Referência no atendimento de pessoas com Covid-19 no Distrito Federal, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) fez, desde o início da pandemia, 166 partos em pacientes suspeitas ou confirmadas com doença, sendo dois deles de gemelares. A eficiência dos serviços mostrou ainda um baixo índice de mortalidade, com apenas três óbitos maternos e dois casos de bebês natimortos, ocorridos em agosto.
“A nossa taxa de mortalidade se mostrou baixíssima. Resultado de todos os protocolos de segurança que têm sido adotados no hospital para proteger tanto os pacientes como os profissionais das equipes”, avaliou o médico ginecologista e chefe da unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Hran, Marco Antônio Resende.
Uma das atendidas nesse período foi Daniela Batista, 40 anos. No sétimo mês da gravidez, ela descobriu que estava com Covid-19.
Precisou ficar um mês internada no Hran, estando intubada por oito dias. Apesar de ter tido alta em 27 de agosto, foi aconselhada a retornar ao hospital para ter sua filha, que nasceu com 39 semanas, no dia 24 de setembro.
“No início, quando comecei a ter os sintomas, fiquei com muito medo. Como fiquei muito grave e as minhas consultas de pré-natal foram no Hran, o médico recomendou que eu tivesse o bebê lá. Não tenho do que me queixar, porque a equipe cuidou muito bem de mim e foram muito atenciosos”, elogiou Daniela, cujo bebê ainda está em observação.
Ao todo, foram atendidas desde o início da pandemia 1.538 gestantes suspeitas e confirmadas no pronto-socorro da Ginecologia e Obstetrícia do Hospital da Asa Norte. Dessas, 389 foram internadas para tratamento clínico por pneumonia e ou trabalho de parto.
Cuidados
Os cuidados iniciam na chegada das pacientes, que são separadas entre aquelas que estão com suspeitas e as que já confirmaram a doença. Todas passam por tomografia para verificar a situação dos pulmões. Durante o tempo de internação das gestantes, são realizados exames que verificam a vitalidade fetal com mais frequência para evitar ou diagnosticar o sofrimento fetal, como a ecografia e a cardiotocografia.
Como era uma doença desconhecida no início da pandemia, não foi fácil se adaptar as mudanças, como lembra o chefe da unidade de Ginecologia e Obstetrícia do Hran.
“Houve mudanças grandes em relação a rotina de exames e atendimentos. Mais de 90% dos pacientes já fazem tomografia e exames laboratoriais. Após o resultado, são avaliados quanto a possibilidade de internação, com algumas adaptações para as gestantes, com relação a exames, medicamentos e tempo de tratamento”, informou o médico.
Mudanças
Foi criada, no Centro Obstétrico, uma sala com respirador e equipamentos para intubação das pacientes. Quando a paciente passa por esse procedimento ela é encaminhada para o box de emergência ou para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para receber os cuidados necessários, sendo encaminhada para a maternidade após melhora e alta dessas unidades.
No Hran existe, hoje, um grupo só para realizar o procedimento de intubação, que é acionado diante de qualquer intercorrência, com o atendimento sendo imediato.
Na maternidade as puérperas também se encontram separadas em suspeitas e confirmadas. Quando o exame apresenta resultado negativo, a paciente retorna para a Região de Saúde de origem.
As pacientes que tiveram resultado positivo continuam sendo atendidas no ambulatório específico e, à medida que elas vão evoluindo, voltam para as unidades básicas mais próximas.
“A qualidade do atendimento se mostrou muito boa. Além disso, nossa expectativa foi superada em relação ao engajamento da equipe e o nível do serviço, com o entrosamento maior entre os profissionais. Tudo isso trouxe resultados muito positivos”, ressaltou Marco Antônio Resende.
* Com informações da Secretaria de Saúde