A equipe de neurocirurgia do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) experimentou uma ferramenta, em outubro, que proporcionou resultados excepcionais em procedimentos de alta complexidade. O microscópio Kinevo, da marca Zeiss, esteve disponível por dez dias e foi essencial para a realização de 19 cirurgias neurológicas que exigiam alta precisão.
De acordo com Alexandre Ravaglia, chefe da neurocirurgia do hospital, o diferencial do microscópio está em sua tecnologia avançada. “Com esse aparelho, é possível visualizar o tecido tumoral de maneira diferenciada. Ele permite a aplicação de uma substância chamada fluoresceína, que destaca, no cérebro do paciente, as áreas afetadas pelo câncer”, explica o médico.
Em algumas regiões do cérebro, o tecido saudável se assemelha ao tumoral, e apenas com o uso do microscópio é possível distinguir um do outro. “Essa tecnologia traz mais segurança e eficácia às cirurgias, permitindo a remoção de tumores graves com menos risco de sequelas para o paciente”, complementa Ravaglia.
Guilherme Porfírio, superintendente do Hospital de Base, destacou a importância dessa inovação para cirurgias complexas. “Contar com um equipamento como esse de forma permanente seria um grande avanço. Talvez, com a ajuda de recursos de emendas parlamentares, esse sonho se torne realidade”, disse.
Tecnologia de ponta
Um dos casos bem-sucedidos em que o microscópio teve um papel decisivo foi o do paciente Vanderley Louzada. Há cerca de cinco meses, ele começou a sentir fortes enjoos. “Sempre que comia, vomitava. Procurei um médico, que solicitou exames por suspeitar de um tumor no cérebro. Fiz o exame no Hospital Regional de Santa Maria, e o diagnóstico confirmou a suspeita”, relata.
Diante do susto, Vanderley manteve a fé e buscou tratamento. Ele foi encaminhado ao HBDF, onde foi internado para a realização de exames complementares. Segundo Ravaglia, o caso do paciente era raro. “Ele apresentava um tumor na base do crânio, conhecido como ependimoma da região do ângulo ponto-cerebelar, uma área de difícil acesso localizada atrás do cerebelo. Graças à tecnologia do microscópio e ao uso da fluoresceína, conseguimos realizar a cirurgia com maior precisão”, conta o médico.
O tumor comprometia estruturas importantes, como o tronco cerebral, o nervo facial e os nervos responsáveis pela deglutição. “Com esse tipo de microscópio, foi possível diferenciar claramente o nervo, o tronco cerebral e o tumor, não apenas pela fluoresceína, mas também pela qualidade de profundidade de campo que o aparelho oferece”, ressalta Ravaglia.
A cirurgia removeu o tumor sem lesionar nervos cranianos, preservando as funções do nervo facial e da deglutição. “O risco de sequelas neurológicas era alto, mas Vanderley saiu da cirurgia sem nenhuma complicação”, comemora o neurocirurgião.
A combinação entre tecnologia de ponta e a expertise da equipe médica foi determinante para o sucesso do procedimento. “Esse tipo de investimento é muito vantajoso, considerando os benefícios que oferece à instituição e à comunidade do Distrito Federal”, reforça Ravaglia.
Atualmente, Vanderley está em casa, em recuperação, e faz acompanhamento com uma equipe multidisciplinar no ambulatório do hospital. “Costumo dizer que fui atendido no ‘Hotel de Base’. Agradeço a todos, desde a equipe de limpeza até os médicos. Fui tratado com muito carinho e dedicação”, conclui.
*Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)
Fonte: Agência Brasília