Ainda criança, Antônio Fernando, de 52 anos, chegou a presenciar produtores venderem frutas in natura a preços muito abaixo do mercado para Caucaia. O beneficiamento feito no município vizinho multiplicava por dez o valor pago por cajás e mangas, que retornavam à Maracanaú e lhe causavam indignação. “Através do Projeto São José, lutamos para dar dignidade a essas pessoas, agregar valor ao nosso produto e também oferecer uma qualidade de vida melhor pra todo mundo”, acredita.
Hoje, o presidente da Associação Comunitária Menino Jesus de Praga coordena um grupo de 20 famílias beneficiadas pelo Governo do Ceará, e comercializa entre R$ 800 mil e R$ 1 milhão por ano: entre compras institucionais e mercado local. “Uma caixa de goiaba in natura é R$ 30. Ela beneficiada dá 25 kg de polpa, que custa R$ 125. Além disso, na safra da manga, ela é beneficiada e guardada para que o produtor possa continuar fornecendo ao mercado e mantenha a sua renda”, justifica o uso da câmara fria.
Além do equipamento capaz de armazenar entre 10 e 15 toneladas de polpa de fruta e de um túnel de congelamento com capacidade 500 kg em cinco horas, os beneficiários do projeto da Secretaria do Desenvolvimento Agrário receberam: tanque de lavagem de frutas, mesa para manuseio, despolpadeira, dosadora e seladora manual. Por fim, a lista de itens, representando um investimento de R$ 492.448,11, inclui ainda liquidificador industrial, triturador de frutas, caixas plásticas, jato de limpeza, caminhão refrigerado, dentre outros itens.
“O São José tem esse compromisso de valorizar o potencial do povo cearense e de estimular o empreendedorismo para que o homem e a mulher do meio rural possa produzir e comercializar aquilo que produz: agregando renda e construindo a cidadania pela inclusão social e econômica”, destaca Lafaete Almeida, coordenador do Projeto São José. “Não queremos produzir só polpa, queremos gerar sonhos e criar oportunidades para que o filho do agricultor participe também de cursos em nosso galpão”, encerra o presidente.