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Humanização do ensino é grande marca do Projeto Diretor de Turma em 12 anos de existência


Em comemoração aos 12 anos de implementação do Projeto Professor Diretor de Turma (PPDT) na rede pública estadual cearense, a Secretaria da Educação (Seduc) realiza uma série de debates a respeito do tema ao longo desta semana. Nesta terça (6), a webinar “PPDT: 12 anos de contribuições para a educação cearense” abordou os caminhos percorridos pela iniciativa, desde 2008 até os dias de hoje. Sendo a iniciativa pedagógica de maior capilaridade na rede, o Diretor de Turma atualmente está presente em 643 escolas estaduais, abrangendo um universo de mais de 245 mil alunos. Ao todo, 5.769 professores atuam nesta função.

Em 2007, o Ceará contava com uma taxa de abandono de 16,4% e as escolas registravam 8,9% de reprovação. Ao longo dos últimos 12 anos, esses números reduziram exponencialmente, chegando em 2019 ao menor percentual de toda a história: 3,8% de abandono e 3,9% de reprovação. O Diretor de Turma é apontado como um dos principais responsáveis pela transformação destes indicadores.

O encontro virtual contou com a participação da vice-governadora Izolda Cela, que era secretária da Educação à época da implantação do Projeto, e da professora Haidé Eunice Leite, ex-consultora do PPDT, que trouxe a referência de Portugal para auxiliar na introdução da ideia no Ceará. O secretário executivo do Ensino Médio e Profissional, Rogers Mendes, foi o mediador da conversa.

Também participaram a professora Ana Kelvia Farias, que é diretora de turma na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Júlio França, em Bela Cruz, e a aluna Maria Naely Almeida, presidente do Grêmio estudantil da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Prudêncio de Pinho, em Poranga.

Izolda Cela avalia que o Projeto cria ambiência favorável e fértil na escola para a aprendizagem. “O PPDT promove uma dinâmica muito bacana entre os professores e o núcleo gestor. Reforça a relação de professor e aluno. São muitos corações e mentes empenhados e comprometidos com o projeto, promovendo a transformação que consideramos mais importante: fazer da escola um gerador de aprendizagem e de desenvolvimento integral das pessoas”, comenta.

A vice-governadora lembra que o Projeto foi proposto pela professora Maria Luiza Chaves, ex-secretária da Educação. “Ela tinha muito senso de realidade com relação ao que é necessário à escola. Era muito inteligente e proativa. Chegou com uma certeza grande de que era uma coisa boa e necessária. De fato, acompanhar pessoalmente os alunos, aproximando-se de um a um, é muito importante para ajudar o jovem a se organizar bem”, pontua.

Resultado

Ana Kelvia Farias, professora de Química na EEEP Júlio França, em Bela Cruz, conta que iniciou a carreira docente na rede pública em 2008 e imediatamente assumiu a função de diretora de turma.

“Para mim, são 12 anos que passaram muito rápido. Tudo o que eu pude construir de trabalho é também resultado do PPDT. Vejo importância imensurável nesse projeto. O professor fica perto da turma, dando atenção para o que o aluno traz de sua história, tendo um olhar minucioso sobre cada um, a ponto de perceber quando alguém está diferente. Existe um vínculo afetivo com os meninos e com as famílias. Há muita aceitação dos pais com relação ao projeto. Quando temos o olhar diferenciado para com os alunos, conseguimos ver um lado humano muito evidente”, ressalta.

Gestão emocional

Haidé Eunice reforça a importância de se trabalhar com as emoções dos estudantes. “Cada ser é inigualável, irrepetível e único. É preciso desmassificar a turma para chegar mais a cada um, motivando-o e cativando-o. Assim, automaticamente, estou a humanizar o ensino e a trabalhar de maneira que ele goste de estar na escola. E então, passamos a ser uma família. É claro que a parte cognitiva é muito importante também, mas ela entra de uma forma muito mais fácil quando temos os alunos do nosso lado. Nada é imposto”, frisa.

Haidé defende a necessidade do desenvolvimento do carinho e do afeto para que o processo de ensino e aprendizagem ocorra de forma mais plena. “Eu só amo aquilo que conheço. Então, tenho que conhecer, para depois amar, e então ensinar. Começamos no Ceará com 25 escolas. Foi um trabalho que gostei muito, sobretudo, porque foi ombro a ombro. Sinto-me muito feliz por saber que os resultados estão sendo tão positivos. Estamos criando jovens para uma sociedade nova, que tem valores. A gestão das emoções nos levará à resolução de situações”, pondera.

Rogers Mendes enfatiza que o PPDT tornou-se uma das principais políticas para o fortalecimento do processo de acolhimento e de personalização do ensino nas escolas. “O Projeto contribui para o sucesso e a formação integral dos estudantes, ao buscar qualificar as relações interpessoais, com vistas à melhoria do convívio escolar e comunitário. O Diretor de Turma propõe que o professor, independentemente da área de conhecimento que leciona, responsabilize-se por uma determinada turma, cabendo-lhe conhecer os estudantes individualmente, para atendê-los em suas necessidades, além de trabalhar aspectos como a formação cidadã e o desenvolvimento de competências socioemocionais”, destaca.

Mudança

A estudante Naely Almeida, presidente do Grêmio Estudantil da EEMTI Prudêncio de Pinho, em Poranga, recorda que se sentiu mais inserida na escola e, também, passou a reconhecer melhor os próprios sentimentos, quando chegou ao Ensino Médio e passou a ser acompanhada por um diretor de turma.

“Esse Projeto muda a vida da gente. Entendo-o como um exercício de empatia, pois o professor se coloca no lugar de outras pessoas, com quem antes nunca teve contato, investigando como a pessoa está e conhecendo-a, procurando formas de ajudar. Existem alunos de várias personalidades. O diretor de turma não é um professor comum, porque lida com sentimentos. Aprendemos a ser mais resilientes, a sair mais fortes das situações. É muito gratificante”, salienta.

Fonte: Governo CE

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