InícioDISTRITO FEDERALNúmeros de negros desempregados cresceu nos seis primeiros meses de 2021

Números de negros desempregados cresceu nos seis primeiros meses de 2021

Em alusão ao dia da Consciência Negra, a Codeplan e o Dieese apresentaram, nesta quinta-feira (18), o Boletim anual “População Negra e Desemprego no Distrito Federal”, com intuito de atualizar o quadro das relações raciais no mercado de trabalho regional.

O ano de 2020 ficou marcado pela pandemia, que impactou, de forma ainda mais negativa os números do desemprego para a população negra. Já em 2021, a chegada da vacinação trouxe uma esperança para a degradação do mercado de trabalho, mas, mesmo com seu avanço, indicadores de participação e desemprego ainda marcavam defasagens em relação a 2019.

A PED registrou uma persistente concentração dos desempregados negros em duas faixas etárias: jovens entre 18 e 24 anos, e adultos entre 30 e 39 anos

Mulheres e homens negros entre 18 e 24 anos são o maior grupo dentre os desempregados, correspondendo a 31,9% e 34,0%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano

Nos primeiros seis meses de 2021, a População em Idade Ativa (PIA) do DF, era, em sua maioria negra, com volume de pessoas que se autodeclaravam pretas e pardas alcançando 61,7% dos moradores com 14 anos e mais, o equivalente a cerca de 1.552 mil pessoas.

Desse número, a proporção de mulheres negras na PIA foi de 32,7% e a de homens negros 29,0%. Enquanto a população não negra correspondia a 21,4% e 16,9%, mulheres e homens respectivamente.

A Força de Trabalho da Capital também era majoritariamente negra no primeiro semestre de 2021 (63,9%), todavia, esta presença superava o percentual identificado na configuração demográfica da população potencialmente mobilizável para o universo do trabalho pago (PIA).

Se tratando da dos sexos na integração da População Economicamente Ativa (PEA) regional apresentava nuances, uma vez que, homens negros se integravam mais intensamente à PEA (33,3%) do que figuravam na PIA, enquanto o engajamento das mulheres negras (30,6%) ficava aquém da correspondência populacional.

Entre o primeiro semestre de 2021 e o de 2019, período anterior a pandemia, houve uma redução na presença da população negra no mercado de trabalho do DF, passando de 69,9% da PEA para o patamar atual de 63,9%. O patamar das taxas de desemprego no período antes da pandemia, ou seja, 2019, demonstra com nitidez o diferencial vivenciado por negros e não negros no mercado de trabalho.

“A Pandemia covid afetou as economias e os mercados de trabalho regionais atingindo com mais contundência os segmentos mais vulneráveis da população, isto todos já sabemos. Porém, o que se percebe é que a superação deste período deixará marcas. A população negra ainda sofria com o desemprego alto no DF, no primeiro semestre de 2021, além disto, enfrentava maior dificuldade para uma recolocação, mesmo tendo experiência anterior de trabalho. O desemprego, ainda, atingia parcela substantiva dos responsáveis pela renda domiciliar e percentual importante dos jovens adultos. Estamos falando do “coração” da força de trabalho negra. Esta situação afeta a vida não apenas dos pretos e pardos , mas de todo o DF.”, explica a economista e Técnica do Dieese, Lúcia Garcia.

Quem são os desempregados negros?

Mulheres negras chefe de domicílio, representaram 18,6% das mulheres negras desempregadas, acima da proporção constatada no primeiro semestre de 2019 e menor que do mesmo período de 2020

A PED registrou uma persistente concentração dos desempregados negros em duas faixas etárias: jovens entre 18 e 24 anos, e adultos entre 30 e 39 anos. Os grupos juntos agregavam mais da metade dos desempregados negros nos primeiros seis meses de 2021 (51,5%), número inferior ao identificado no mesmo período em 2020.

Mulheres e homens negros entre 18 e 24 anos são o maior grupo dentre os desempregados, correspondendo a 31,9% e 34,0%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano.

Se tratando dos adultos entre 30 e 39 anos, o segundo maior segmento etário em desemprego regional, a proporção de mulheres nessa época foi de 20,0%, número superior ao de 2019 (19,6%), e a de homens 17,0%, sendo esse percentual 0,9 e 1,5 pontos percentuais menor que o os observados em iguais períodos de 2019 e 2020.

“O que observamos no mercado de trabalho é um reflexo da sociedade brasileira, um ponto de vista da questão racial, onde ele também é racializado, assim como nossa sociedade. Os negros representam o maior contingente entre os desempregados, recebem os menores rendimentos e possuem menos tempo de escolaridade e formação.”, afirmou Jean Lima, presidente da Companhia.

Na perspectiva de inserção por domicílio, em 2021, as pessoas que ocupavam as posições de filho e chefe de domicílio preponderam dentre os desempregados (71,3%). Desse percentual, 48,8% na condição de filhos e 22,5% na de chefes. Por sua vez, a parcela negra de desempregados que ocupava a posição de cônjuge e de demais membros em suas moradias correspondiam, respectivamente, a 16.6% e 12,1%.

A análise por cortes de sexo, mostrou que entre as mulheres negras desempregadas na Capital, na posição de filhas no domicílio de residência foi predominante, representando 44,1% (primeiro semestre de 2021), percentual 1,4 e 2,2 pontos percentuais maior que os observados no mesmo semestre dos dois anos anteriores. As mulheres negras na posição de cônjuge, correspondiam a 26,1%, grupo que teve redução gradativa quando comparado há anos anteriores (29,7% em 2019; e 28,8% em 2020).

Já mulheres negras chefe de domicílio, representaram 18,6% das mulheres negras desempregadas, acima da proporção constatada no primeiro semestre de 2019 e menor que do mesmo período de 2020.

“Entre os negros ainda há uma simetria entre gêneros, em que as mulheres exercem funções de baixa qualificação e em atividades informais. Apesar do avanço das políticas de ações afirmativas de acesso a renda nos últimos anos, que mitigaram um pouco essas desigualdades, é necessário que o estado garanta acesso e permanência da população negra, principalmente de baixa renda, a escolaridade e educação, a formação profissional, para que esses indicadores possam ser alterados, sem isso será difícil diminuir essa desigualdade no mercado de trabalho.”, finalizou o presidente.

* Com informações da Codeplan

Fonte: Agência Brasília

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