“É indescritível a sensação de rever o bichinho que a gente gosta”, foram algumas das poucas palavras da paciente Neuza Botosso, 72 anos, ao reencontrar seu fiel companheiro Toy, um shih tzu com quem compartilha a vida há 6 anos. Internada há cerca de um mês no Hospital Regional de Taguatinga, Neuza apresentou quadro depressivo e, por indicação da equipe médica, as terapeutas ocupacionais buscaram uma forma da paciente encontrar o seu cachorrinho de estimação.
“Até o primeiro momento ela queria muito ver o Toy, depois desistiu porque o bichinho sentiria a sua falta após a visita e ela a falta dele mais ainda. Mas mostramos a ela o tempo que ela estava sem ver o seu animalzinho e que poderia passar mais um bom tempo sem vê-lo. O medo era o bichinho sofrer”, explicou a terapeuta ocupacional Mchilanny Bussinger de Menezes.
Neuza mora sozinha com Toy. Este foi o primeiro encontro da paciente com seu melhor amigo, que promete se repetir semanalmente. Quem levou o bichinho até o HRT foi o filho da paciente, Ilton Elias Botosso Figueiredo, que se emocionou com a felicidade e o sorriso de sua mãe.
“Eu queria agradecer à Secretaria de Saúde por esse momento porque minha mãe está hospitalizada aqui e a secretaria concedeu essa visita do cãozinho dela, de que ela gosta demais, e isso faz bem para ela. E eu gostaria de agradecer esse encontro, dela com o cachorrinho. Está fazendo muito bem para a autoestima dela. Estão cuidando muito bem dela”, comemora Ilton.
Para o encontro, ele levou também os filhos e a esposa, que puderam abraçar Neusa e matar um pouco da saudade.
Quadro clínico
Nos últimos três meses, Neuza já esteve internada no Hospital Regional Leste, no Paranoá, no Hospital Regional de Samambaia e, agora, em Taguatinga. A primeira internação foi por suspeita de Covid-19, o que não se confirmou. A paciente apresentou problemas respiratórios e insuficiência renal, mas se encontra internada agora para tratar uma infecção por pé diabético. De acordo com as terapeutas, Neuza não sorria há muito tempo.
“Idosa, diabética e com pé infectado, a recuperação é realmente muito lenta e o período de pandemia não permite visitas, apenas a troca de acompanhante. Então são muitas questões que torna a situação dela fragilizada”, pondera a terapeuta Fernanda Victório.
Na hora da despedida, Toy se escondeu embaixo da cadeira de Neuza e precisou ser retirado para ir para casa enquanto a paciente com sorriso largo de quem está satisfeita lhe dava adeus.
Segurança
Para realizar o encontro, a equipe se preocupou em garantir um espaço aberto, com pouca movimentação. Toy e a família (de máscara o tempo todo) não precisaram entrar no hospital.
Outros pacientes com longa internação também estão tendo a indicação de visitas controladas, no entanto, esta foi a primeira experiência com um animal de estimação.