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Rotina de mulheres policiais é retratada em filme


Produção tem no elenco mulheres policiais que atuam em Brasília | Foto: Divulgação

A realidade da atuação feminina na elucidação de crimes na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) está retratada no filme Sem Maquiagem, que estreou em novembro do ano passado e ficou em cartaz por pouco tempo, devido à pandemia. O longa-metragem, do diretor Tony Rangel, será exibido pela Globo News, às 23h, neste domingo (7), véspera do Dia da Mulher.

“Procurei mostrar o CSI da vida real, só que protagonizado por mulheres, e isso vai além do trabalho, pois explora também o lado pessoal das policiais, mostrando como elas levam a vida e encaram essa atividade tão pesada” Tony Rangel, diretor do filme Sem Maquiagem

Em formato de documentário, a história mostra a realidade e o cotidiano de cinco policiais civis – uma delegada, uma agente e três peritas criminais com especialidades em mortes violentas, incêndios, explosões e acidentes de trânsito – que atuam em investigações de campo, efetuam prisões e reúnem evidências nos inquéritos policiais.

Numa mistura de ciência, tecnologia, intuição e muita coragem, a película retrata investigações, desde o chamado inicial ao local do crime, passando pela busca de vestígios, formulação de hipóteses e análises laboratoriais, até a resolução do caso.

“Investigação criminal é um gênero comum na televisão e nos cinemas”, explica o diretor. “Quem nunca assistiu a algum episódio do CSI? Em Sem Maquiagem, procurei mostrar o CSI da vida real, só que protagonizado por mulheres, e isso vai além do trabalho, pois explora também o lado pessoal das policiais, mostrando como elas levam a vida e encaram essa atividade tão pesada. Ganhar a confiança para que expusessem o seu lado mais feminino e sensível foi particularmente delicado. Espero que sirva de inspiração para outras mulheres, do Brasil e do mundo.”

Elenco da vida real

“Não imaginava participar de um filme ao longo da minha carreira” Anie Rampon, delegada

Ao longo dos dez anos em que atuou na PCDF, a delegada Anie Rampon passou pelas delegacias especializadas de Atendimento à Mulher (Deam), da Criança e do Adolescente (DCA) e de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Atualmente, é assessora institucional e trabalha na Delegacia-Geral. “Assim, acompanho de forma mais próxima decisões institucionais, mas durante as gravações do filme estava ainda na linha de frente”, conta. “Sem dúvida, a experiência ao longo desses anos contribuiu para minha participação”.

Para a delegada, a exibição do longa durante a programação do Dia da Mulher é uma forma de homenagear outras mulheres. “Não imaginava participar de um filme ao longo da minha carreira”, diz. “Fiquei muito feliz com o resultado e espero que as pessoas gostem. Somos mulheres policiais representando outras mulheres nesta data. Isso é muito simbólico e significativo”.

A agente de polícia Erika Kimie trabalha na 27ª Delegacia de Polícia, no Recanto das Emas. Na PCDF desde 2006, a agente foi escrivã de polícia judiciária no interior de São Paulo antes de assumir a função no DF. “Ao chegar à PCDF, fui lotada na seção de crimes violentos”, lembra. “Apesar da minha experiência anterior em São Paulo, foi aqui que tive a oportunidade de trabalhar diretamente com investigações, e isso contribuiu muito para a experiência que tenho hoje. Fui tratada como membro da equipe, ou seja, em nenhum momento fui deixada de lado por ser mulher. Pelo contrário, acompanhava toda a investigação. Foi muito gratificante”.

Experiência na perícia

Três policiais do elenco são peritas criminais em diferentes áreas de atuação. Larissa Marins participou desde o início das tratativas do documentário. “Sempre fui muito discreta com minha profissão, mas participar do filme não foi difícil, pois evidenciamos nossa rotina”, diz. “Muitas pessoas ficam curiosas em saber como é o trabalho pericial, e somos sempre questionados se não nos tornamos mais frios por lidar diretamente com a morte. Acredito que seja o contrário, pois, sabendo da fragilidade da vida, damos ainda mais valor a ela e às pessoas à nossa volta”.

A perita foi uma das fundadoras da Seção de Incêndio e Explosão na PCDF. “Nenhuma outra unidade da Federação tinha uma seção exclusiva para fazer perícia nessa área”, explica. “Não havia muita literatura em português sobre o tema. Fizemos muitos cursos, até mesmo por meio do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do DF e na Polícia Federal, o que foi importante para criação de protocolos de atuação em conjunto”.

Há oito anos na seção de crimes contra a pessoa, sendo os dois últimos como chefe, Beatriz Figueiredo também fala sobre sua atuação. “O grande diferencial é não pensar na morte ocorrida como o foco principal, mas em como nosso trabalho poderá contribuir para que a justiça seja feita, ou seja, prendendo culpados ou libertando inocentes”, resume. “Não há um curso que prepare para atuar diretamente com a perícia nos casos de homicídio. Ter perfil para lidar com essas situações é crucial”.

Além da atuação em Sem Maquiagem, a experiência com a área levou a perita a participar da elaboração do curso sobre o Protocolo Nacional de Investigação e Perícias nos Crimes de Feminicídio, do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

“O grande diferencial é não pensar na morte ocorrida como o foco principal, mas em como nosso trabalho poderá contribuir para que a justiça seja feita, ou seja, prendendo culpados ou libertando inocentes” Beatriz Figueiredo, perita técnica e integrante do elenco

“Tudo o que está no documentário é real”, ressalta Beatriz. “Foram cenas reais. A equipe nos acompanhou por três meses em tempo integral. Foi uma chance de mostrar parte de nossa rotina. O que realmente me motivou a aceitar participar foi poder mostrar que podemos estar em cargos e funções ainda tão improváveis de serem ocupados por mulheres e, desta forma, incentivar outras.”

A perita Camila Guesine, por sua vez, já atuou em crimes de trânsito e incêndio e explosão. Hoje, está lotada na Balística Forense. “O trabalho consiste em fazer exames em armas e munição apreendidas, projéteis recolhidos de cadáveres, elementos balísticos recolhidos em locais de crime, assim [fazer] como exames de confronto balístico”, relata. “Temos um trabalho de inteligência pericial fantástico na Balística. Essa é a beleza da perícia: unir conhecimento humano à tecnologia”.

Para ela, que atualmente também é consultora de estudos para concursos públicos, o filme é uma oportunidade de mostrar o trabalho técnico, comprometido e de qualidade da PCDF. “O filme retrata várias áreas da resolução de um crime, mostrando a sincronia de todas elas. É também uma forma de mostrar em rede nacional que somos uma polícia de referência e a preocupação em dar condições de trabalho aos servidores”, pontua.

*Com informações da SSP

Fonte: Governo DF

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