InícioCEARÁPalácio da Abolição celebra cinquentenário

Palácio da Abolição celebra cinquentenário


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No quadrilátero situado na Av. Barão de Studart, com as ruas Deputado Moreira da Rocha, Silva Paulet e Tenente Benévolo, está erguido um clássico da arquitetura modernista do Brasil em Fortaleza: o Palácio da Abolição. A sede do Governo do Ceará foi fundada em 4 de julho de 1970, mas sua história começou 10 anos antes. O então governador Parsifal Barroso encomendou o projeto de uma nova sede ao arquiteto carioca Sérgio Bernardes em 1960. Dois anos depois, o Governo desapropriou o terreno de Carlos Gracie, um dos mestres do jiu-jitsu brasileiro, e o equipamento teve sua pedra fundamental lançada em 16 de novembro de 1962. Contudo, suas obras iniciaram de forma física em 1965, com o então governador Virgílio Távora.

Seguindo um estilo modernista em concreto e aço, com varandas circundando todo o prédio principal, o projeto arquitetônico de Sérgio Bernardes (escritório Sérgio Bernardes Associados e Ronaldo Vertis, do Rio de Janeiro), jardins assinados por Fernando Chacel, e construção a cargo dos engenheiros José Alberto César Cabral e Rui Filgueiras Lima, o complexo é formado por quatro edifícios de uma área total de aproximadamente 4.000 m2:

1) O Palácio da Abolição propriamente dito, a residência do governador, implantado transversalmente à longitude do terreno e em área mais próxima ao mar;

2) O Gabinete de Despacho, perpendicular ao primeiro, e conectado a ele através de uma passarela, hoje área chamada de anexo;

3) A Capela, na esquina nordeste do terreno;

4) O Monumento e Mausoléu do Presidente Castelo Branco, disposto em balanço sobre uma praça escavada que ocupa quase um quarto do terreno.

O Monumento e Mausoléu do Presidente Castelo Branco foi inaugurado em 18 de julho de 1972, quando chegam a Fortaleza os restos mortais do general Humberto de Alencar Castelo Branco e de sua esposa, Argentina Viana Castelo Branco, trazidos no contra-torpedeiro Santa Catarina, comandado pelo capitão Paulo Castelo Branco, filho do casal.

Governadores residentes

Inaugurado durante a gestão do governo Plácido Castelo, em 1970, fez-se a transferência da sede do Poder Executivo do Estado do Ceará, do Palácio da Luz, situado no Centro, para o Palácio da Abolição, configurando assim a linha da história dos governos residentes:

Ao assumir o governo em 1987, Tasso Jereissati transferiu a sede para o Centro Administrativo do Estado, em um complexo que abrigava as várias secretarias estaduais. Entre 2009 e 2010 foi reformado, pelo então governador Cid Gomes, reinaugurado em 25 de março de 2011, e o local foi reconduzido como Residência Oficial e sede do Governo do Ceará.

Projeto

Tido como um projeto típico da terceira geração do Movimento Moderno, o autor da planta procura tirar vantagem de sua posição e localização sobreposta em altiplano, ou no topo da descida para a praia/Beira-Mar com uma visão privilegiada. Constituída em pavilhões, a edificação é acompanhada por varandas ao longo das duas fachadas de maior dimensão.

A estrutural principal foi concebido com a utilização de tubos Mannesmann, de aço especial sem costura, compondo pilares e vigas modulados, visualmente uma alusão às estruturas de carnaúba localmente utilizadas. Nos materiais de acabamento, ganharam destaque a Peroba, o mármore Cinza Biré e pedras do Piauí e da Paraíba.

Palácio

Considerado uma obra de arte da arquitetura moderna, o complexo não tem muros ao seu redor. O terreno é protegido por um fosso profundo, largo e contínuo que delimita a área oficial.

A porta principal do edifício do Palácio em si, tem trabalho executado em madeira talhada, e dá acesso a amplo hall com pé-direito duplo, que se abre para o jardim, situado na face norte do terreno. O bloco abriga a área dos despachos oficiais no pavimento superior, um auditório multiuso no subsolo. Todo o revestimento do piso é em mármore cinza, à exceção da área residencial, que tem tábua corrida.

O edifício do Palácio foi pensado tendo como elementos dominantes pórticos estruturais composto de duplos tubos de aço pintados de preto, dispostos em série e distribuídos paralelamente no sentido longitudinal dos blocos, esses elementos funcionam como estilo arquitetônico e também atuam como suporte para as paredes de alvenaria. Por dentro pórticos avançam para fora, criando beiras e formando varandas nas fachadas norte e sul nos dois pavimentos. No piso superior, as varandas são cobertas com madeiras em forma de bancos. Fachadas de panos de vidro temperado fazem os fechamentos do edifício. No espaço leste e oeste as fachadas são cegas, revestidas de cerâmica.

Anexo

O bloco anexo, que abrigava atividades, administrativas de apoio ao Governo, está implantado de forma transversal ao bloco do Palácio, e segue o mesmo sistema construtivo, porém sem as varandas. O acesso principal é feito entre dois pórticos, em piso mais elevado, que posteriormente se transformou numa passarela semi-fechada. No edifício também se situam os setores da Casa Civil, além do refeitório e a caixa d’água que abastece todo o complexo.

Capela

Localizada na parte mais baixa do terreno, a Capela fica na ponta nordeste do conjunto. De proposta arquitetônica também moderna, se faz em forma de ¼ de pirâmide. Se destacando uma cruz na parte superior do teto, a construção é visível apenas a coberta, incluindo aí boa parte de sua estrutura encravada no subsolo. Dois lances de escada convergem para o acesso único do templo, onde se encontra o pilar que dá suporte à coberta.

A curiosidade geométrica é que cada plano da coberta é inclinado, formando triângulos com as hipotenusas apoiadas na viga/calha. Duas paredes com terminação triangular se destacam por trás do altar, apresentando relevos decorativos, com pequenas aberturas. No encontro dessas paredes, há uma estreita faixa com vidros azulados dispostos verticalmente. A planta tem forma de quadrado bem definido, onde acontecem os cultos, e as demais paredes são retangulares e sem adornos. O piso da capela é todo em mármore, à exceção da área do batistério, em tábua corrida.

Mausoléu

Erguido no sul do térreo, o Mausoléu Castelo Branco foi inaugurado pouco mais de dois anos pós inauguração oficial do Palácio da Abolição, no dia 18 de julho de 1972. Configurado como uma homenagem ao ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, é também o local que abriga seus restos mortais (além da sua esposa).

Visivelmente é uma obra de grande arrojada, de design arquitetônico insinuante, com o monumento em forma de um prisma alongado. Sua estrutura de concreto protegido, destaca-se pelo grande balanço suspenso de 30 metros, que se projeta sobre o espelho d’água. Há também uma praça pavimentada com peças de madeira rústica aplicada na composição de escadas, circundada por taludes gramados.

Ponto alto do local, a câmara funerária foi situada na extremidade final do balanço, após as galerias que trazem a exposição de documentos e objetos pessoais do ex-presidente, praticamente uma aula de história situada ao longo do edifício, ambos os lados.

Jardins

Idealizado por Fernando Chacel, o jardim é composto por um conjunto vasto de espécimes da flora nativa, além de dispor de um riacho artificial, com água corrente bombeada, que cumpre a função de barreira física no fosso que circula a obra. Com uma extensa área de jardim e vegetação densa de espécies nativas, ao que consta do seu criador, inspirado nos trabalhos paisagísticos de Burle Marx.

Anualmente a Medalha da Abolição, honraria entregue aos cearenses e instituições que se destacam e são reconhecidos pelo Governo do Estado.

Tombamento e reforma

Em 17 de maio de 2004, a edificação é tombada pelo Estado, em processo que foi apresentado ao Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. Com isso o conjunto do Palácio da Abolição foi parcialmente recuperado pelo Governo do Estado com o objetivo de voltar a ser utilizado como local para recepções oficiais e Centro Cultural. Até 2008 o local acolheu a Secretaria de Cultura, o Conselho Estadual de Políticas e Gestão do Meio Ambiente (Conpam) e a pasta de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). Entre 2008 e 2010, o Palácio da Abolição é reinaugurado em 25 de março de 2011, com o então governador Cid Gomes.

DAE

O projeto original foi reabilitado e restaurado para ser novamente a sede do executivo cearense. Coube ao Departamento de Arquitetura e Engenharia do Estado do Ceará (DAE) o retrofit, ou o processo de modernização do equipamento, do conjunto com o objetivo de preservação de seu projeto histórico por ser um bem protegido pela legislação do Patrimônio Estadual.

A equipe técnica do DAE atualizou a planta original para a nova demanda de governo preservando o seu imensurável valor arquitetônico. Todo o aspecto externo da obra foi rigorosamente preservado, incluindo os basculantes de vidro e ferro, como também os elementos de madeira que enriquecem toda a volumetria dos prédios. As únicas inserções que não estavam contempladas no projeto original e incluídas pelo DAE foram os projetos de duas portarias de controle, e um novo abrigo para a passarela, em treliça de madeira com pequenos fechamentos em acrílico formando uma renda, peça bastante conhecida do artesanato cearense.

Fonte: Governo CE

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