a possibilidade dela ter uma renda extra de maneira autônoma. “Esses cursos que o governo oferece são maravilhosos, porque agregam. Como mãe atípica, a gente não tem muitos horários vagos. Mas temos o momento que os filhos estão na escola e nele vou poder trabalhar até na minha casa e fazer meu horário”.
A dona de casa Aline Estefani Nascimento, 36, descobriu o projeto ao passar com o filho pela estrutura montada. Ela ficou encantada com a palestra oferecida no início do evento, com dicas de como lidar com os pequenos. “Meu filho é uma criança mais difícil de lidar, inclusive para escovar os dentes e até para alimentá-lo. Então essas dicas ajudaram muito, é uma qualidade de vida melhor que a gente oferece quando aprende coisas simples que bastava só uma oportunidade para aprender”, revelou.
O programa está instalado em Samambaia e ocorre das 8h às 12h e das 14h às 18h de segunda a sexta-feira, e das 8h às 13h no sábado. As atividades itinerantes já foram realizadas em Ceilândia, onde foram atendidas cerca de 660 mulheres; além de Santa Maria e Planaltina com mais de mil atendimentos em cada cidade. As próximas edições serão em São Sebastião, entre os dias 9 e 14 de junho na Quadra 101 Conjunto 08; e em seguida no Sol Nascente/Pôr do Sol, no Setor Habitacional Sol Nascente, VC 311, Trecho II.
Fonte: Agência Brasília