InícioCEARÁSaúde de Todas as Cores: inclusão e representatividade como caminhos na gestão

Saúde de Todas as Cores: inclusão e representatividade como caminhos na gestão

Kelly Garcia – Ascom Sesa – Texto
Kelly Garcia – Sesa e Arquivo Pessoal – Fotos
Iza Machado – Sesa – Infografia

Em junho, celebra-se o Orgulho LGBTQIAPN+. Para marcar a data, a Saúde do Ceará irá lançar reportagens especiais com o tema “Saúde de Todas as Cores”. O objetivo é apresentar um pouco da contribuição de pessoas da comunidade na área da Saúde, assim como as iniciativas com foco na inclusão e na garantia de direitos dessas populações nas unidades da Rede Sesa.

Nesta primeira reportagem, destacamos o trabalho desenvolvido pela Célula de Atenção à Saúde das Comunidades Tradicionais e Populações Específicas (Cepop), ligada à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

A orientadora da Célula de Atenção à Saúde das Comunidades Tradicionais e Populações Específicas (Cepop) é a administradora hospitalar Valéria Mendonça, mulher lésbica e servidora da Sesa há 40 anos

Criada por decreto em julho de 2023, no novo organograma da Secretaria da Saúde, a Cepop atua diretamente na promoção de saúde das populações LGBTQIAPN+, assim como para os povos de quilombo, indígenas, de terreiro, pessoas em situação de rua, de superação de rua, privadas de liberdade, migrantes, população negra e outras comunidades tradicionais.

À frente da Cepop como orientadora da célula, está a administradora hospitalar Valéria Mendonça, mulher lésbica e servidora da Sesa há 40 anos. Administradora hospitalar por formação e especialista em Terceiro Setor, Valéria Mendonça trabalhou na gestão do Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), do Hospital Municipal de Aracoiaba, do Centro Regional Integrado de Oncologia (Crio) e atuou na Central de Transplantes da Sesa. Também faz parte da coordenação do Movimento Outubro Rosa no Estado há 15 anos.

A ativista Maria da Penha e Valéria Mendonça, que faz parte da coordenação do Movimento Outubro Rosa no Estado há 15 anos

Sobre o preconceito, a gestora destaca que seu posicionamento sempre a ajudou. “Eu nunca me incomodei com isso, porque sempre me contrapus. Meu jeito me blindou de alguma forma. Estou na coordenação do Movimento Outubro Rosa há 15 anos, que é formado, em sua maioria, por pessoas heteronormativas. No entanto, nunca precisei dizer nada sobre a minha orientação sexual e nem isso atrapalhou meu trabalho”, ressalta.

No entanto, ainda há um longo caminho para avançar na luta por equidade. “Na atualidade, as conquistas não se refletem em um mundo menos LGBTfóbico. Quando pensamos que avançamos, vemos casos de abandono parental e até de assassinato motivado pela orientação sexual”, disse ela.

Cepop

A Cepop atua na melhoria da inclusão da comunidade LGBTQIAPN+, e das demais comunidades que a célula representa, com equidade e diversidade, buscando ainda contribuir com a redução da discriminação. Para isso, espera contar com a forte atuação da comunidade. “Essa população, da qual faço parte como mulher lésbica, foi uma das primeiras com politica nacional estruturada. Isso se deve à luta de muitos que não chegaram a sobreviver para contar essa história. Então, compreendemos muito bem o papel dessa célula na saúde do Ceará”, afirma.

É objetivo do trabalho da Cepop, inclusive, garantir os direitos de acesso à saúde para as pessoas LGBTQIAPN+ dentro das próprias comunidades tradicionais, já que cada uma tem uma maneira específica de lidar, de acordo com a sua cultura. “Hoje, nós já vemos as pessoas expressando afeto nas ruas e também se assumindo para sua família de forma mais tranquila. No entanto, ainda existe muito preconceito. Precisamos vencer isso”, destaca.

Entre as ações já desenvolvidas pela célula para essas populações está a conquista de um assento no Conselho Estadual de Combate à Discriminação e a construção da Política Estadual de Saúde da População LGBTQIAPN+, em parceria com a Coordenadoria de Políticas da Gestão do Cuidado Integral à Saúde (Cogec), que está em tramitação.

Além das ações de equidade no cuidado para a população LGBTQIAPN+, previstas pela Cepop, estão em implementação ações na gestão do Trabalho e Educação na Saúde. Está em plena construção, via Coordenadoria de Políticas de Educação, Trabalho e Pesquisa (Coeps), o ‘Mapeamento da força de trabalho feminina do SUS Ceará’, entrega do recém aprovado projeto ´’Conhecer, Comunicar, Cuidar e Valorizar as trabalhadoras do SUS Ceará’.

O mapeamento busca identificar o perfil das trabalhadoras do SUS e dentre as diversas variáveis, também as identidades de gênero e orientação sexual para o enfrentamento das violências no âmbito do trabalho no SUS Ceará. “Consideramos que não somos meros recursos, somos o próprio SUS e, portanto, para cuidar de nosso povo precisamos ser protegidas, cuidadas e valorizadas considerando as interseccionalidades que nos constituem enquanto sujeitos sociais e coletivos”, diz a enfermeira sanitarista, Amanda Frota, assessora especial de Atenção Primária e Políticas de Saúde.

Como próximos passos, a Cepop espera implementar também um painel, para compreender melhor como a realidade se apresenta para essas populações, em parceria com a Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica e Prevenção em Saúde. De acordo com o assistente social Rodrigo Alves, que também atua na Cepop, a intenção é analisar esses dados e construir novas políticas que protejam essa comunidade. “As pessoas que são agredidas e são socorridas pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Então, queremos entender melhor esses dados, que passam pelo registro no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação)”, explica.

A Saúde do Ceará ainda dispõe do Serviço Ambulatorial Transdisciplinar para Pessoas Transgênero (Sertrans) do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), criado em 2017 como um serviço de atenção à saúde de nível secundário. O serviços será tema da nossa próxima reportagem especial.

Fonte: Governo do Estado do Ceará

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