InícioDISTRITO FEDERALProfessores da rede pública do DF são reconhecidos em prêmios nacionais

Professores da rede pública do DF são reconhecidos em prêmios nacionais

“Quero que, por meio da leitura, os alunos aprendam a combater o preconceito e a discriminação, na nossa comunidade e em qualquer outro lugar”. É assim que a professora de inglês Celiana Mota define o principal objetivo do projeto Desiderata, realizado no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 16 de Ceilândia. Ela é uma das 12 finalistas da segunda edição do Prêmio Professor Transformador, criado para promover e valorizar iniciativas na educação básica – ensinos fundamental I e II e médio.

A professora de inglês Celiana Mota, autora do projeto Desiderata, realizado no CEF 16 de Ceilândia, é uma das finalistas do 2º Prêmio Professor Transformador | Foto: Renato Araújo/Agência Brasília

Celiana concorreu com mais de 350 inscrições pré-selecionadas por banca composta por especialistas, mestres e doutores em educação. As iniciativas escolhidas estão alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e contemplam os quatro segmentos da Educação Básica, da educação infantil ao ensino médio.

Desenvolvido desde 2019, o projeto Desiderata tem como eixos os direitos humanos, a equidade de gênero e as relações étnico-raciais. A professora indica textos, livros, músicas e vídeos para os estudantes de turmas de 8º e 9º anos, durante todo o bimestre, sem nenhum vínculo a notas ou presenças.


“Tento dar espaço a tudo que trabalha o lugar de fala, em que eles podem refletir sobre si mesmos e sobre como combater a discriminação na nossa comunidade”
Celiana Motta, professora

Uma vez por mês, em um sábado, ocorrem encontros para debater as temáticas, com participação de professores e convidados. Durante a pandemia da covid-19, o projeto ocorreu por transmissão virtual.

Além de trazer temas atuais e de interesse coletivo, a professora busca fortalecer a autoestima dos alunos, entendendo a singularidade de cada um. “Toda a base é feita em sala de aula por meio das leituras. Nada é cobrado. Eles vão ler pelo simples prazer de ler e depois vão conversar sobre o livro, vídeo ou alguma música. Tento dar espaço a tudo que trabalha o lugar de fala, em que eles podem refletir sobre si mesmos e sobre como combater a discriminação na nossa comunidade”, explica.

O resultado são alunos mais comprometidos e um ambiente acolhedor. “Quando tinha uma situação de bullying ou outro preconceito, por exemplo, os alunos fingiam que não viam, não tentavam resolver. Quando eles entenderam que era errado, passaram a tentar acabar com isso na escola”, afirma.

Wellington Cruz, presidente do Instituto Significare e da Base2edu, entidades realizadoras do Prêmio Professor Transformador, afirma que os projetos estão alinhados com a BNCC e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).


“Para nós, educadores, não existe retorno maior do que ver os nossos alunos caminhando, crescendo, evoluindo”
Eduardo Alves, professor

“Com abordagens que coloquem o conteúdo em prática, podemos transpor o muro da escola para se comunicar com a comunidade, para que professor e a escola se envolvam no contexto, numa visão local e nacional. Vamos, então, preparar o aluno de hoje para que ele seja o cidadão sustentável de amanhã”, ressalta.

Incentivo empreendedor

O professor de língua portuguesa Eduardo Alves também recebeu a notícia de que seu projeto, a criação de um jornal online, foi reconhecido. Ele está entre os vencedores do Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora. Além de ser um dos quatro ganhadores do troféu ouro, foi o destaque da premiação, o que lhe garantiu uma bolsa integral para o MBA EAD em Educação Empreendedora.

O projeto surgiu em meio à pandemia do novo coronavírus, em 2020, no Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte. A proposta era desenvolver um jornal com os alunos e trabalhar a produção textual, por isso ele dividiu funções semelhantes à de uma redação jornalística entre os alunos interessados. Há uma página com oportunidades de cursos e estágios, outra com as principais notícias da região e também uma aba para artigos de opinião sobre temas debatidos em sala.

Professor de língua portuguesa do Centro de Ensino Médio de Taguatinga Norte, Eduardo Alves é um dos vencedores do Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora | Foto: Arquivo Pessoal

“Alguns alunos ficaram superempolgados, dizendo que queriam se tornar jornalistas, queriam até um crachá do jornal”, conta. A publicação também foi selecionada para a Revista Práticas Inovadoras, do Programa Maria da Penha vai à Escola – Os desafios do ensino remoto, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

“Vejo como resultado desse trabalho a construção da cidadania, por meio dos conceitos éticos aplicados junto ao conteúdo. A prática também ajudou os alunos a alcançarem notas altas em provas, como o Processo Seletivo de Avaliação Seriada (PAS). Para nós, educadores, não existe retorno maior do que ver os nossos alunos caminhando, crescendo, evoluindo”, comemora.

Premiações

O Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora tem como objetivo identificar e reconhecer as melhores práticas da educação empreendedora no Brasil. A coordenadora de Políticas Públicas da instituição, Ana Emília de Andrade, alega que o propósito é reconhecer e prestigiar os professores.

“Queremos dar publicidade ao trabalho grandioso que os nossos educadores têm nas escolas, por meio de iniciativas próprias e que não deixam a educação parar. Mesmo durante a pandemia, os professores fizeram inovações e trouxeram o envolvimento dos alunos. Isso faz toda diferença. O Sebrae entende que, com a educação empreendedora, estamos formando cidadãos com atitudes empreendedoras e isso vai repercutir na sociedade”, explica.

A entrega do Prêmio Professor Transformador e do Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora, em cada categoria, será realizada na próxima semana, durante a Bett Brasil 2022, de 10 a 13 de maio, em São Paulo. Os finalistas, além de apresentarem seus projetos, receberão prêmios em dinheiro, troféus e reconhecimento nacional.

Segundo a diretora de conteúdo da Bett Brasil, Adriana Martinelli, o evento tem como objetivo conectar pessoas e fomentar as práticas de educação. “É um espaço propício para debates sobre novas aprendizagens e inovação. O objetivo é justamente transformar a educação, junto com os dois prêmios, que referenciam e valorizam os professores, essenciais nesse processo. Formatar a educação faz com que os professores busquem novas práticas e, ao mesmo tempo, dá luz a novos movimentos e possibilidades.”

Com base nos eventos anteriores, a estimativa de circulação é de aproximadamente 5 mil pessoas por dia de evento.

Fonte: Agência Brasília

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