Ascom Secult – Texto
Hiane Braun, Estácio Jr. e Guilherme Silva – Fotos
Evento reforçou a importância do audiovisual cearense e contou com a presença do cineasta Rosemberg Cariry
Uma tarde emocionante para o audiovisual cearense. O Governo do Ceará homenageou, nesta sexta-feira (22), o produtor e diretor de fotografia Luiz Carlos Barreto pelos 60 anos de serviços prestados ao audiovisual brasileiro com a produtora L.C. Barreto. Além da importante homenagem, o governo anunciou também a criação de um Grupo de Trabalho para começar o diálogo sobre a implantação do Ceará Filmes – Programa Estadual de Desenvolvimento do Audiovisual e da Arte e Cultura Digital.
O governador do Ceará, Elmano de Freitas, reforçou a importância do trabalho de Luiz Carlos Barreto. “O povo cearense tem muito orgulho de tudo que Luiz Carlos Barreto fez, como profissional, pelo Ceará, pelo Nordeste, pelo Brasil e eu diria até pela humanidade, porque esse sentimento e essa sensibilidade que ele carrega florescem. Sua obra e sua vida semeiam solidariedade, justiça, liberdade e amor, além do sonho que tenhamos realmente um país soberano, com um povo que tenha uma vida da maneira justa que deve ser”, ressaltou o governador.
Luiz Carlos Barreto, nascido em 1928, em Sobral, iniciou carreira como jornalista profissional, repórter e fotógrafo da revista O Cruzeiro. Posteriormente, revolucionou a estética do cinema nacional, sendo autor das concepções fotográficas de obras como “Vidas Secas” e “Terra em Transe”.
Aos 95 anos e com muito bom humor, o homenageado brinca sobre o legado deixado por sua produtora. “Eu ainda tenho muitas dúvidas a respeito da vida que eu vivi. Será que é verdade tudo isso que atribuem a mim ou estão querendo confortar um velhinho? Quando descrevem a lista de coisas, eu me sinto cansado, me dá um cansaço retroativo que eu não tive na época”, graceja. “Se tudo isso aconteceu verdadeiramente, eu só devo atribuir a uma coisa: ao meu espírito cearense, sobralense e nordestino. Nós somos, antes de tudo, sobreviventes dessa desigualdade social que até hoje reina no Brasil”, complementa Barreto.
Com mais de 150 filmes, todos marcados por uma forte identidade cultural e social, a L.C. Barreto conquistou o público e a crítica, levando o cinema brasileiro para o cenário internacional.
A secretária da Cultura do Ceará, Luisa Cela, reforçou a importância do homenageado para o audiovisual cearense. “Este ano, o cinema cearense celebra 100 anos, o Cineteatro São Luiz celebra 66 anos e o Museu da Imagem e do Som celebra dois anos da reabertura. Para esse momento, era muito importante trazer Luiz Carlos Barreto para ser homenageado por essa trajetória de 60 anos de construção, de luta e de desbravamento na área do audiovisual. Para que todos e todas nós pudéssemos estar aqui, hoje, no local onde o cinema cearense se encontra, tem muito dessa caminhada, daquilo que foi e continua sendo construído e produzido para o Ceará, para o Brasil e para o mundo”, enfatiza Luisa.
A cerimônia iniciou com um minuto de silêncio em homenagem ao ícone do teatro cearense, Oswald Barroso, que faleceu nesta sexta-feira (22).
Estiveram presentes a vice-governadora do Ceará, Jade Romero, o secretário executivo da Cultura do Ceará, Rafael Felismino, e a secretária executiva de planejamento e gestão interna da Cultura, Gecíola Fonseca, o cineasta Rosemberg Cariry, além de gestores de diversos equipamentos da Rede Pública de Equipamentos Culturais do Ceará (Rece).
Ceará Filmes
Além de homenagear esse grande nome do audiovisual cearense, o governador também anunciou boas novas para o setor do audiovisual. O chefe do executivo explicou que vai dar início aos diálogos para a implementação do Ceará Filmes – Programa Estadual de Desenvolvimento do Audiovisual e da Arte e Cultura Digital – com a criação de um Grupo de Trabalho sobre o tema.
A coordenadora de Cinema e Audiovisual da Secult Ceará, Camila Vieira, fala um pouco sobre a novidade. “O projeto Ceará Filmes é uma iniciativa muito importante para o apoio às obras audiovisuais e ao envolvimento do setor audiovisual como um todo, para o fortalecimento dessa cadeia produtiva do audiovisual cearense”, explica.
O programa é uma ação da política pública de cultura para o fortalecimento dos arranjos criativos e produtivos do setor, como meio de desenvolvimento econômico e da produção audiovisual do Ceará, na cena nacional e internacional. Com a criação do Grupo de Trabalho, começam a ser analisados os melhores caminhos para a implementação do programa.
Conversa de audiovisual
Ainda nesta sexta-feira (22), às 18h, após a homenagem, Luiz Carlos Barreto também esteve no Museu da Imagem e do Som do Ceará para uma fala aberta ao público, com mediação do cineasta Rosemberg Cariry. Com bom humor, os dois contaram histórias e relembraram memórias em uma boa conversa na sala imersiva do equipamento.
100 anos do Cinema Cearense
Em 2024, o estado do Ceará comemora 100 anos desde a exibição do primeiro filme creditado a um cearense, Adhemar Bezerra de Albuquerque. A exibição ocorreu em 15 de outubro de 1924, no extinto Cine Moderno, em Fortaleza. O dia 15 de outubro foi instituído como o Dia do Audiovisual Cearense, conforme a Lei Nº 14.166, de autoria do então deputado estadual Artur Bruno.
Adhemar Bezerra de Albuquerque, fundador da ABA Film, marcou o início de uma rica tradição cinematográfica no estado com o seu filme “Temporada de futebol maranhense no Ceará”. Seu legado permanece vivo até os dias de hoje, influenciando gerações de cineastas e profissionais do audiovisual.
Fonte: Governo do Estado do Ceará
