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No compasso do Chorinho do EVG, uma menina compõe sua história de talento, amizades e aprendizados

Rafaela Leite – Ascom SPS – Texto e Infografia
Beatriz Souza – SPS – Fotos

Beneficiária no Espaço Viva Gente, Júlia Coelho conta sua descoberta do estilo musical, os aprendizados no equipamento e a decisão de seguir na música

A música é território de vivências: transporta, promove encontros, desperta sentimentos e memórias. No Espaço Viva Gente (EVG), ela é também lugar de aprendizados, amizades e sonhos, que crescem junto com pessoas e projetos. Entre eles está o Choromingando, grupo musical que forma não apenas músicos do choro, mas cidadãos conscientes de seus direitos e possibilidades.

Aos 18 anos, Júlia Coelho conta que foi ali, entre cadeiras organizadas em meia lua, que conheceu não só o gênero musical, mas pessoas que traz consigo e leva para a vida. Foi onde cresceu como musicista, ganhou referências e motivação para visualizar seu caminho profissional. “Aqui foi o primeiro lugar que eu fiz amigos, justamente por conta da música. Eu consegui me enturmar mais, e não só com os alunos, com o projeto todo, principalmente com os professores”, afirma.

Beneficiária do Espaço Viva Gente, na comunidade do Passaré, desde os 13 anos de idade, Júlia explica que o local se tornou sua segunda casa, ocupando a maior parte dos dias. Cercada pelos integrantes do equipamento, ela afirma se sentir em família. “Minhas inspirações não são tanto de cantores, de musicistas famosos. São meus professores”, pondera.

Durante seu percurso no EVG, Júlia estudou técnica vocal, percussão e violão. Hoje ela integra o grupo Choromingando. Criado por volta dos anos 2000, o grupo musical conta com até oito integrantes, que apresentam clássicos do estilo musical e da MPB ao som do violão, cavaco, bandolim, tantan, pandeiro, voz e ganzá.

Até o ano passado, ela era a única integrante feminina do grupo. “Ter mulheres ocupando esse lugar de protagonismo é muito bom, porque a maior parte é homem. Hoje continuam sendo muito poucas mulheres, no choro, na música. No curso de música da Uece, por exemplo, são pouquíssimas mulheres. A maior parte são homens, professores e alunos. É importante ter mulheres nesse espaço porque quebra um paradigma, um paradigma bem extenso”, completa.

Ela conta que a decisão de seguir na área da música foi incentivada pelos professores que lhe motivaram a se inscrever para o projeto Cultivando Talentos, do Conservatório de Música Alberto Nepomuceno. “Eu terminei o curso, disse pra mim mesma ‘quero continuar’, vou tentar’”. A entrada na faculdade de Música da Universidade Estadual do Ceará (Uece) se deu em 2023.

Hoje sua rotina diária se dá em três pontos de Fortaleza. Na triangulação da Barra, onde agora mora, do Itaperi, onde cursa música, e do Passaré, onde segue indo semanalmente para as atividades do EVG. “Hoje, a faculdade é minha primeira casa. O EVG é minha segunda casa e minha casa é meu lugar de visita. Os instrutores ficam zuando comigo, dizendo ‘você está na faculdade, fazendo um monte de coisa, e continua vindo para cá? Se deslocando lá de não sei aonde’. E eu ‘é claro!’. Eu prefiro ficar aqui, no EVG, mas tem a Uece pra ir, então eu vou pra Uece. Depois eu venho pra cá. Isso é que é gostar do projeto. Faz bem esse projeto, muito bem”, pondera.

Júlia se considera uma pessoa focada no agora, mas para o futuro, entre outros planos, está o projeto de ensinar. “Tocar na noite é complicado, mas por mim, eu ficaria aqui, ensinando por aqui”, relata. Com sorriso fácil, ela passeia pelo espaço arborizado do EVG. Fala com todos e tira brincadeiras por onde passa. “Tocar dá um bem estar tão grande. Eu fico pensando, é uma coisa que eu sei fazer, e se eu estivesse fazendo outra coisa, acho que não daria certo. Porque é algo que eu realmente gosto”.

Espaço Viva Gente

Gerido pela Secretaria da Proteção Social (SPS), o Espaço Viva Gente é lugar de encontros, atividades socioeducativas e iniciação profissional, desenvolvendo talentos e potencialidades em um trabalho integrado com as famílias e a comunidade. O equipamento atende 314 mulheres, dentre crianças, adolescentes, adultas e idosas. Entre as atividades oferecidas estão treino funcional, vôlei, futebol feminino, cursos de artes, música, jardinagem e plantas medicinais, e capacitação profissional.

Fonte: Governo do Estado do Ceará

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