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Com encontros e rodas de conversa, SPS fortalece rede de apoio de pais e mães de crianças atípicas

Sheyla Castelo Branco – Ascom SPS – Texto
Arquivo Pessoal – Foto

“O diagnóstico dos meus filhos não foi um luto para mim, nem nunca será”, conta Jamima Macêdo, que é mãe de três crianças autistas: Isabelle Agata, 14 anos, Isaac Henrique, 7 anos, e Ícaro Noah, 3 anos. Recentemente, Jamima também foi diagnosticada com autismo leve e o seu maior desafio tem sido a inclusão. Ela tem uma rotina puxada. Entre idas e vindas das terapias, consultas médicas e escola, Jemima ainda arranja tempo para levar seus pequenos para as atividades no ABC Palmeiras, equipamento da Secretaria da Proteção Social (SPS) que realiza gratuitamente atividades educativas, artísticas e esportivas.

“Há mais de três anos eu frequento o ABC Palmeiras e percebo nitidamente a evolução no comportamento dos meninos. Cada um deles tem uma particularidade. A Isabelle é muito agitada e nas aulas de hip hop e karatê parece que ela consegue gastar essa energia e como resultado fica mais centrada, se concentra melhor nos estudos e nas outras atividades que realiza ao longo do dia”, avalia. Com Isaac, o desafio é diminuir a introspecção: “O Isaac vem participando das rodas de conversas do Grupo de Participação e Desenvolvimento Humano (GPDH) do ABC Palmeiras e tenho tentado junto com as instrutoras inseri-lo nas aulas de música também”, lembra a mãe.

Jamima se desdobra para que seus filhos consigam acessar todos os seus direitos e nas batalhas diárias de uma mãe que não tem rede de apoio, ela conta mesmo é com os educadores do ABC Palmeiras e com os profissionais da Casa da Esperança. “O que é ruim não é o autismo, mas sim a falta de empatia que nossos filhos e nós sofremos, a falta de inclusão nos espaços e a falta de informação. Por isso, acho tão importante esses encontros que o ABC Palmeiras vem realizando sobre a conscientização do autismo. A gente, que é pai e mãe de criança atípica, vem aprendendo muita coisa nova que tem nos ajudado a romper com as barreiras do preconceito e da falta de informação das pessoas”, desabafa.

Encontros de acolhimento

A Secretaria da Proteção Social vem realizando encontro com pais e mães de crianças típicas e atípicas que são beneficiárias dos centros comunitários, ABCs e circos escolas. Os profissionais que atuam nesses equipamentos sociais também estão sendo capacitados nos encontros organizados pela Coordenadoria de Proteção Social Básica da SPS.

O pedagogo da SPS, Beto Rodrigues, ressalta que os encontros surgiram a partir da demanda dos equipamentos. “Atualmente, atendemos 207 crianças e adolescentes autistas em nossas unidades e para que possamos realizar sempre um atendimento inclusivo e com os cuidados necessários, convidamos os psicólogos da clínica Ser Bem para capacitarem tanto os pais, quanto os nossos educadores”, reforça Beto. Além dos centros comunitários e ABCs, os Complexos Sociais Mais Infância contam com crianças autistas entre seus beneficiários, são 101 crianças e adolescentes autistas nos quatro complexos.

Até agora, foram capacitados 44 educadores e 76 pais e responsáveis no encontro realizado no último mês de março. Assim como Jamima, Andréia Sousa participou do encontro. Ela é mãe do Benjamin, 6 anos, que tem Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDHA) e Transtorno Opositivo Desafiador (TOD). “Nossos filhos sofrem com o preconceito e essa dor também nos atinge. Ser mãe de criança atípica é ainda muito solitário nesta sociedade e ações como esta nos ajudam a seguir lutando pela inclusão, para que eles tenham suas necessidades atendidas e sejam vistos de verdade. O ABC tem sido um lugar de refúgio para nós, um lugar que vem me mostrando que não estou sozinha nessa luta pela inclusão do meu filho. Fico muito orgulhosa vendo ele todo independente nas atividades do circo escola”, conta Andréia.

Talita Costa, psicóloga e diretora da Clínica Ser Bem, está conduzindo os encontros junto à sua equipe. “Somos uma equipe de quatro psicólogos e ficamos muito satisfeitos em receber o convite da SPS para capacitar seus educadores e os pais das crianças e adolescentes que frequentam os equipamentos sociais. Nas nossas conversas deixamos bem claro a importância das pistas visuais para que pessoas neurodivergentes se localizem melhor nos espaços”, destaca Talita, que tem supervisionado a atuação dos educadores da SPS nos equipamentos.

“Além das 80 horas de treinamento, há uma supervisão dos atendimentos dos profissionais, para que possamos, no dia a dia, orientá-los e, se necessário, corrigi-los para que os adolescentes e crianças neurodivergentes tenham sempre um atendimento respeitoso e acolhedor”, completa Talita.

Todos os equipamentos sociais administrados pela SPS são inclusivos e acolhem pessoas autistas e suas famílias. O atendimento ofertado é qualificado no acesso às atividades culturais e esportivas disponibilizadas nas unidades, além de oferecer rodas de conversa voltadas especialmente a familiares e cuidadores. Confira a lista aqui.

 

Fonte: Governo do Estado do Ceará

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