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Com auxílio do Serviço Social, pacientes sem identificação atendidos nas unidades da Saúde do Ceará reencontram familiares

 Naiara Carneiro, Márcia Catunda, Bruno Brandão e José Avelino Neto – Ascom HRC, CCC, HGWA e HRSC – Texto e Fotos

Mãe e tia reencontram familiar no HRC após quatro meses sem informações sobre ele

Carlos Antonio Gomes, 53, deu entrada na emergência do Hospital Regional do Cariri (HRC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) em Juazeiro do Norte, no dia 3 de abril de 2024. Socorrido pelo Samu 192 Ceará no município de Barro (CE), vítima de Acidente Vascular Cerebral (AVC), não tinha acompanhante e não possuía nenhum documento de identificação. As sequelas do AVC o impossibilitavam de se comunicar.

Diante desta situação, a equipe do Serviço Social do HRC iniciou as tentativas de identificar o paciente e localizar a família. Os primeiros contatos foram realizados com as secretarias de Saúde e de Proteção Social de Barro. No entanto, não havia informações sobre ele no município. Então foi acionada a Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) para coleta das impressões digitais. Contudo, também não foi encontrado nada sobre ele na base de dados do Estado. O caso foi encaminhado ainda para o Ministério Público do Ceará.

Com a evolução do quadro clínico do paciente, ele passou a se comunicar gesticulando, afirmando ou negando com a mão. A partir disso, a equipe começou a interagir com ele na tentativa de saber seu nome e de onde ele vinha. Vários nomes aleatórios foram mencionados, até que ele sinalizou positivamente para o nome Carlos. Da mesma forma, diversas cidades foram citadas, e ele sinalizou positivamente quando a assistente social mencionou Cajazeiras, na Paraíba.

Com esta pista, o Serviço Social entrou em contato com instituições da área de assistência social e da saúde de Cajazeiras. Posteriormente, o contato seguiu com o Instituto de Polícia Científica da Paraíba e foi feita a articulação entre a Pefoce e o órgão. Com o envio das digitais, foi possível identificar o paciente e constatar que ele era residente do município de Marizópolis (PB), a 155 km de Juazeiro do Norte. Em seguida, os contatos foram realizados com os órgãos públicos daquele município.

O coordenador do Serviço Social do HRC, Jeferson Macêdo, destaca a articulação do setor como fundamental para resolução de casos dessa natureza. “O Serviço Social tem um papel de suma importância nessa busca, nessa rede socioassistencial, onde temos uma boa comunicação com os demais setores. Dessa forma, conseguimos viabilizar essas informações e essas conexões, possibilitando que pessoas que estavam distanciadas das famílias retornem para o seio familiar”, afirma.

Carlos Antonio é de Marizópolis (PB) e retornou para casa com a mãe

Após 48 dias de internação, a mãe de Carlos, Olindrina Gomes, e a tia dele, Maria Auxiliadora Gomes, chegaram ao HRC na ambulância do município de Marizópolis para buscá-lo, pois ele já estava de alta. Elas relataram que não tinham notícias sobre ele há cerca de quatro meses, que havia saído de Marizópolis para buscar trabalho no município de Coremas (PB). A mãe conta que já havia perdido as esperanças de reencontrá-lo. Ao rever o filho, dona Olindrina não conteve a emoção. “Agora eu tô me sentindo bem feliz, aliviada demais. Agradeço muito a todos que cuidaram tão bem dele aqui”, falou.

O coordenador Jeferson Macêdo avalia o desfecho do caso como satisfatório. “Vimos a comoção da equipe do setor, todos engajados na saída dele, que está saindo bem, e por termos localizado seus familiares depois de tanto tempo sem identificação”, completou.

Casa de Cuidados: assistentes sociais promovem encontros entre pacientes e familiares

Entre as funções da equipe de Serviço Social da Casa de Cuidados do Ceará (CCC), unidade de desospitalização da Sesa, estão visita aos leitos, escuta qualificada, orientações acerca dos direitos sociais, gestão de conflitos, reuniões e suporte a familiares.

“Mais da metade dos pacientes atendidos pela CCC encontra-se em vulnerabilidade social ou em situação de risco, com vínculos fragilizados ou rompidos com suas famílias”, explica a assistente social Gilda Cavalcante.

“É através da escuta qualificada e da percepção das demandas sociais apresentadas, desde o momento da admissão, até a alta, que se faz a orientação social, com formalização de encaminhamentos à rede de saúde e socioassistencial”, complementa a profissional.

Antônio Moraes foi um dos pacientes que reencontrou a família com o auxílio da equipe de Serviço Social da CCC

Em casos de pacientes que ficaram longe da família e buscam um reencontro, a equipe não mede esforços e aciona órgãos competentes para buscar auxílio como a Sesa, os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), os Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e a Pefoce.

As redes sociais também são boas aliadas nesse processo, conforme relata Meyrianne Nogueira, também assistente social da Casa. “Certa vez, uma profissional viu a foto do paciente na rede social do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como desaparecido e o reconheceu. Então, foi agendado o reencontro com a família. Além disso, quando o paciente é do interior, buscamos auxílio também com outros assistentes sociais que moram no município, além das secretarias”, conclui.

A atuação do Serviço Social do HGWA
No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), localizado na Messejana, o Serviço Social também atua, quando necessário, na colaboração da identificação de pacientes que chegam na unidade hospitalar sem nenhum tipo de identificação. Somente em 2023, com a ajuda da Pefoce, no HGWA, 11 pacientes foram auxiliados nesse sentido.

A assistente social Samia Bessa, que atua no hospital, explica que é comum casos de pacientes sem identificação. Nessas situações, inicialmente, é feita a visita do papiloscopista ao hospital e coleta as digitais do paciente, levando ao banco de dados da Pefoce para tentativa de identificação.

“Muitas vezes, quando a identificação é muito difícil e o paciente é orientado ou fala algumas informações, às vezes mesmo que desconexa, tentamos utilizar a informação para identificar o paciente fazendo a articulação com a rede assistencial. Até o momento, tivemos sucesso em quase todos os casos. Outro detalhe, muitas vezes o paciente sem identificação vivia em situação de rua e quando identificado, não detém os documentos, daí, começa o outro trabalho de solicitação de emissão dos documentos junto à Receita Federal, ao Tribunal Regional Eleitoral e ao Caminhão do Cidadão da Secretaria de Proteção Social do estado do Ceará. Os documentos são fundamentais para garantir a cidadania do paciente, além de serem necessários para a inserção em programas e benefícios sociais”, explica.

O Serviço Social possui uma cartilha Direitos do Cidadão onde disponibiliza orientações sobre alguns direitos e benefícios voltados para a cidadania

Recentemente, em um dos casos, a equipe conseguiu descobrir o contato de um familiar que residia em outro Estado. Por se tratar de um caso que envolvia violação de direitos, o setor conseguiu, por meio do Programa de Proteção Provisória – PPPRO, da Secretaria da Proteção Social, uma Medida Isolada de Proteção – MIP. Foram fornecidas passagens para retorno da paciente e seu filho ao estado de origem. Os familiares também receberam, através do Serviço Social, todas as orientações de como solicitar insumos, que agora eram necessários à manutenção do bem-estar do paciente, como cadeira de rodas, cama, colchão, fraldas, dentre outros.

Samia destaca que o sentimento de viabilizar o acesso de um usuário ao seu direito é muito gratificante. “Muitas vezes, as concessões levam tempo, mas vamos atuando com o intuito de orientar e tornar o usuário protagonista do seu direito, encaminhado aos serviços, programas e projetos sociais. Utilizamos as leis e o aparato legal para garantia de acesso desses usuários, não há caráter assistencialista na nossa atuação, portanto, sempre atuamos dentro dos direitos e deveres dos cidadãos”, afirma.

Atuação extramuros de equipe no HRSC ajuda no reencontro de famílias

No Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), unidade que fica em Quixeramobim, o Serviço Social atua com 13 profissionais que realizam um trabalho não só interno, de garantia de direito aos pacientes e acompanhantes, mas também externo, atuando para promover segurança, abrigo e reaproximar famílias que tiveram laços fragilizados.

No ano passado ocorreu um dos casos mais emocionantes. A equipe conseguiu localizar a família de um paciente que deu entrada na unidade sem nenhum documento de identificação, e que vivia há 40 anos em situação de rua em Maranguape.

De volta para casa: paciente reencontrou familiares após 40 anos e recebeu um novo lar

Tinciane Medeiros, coordenadora do serviço no HRSC explica o papel da equipe além do contexto de assistência multiprofissional. “Durante o internamento surgem demandas que não foram identificadas no momento da admissão, por isso é importante escutar esse paciente, e saber quais são seus problemas sociais, suas vulnerabilidades e os desafios que ele enfrenta”, explica.

Fonte: Governo do Estado do Ceará

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