Nesta quinta-feira (6), a Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) recebeu a segunda edição do ano do Clube de Leitura Dandara dos Palmares, espaço de troca e aprendizado voltado para o público 60+ e demais leitores interessados em literatura e debate de ideias. Criado por um grupo de professoras aposentadas da Secretaria de Educação do DF, o clube surgiu em 2024 com o objetivo de fortalecer laços, estimular a leitura e valorizar a produção literária, tanto clássica quanto contemporânea.
Para a diretora da BNB, Marmenha Rosário, o papel do equipamento público é ser um espaço cultural de convívio da comunidade e também de educação contínua. “A gente vê que no Distrito Federal a população tem envelhecido e procurado atividades culturais de convívio e interação. Nós temos o maior interesse em desenvolver e ofertar essas atividades. É uma forma de expandir os nossos serviços para outros públicos”, observa.
Grupo começou se reunindo cada mês em um local, mas hoje tem a Biblioteca Nacional de Brasília como sede fixa | Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília
Coordenadora do clube do livro, Ana Magalhães conta que o grupo foi formado de forma espontânea. As mulheres se encontravam para realizar as leituras em lugares diferentes todos os meses, como no Parque da Cidade ou na casa de alguma integrante. Contudo, com as interferências climáticas e outros obstáculos, surgiu a necessidade de um espaço fixo.
“Fomos contemplados com a Biblioteca, que nos deu todo apoio e nos acatou com todo carinho. Tem muita gente nessa faixa etária que não sai de casa, não produz nada e corre riscos de desenvolver uma doença. Por isso queremos sair dessa dessa zona de conforto e ativar a mente sempre. As pessoas estão cansando um pouco do celular também e retornando à leitura nesse espaço. Aqui a gente sente a cultura pulsar de verdade”, ressalta.

Sonia Maria Hautsch Reimehr: “Eu valorizo muito essa interação social e essa troca de saberes”
Com encontros mensais e curadoria especial, o clube combate os impactos do envelhecimento, promovendo o exercício intelectual e o convívio social como formas de preservar a saúde mental. Frequentando o projeto pela primeira vez, a aposentada Sonia Maria Hautsch Reimehr, de 76 anos, diz já se sentir em casa: “Eu valorizo muito essa interação social e essa troca de saberes. Já percebi que tem várias professoras aposentadas feito eu, então cheguei hoje e já estou me sentindo muito bem”.
Literatura nacional
A programação do primeiro semestre de 2025 inclui debates sobre Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, e Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Neste encontro, os participantes discutiram a obra Aquilo que ninguém vê, de Andréia Viviana e Anna Claudia Ramos, além do escritor baiano Itamar Vieira Junior. A escolha das leituras reflete a diversidade e a profundidade dos temas abordados pelo clube, que prioriza a valorização das literaturas nacional e brasiliense.

A professora Rizê Moreira ressalta a presença de escritores brasileiros entre os selecionados para serem temas dos encontros
A professora aposentada Rizê Moreira, 55, se interessou pelo grupo de leitura para não perder o vínculo com os colegas de profissão: “A ideia é realmente valorizar os nossos escritores brasileiros, que são maravilhosos”.
Ela acrescenta que grande parte dos colegas aposentados tendem a ficar mais isolados com o avanço da idade, principalmente no período pós-pandemia, no qual percebeu muitos colegas entrando em depressão por estarem muito sozinhos em casa. “Achei esse projeto fantástico por resgatar esse hábito de leitura, que, por vezes, fica um pouquinho de lado, além das habilidades cognitivas e essa parte de socialização”, acentua.
Protagonismo feminino
O nome Dandara dos Palmares foi adotado como uma forma de reconhecer e homenagear a mulher negra brasileira que teve um papel fundamental na luta por liberdade e justiça, sendo escolhido para evidenciar o protagonismo feminino além dos grandes nomes masculinos que já são mencionados na história.
Para a professora aposentada Beatriz Alves, a reunião mensal traz o protagonismo feminino e influencia diretamente na autoestima: “É muito emocionante ter esse espaço maravilhoso e estar em envolvimento com a leitura, com as ideias que a gente pode ir além daqui e estar com os colegas”, detalha.
Fonte: Agência Brasília