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Da sala de aula a terapias com animais: projetos educacionais e ocupacionais da SSPDS contribuem para inclusão de pessoas com síndrome de Down

Karla Lacerda – Ascom SSPDS – Texto
Cícero Oliveira – SSPDS e Paulo Victor Cavalcanti – CBMCE – Fotos

“Puro amor”. É assim que Marcelo Carneiro de Freitas se refere à sua filha Ana Luiza, de 11 anos. Ela, uma criança com síndrome de Down, é uma das praticantes do projeto “Equoterapia” da Polícia Militar do Ceará (PMCE). O projeto faz parte de uma das iniciativas disponibilizadas pelas unidades especializadas da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), voltadas para a inclusão desse público. As ações são realizadas sempre de forma humanizada e acessível. Neste dia 21 de março, data que é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down, a SSPDS apresenta os projetos educacionais e ocupacionais das Forças de Segurança, além de uma delegacia especializada para a investigação de denúncias que tenham como vítimas pessoas com deficiência.

A síndrome de Down é uma condição genética ocasionada pela presença de um cromossomo extra. A data escolhida representa a trissomia do 21º cromossomo e também destaca a importância de informar e conscientizar a sociedade para que haja mais políticas públicas de inclusão, garantia de direitos sociais e respeito a essas pessoas com o intuito de celebrar a diversidade da vida. Um dos programas fornecidos pela SSPDS funciona no bairro Cambeba, em Fortaleza, há quase três décadas. O Centro de Equoterapia do Regimento de Polícia Montada Cel Moura Brasil (RPMont) da Polícia Militar do Ceará (PMCE) tem se destacado por oferecer um método terapêutico e humanizado utilizando cavalos como importante ferramenta no desenvolvimento biopsicossocial de crianças com síndrome de Down e pessoas com deficiência. O sargento da PMCE e mediador da equoterapia, Flávio Andrade, falou sobre a utilização dos animais e a evolução dos praticantes ao ingressarem no projeto.

“O cavalo com seu movimento tridimensional vai beneficiar o fortalecimento do tônus muscular dessas crianças, beneficiando de uma forma a conseguir um ganho motor mais satisfatório. Verificamos sempre os benefícios e ganhos, tanto motores como cognitivos. Particularmente, para nós que atuamos no projeto, é gratificante e enriquecedor ver o relato dos pais sobre a melhora no comportamento das crianças em casa e no seu desenvolvimento”, frisou ele.

O atendimento, que já beneficiou mais de 400 pessoas, é realizado de segunda a sexta, sempre no período da manhã, com foco no atendimento para crianças de dois a 12 anos com diversos diagnósticos como Transtorno do Espectro Autista (TEA), síndrome de Down, paralisia cerebral, entre outros. Marcelo Freitas, pai da Ana Júlia, agradeceu a oportunidade da filha fazer parte do projeto.

“Estamos no projeto há um ano e meio e como pai, eu só tenho a agradecer. Não tem coisa melhor do que ver os nossos filhos se desenvolvendo, ver a felicidade que ela fica quando vem pra cá. Até a voz melhorou, a didática, a expressão, porque vemos que ela gosta de estar aqui”. Marcelo Carneiro também destacou a importância da utilização dos cavalos para o desenvolvimento da filha. “Ela tem melhorado muito em termos de postura e comportamento. Tem sido um ganho muito bom e as pessoas têm visto o quanto ela tem melhorado devido às terapias”, concluiu.

Para participar, os pais ou responsáveis pelas crianças devem realizar a inscrição na sede do regimento, que fica na Av. Washington Soares, 7250, no bairro Cambeba, ou procurar as redes sociais do projeto. Além disso, as crianças passam por uma avaliação, que é realizada pela equipe multidisciplinar do Centro de Equoterapia.

Projeto CãoTerapia

A companhia de animais segue sendo benéfica para a saúde e bem-estar dos seres humanos. No Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), os cães do projeto “CãoTerapia” atuam em atendimentos educacionais e tratamentos terapêuticos.

O tenente-coronel Girão, comandante do Centro de Treinamento e Desenvolvimento Humano (CTDH) do CBMCE, falou sobre o projeto. “O diferencial dessa terapia é o uso dos cães, quando os animais socializam com as pessoas com deficiência. Nesse processo, conseguimos perceber que, por meio de atividades lúdicas, há uma melhora no equilíbrio, fala, expressão dos sentimentos, no próprio desenvolvimento da imaginação e um pouco do desenvolvimento dessas pessoas. Isso envolve tanto os filhos, como os pais e toda a comunidade que se envolve com os cães”, disse ele.

O projeto realiza visitas a escolas, faculdades, hospitais e instituições sociais que atendam crianças e adolescentes com Síndrome de Down ou com deficiência, como é o caso da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), que fica localizado no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, e recebe uma vez por mês a visita dos cães do CBMCE.

A coordenadora pedagógica da APAE, Veronica Milhome, falou sobre a parceria com o Corpo de Bombeiros. “Quando os meninos começaram a participar do projeto, eu notei que eles ficaram mais sociáveis, eles ficaram mais em grupo, eles passaram a tirar o receio de tocar aquele animal e o animal passou confiança para eles. E a gente sabe que é fundamental eles terem confiança neles e confiança no outro. E, assim, eles começam a interagir tanto com o cão, quanto com quem está ao seu lado, tanto os meninos dos Corpo de Bombeiros, como a Secretaria da Segurança que está sempre aqui, nos dando uma força, sendo parceira. Essas parcerias são de fundamental importância porque vemos que a pessoa também acredita no potencial deles. O que falta é a sociedade também ver e acreditar, porque a nossa felicidade é ver cada dia mais as nossas crianças e jovens circulando pela sociedade e mostrando a sua capacidade”, disse ela.

Dentro da sala de aula

Outro projeto do CBMCE também atua, há quase 12 anos, para que pessoas com síndrome de Down e com deficiência tenham autonomia no seu dia a dia. O Atendimento Educacional Especializado, o “AEE”, atende mais de 320 crianças e jovens com deficiência e também recebe a visita dos cães do Corpo de Bombeiros. A iniciativa, também chamada de Intervenção Assistida por Animais (IAA), é acompanhada por professores e utiliza o animal como mediador e facilitador no desenvolvimento dos pacientes atendidos.

Os animais são adestrados, passam por diversos treinamentos, e possuem um comportamento adequado para a interação com esse público. Além disso, o Corpo de Bombeiros mantém um rigoroso protocolo sanitário e de higienização, sempre antes de qualquer contato.

O comandante da 1º Companhia de Busca com Cães (CBCães), capitão Eliomar Alves, destacou que o projeto é uma grande ferramenta para o desenvolvimento dessas pessoas. “É uma ferramenta de bem-estar e de boas experiências que conseguimos trazer. Paralelamente, fazemos um trabalho formal que é a terapia assistida com cães, fazendo com que esse animal seja um motivador. Atualmente, trabalhamos com 10 cães treinados para isso, que são dóceis e não irão ocasionar nenhum tipo de acidente, pois aceitam essa interação”, frisou ele.

Os atendimentos do AEE acontecem de segunda a quinta-feira, na sede do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros Escritora Rachel de Queiroz (CMCB), localizado no bairro Jacarecanga, em Fortaleza. As crianças e os jovens são atendidos individualmente por cerca de 40 minutos pelas educadoras com formação em psicopedagogia. Ao todo, 15 educadores trabalham no AEE realizando trabalhos de estimulação voltados para inclusão social.

Investigação

No âmbito da Polícia Judiciária, a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) conta com o trabalho da Delegacia de Proteção ao Idoso e à Pessoa com Deficiência (DPIPD), do Departamento de Proteção ao Grupos Vulneráveis (DPGV), que investiga denúncias que tenham como vítimas os dois públicos vulneráveis.

A delegada titular da DPIPD, Rena Gomes, explicou como é realizado o trabalho na unidade especializada. “Trabalhamos na apuração de crimes e, também, em consonância e parceria com toda a rede de proteção às pessoas com deficiência. No sentido que esse trabalho seja multidisciplinar e ocorra uma intervenção macro. A PCCE faz o seu papel de responsabilização do agressor, de cessar a violação daqueles direitos, mas também trabalha em conjunto com outras instituições, para que seja feito uma intervenção mais ampla, e que realmente se modifique a situação de violência, violação e negativas de direitos”, disse ela.

Para o relato de crimes contra pessoas com deficiência, a população pode fazer denúncias via Disque 100, que é o canal de denúncias dos Direitos Humanos. As pessoas também podem denunciar diretamente à delegacia especializada pelo telefone (85) 3101-2496 ou pelo e-mail [email protected]. O sigilo e o anonimato são garantidos.

A delegada reforçou a importância do registro de ocorrências contra esse público. “Cada vez mais reforço a importância da denúncia. É importante que as pessoas realmente denunciem. Que as pessoas entendam dessa importância, de que essas violações cheguem ao conhecimento dos órgãos públicos, principalmente, da delegacia, para que a gente possa fazer a intervenção correta e garantir direitos de cidadania e direitos fundamentais dessas vítimas que são vulneráveis, no meu ponto de vista, são hipervulneráveis. Quero dizer ainda que, hoje, a Polícia Civil, por meio da DPIPD, está preparada para fazer intervenção em qualquer situação de violação”, concluiu ela.

Fonte: Governo do Estado do Ceará

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