O Governo do Ceará dá continuidade à série multimídia “Avançando Juntos”. No meio da pandemia, o padroeiro do Ceará, São José, não é símbolo apenas da fé em chuvas de fartura. Nome de hospital de referência, São José é também sinal de esperança, de cuidado e de saúde.
Quem chega ao Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), encontra logo na entrada a imagem do santo que deu nome à instituição fundada em 1970. Celebrado nesta sexta-feira (19), o Dia de São José tem um significado importante para muitos cearenses e, em especial, para colaboradores e pacientes do HSJ que possuem um vínculo afetivo com o padroeiro do Estado – na crença popular, também é considerado exemplo para trabalhadores, senhor das chuvas e termômetro da fertilidade no sertão.
Funcionária do São José há cerca de 25 anos, Magali Ferreira Alves acredita que o santo é o protetor do hospital. Todos os dias, ao chegar para trabalhar, ela para diante da imagem e faz sua oração. “É como se ele fosse responsável por todos nós. Sempre que eu passo, oro. Peço a ele proteção por tudo: pela saúde, para que eu nunca leve essa doença [Covid-19] para casa, peço pela minha equipe, pelos profissionais, pacientes e acompanhantes”, relata a auxiliar administrativo.
Apesar de seguir a doutrina espírita, Magali não perde a crença no santo, considerado pela Igreja Católica marido de Maria, pai adotivo de Jesus Cristo e carpinteiro de profissão. “Quando começou essa pandemia, eu me afeiçoei mais ainda a ele, pois esse é um momento muito difícil para todos nós que trabalhamos aqui. Eu tenho São José em casa, tenho a oração dele. Então, eu tô sempre pedindo e agradecendo. A fé cura e salva”, assegura.
Antes mesmo de começar a trabalhar no HSJ, há exatos 21 anos, a administradora Fátima Maia de Carvalho já guardava uma admiração pelo santo, que também é conhecido por ajudar quem busca um bom marido. “São José não dá qualquer um, não. São José dá aquele esposo com as características dele: trabalhador, humilde, justo. Era tudo o que eu queria e ele me deu, graças a Deus”, conta a servidora pública.
Católica praticante, Fátima fez questão de colocar em sua sala no hospital a imagem imponente de São José entre os santos dos quais é devota. “São José foi um excelente trabalhador, fazia tudo com muita perfeição, amor e cuidado. É o que os nossos profissionais fazem, desde a área administrativa, limpeza, até o doutor. Como o Dr. Lúcio Alcântara (primeiro diretor do HSJ e ex-governador do Ceará) disse uma vez: trabalha aqui quem tem algo diferente na alma. A gente vê nas pessoas simplicidade, uma vontade de fazer, o cuidado com o outro, sabe? Isso é que é interessante. São características de São José que os servidores do São José têm”, complementa.
A frase dita pelo ex-governador Lúcio Alcântara, primeiro diretor do Hospital São José, ainda ecoa pela unidade e está gravada na galeria de ex-diretores. O médico não esconde o carinho e o apreço que tem pela unidade referência no tratamento de doenças infectocontagiosas no Ceará. “Pra mim, o hospital tem um significado muito grande. Foi fundamental na minha vida profissional como cidadão, como homem público. O São José é um marco por tudo que aprendi, pelo que ele me ensinou.”.
História
Criado em março de 1970, o Hospital São José tem como missão assegurar um atendimento humanitário e de qualidade no diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa de doenças infectocontagiosas. Quando erguido, há cinco décadas, era um espaço mais restrito e marcado pelo isolamento dos pacientes, que não podiam receber visitas e tinham de enfrentar as enfermidades com poucas ferramentas de tratamento disponíveis na época. Havia a necessidade, no Ceará, de uma unidade que agregasse doenças transmissíveis e tratasse esses casos com a atenção necessária.
O nome da instituição, inicialmente, era Hospital São José de Doenças Transmissíveis Agudas. A primeira década foi marcada pela internação de pacientes portadores de doenças como tétano, raiva humana, difteria, coqueluche, febre tifóide, meningite, tuberculose e hepatites virais. Com o surgimento das vacinas, começaram a diminuir alguns casos de determinadas enfermidades e o hospital seguiu se especializando na busca pela melhor forma de tratamento.
Com o aparecimento da aids na década de 1980, o HSJ soube acolher os pacientes diagnosticados com a doença — estágio avançado da infecção pelo HIV. Assim, torna-se, por muito tempo, a única unidade a atender pessoas soropositivas no Estado. Já na década de 1990, a unidade passou a ter o nome atual, Hospital São José de Doenças Infecciosas, considerando que nem todas as patologias atendidas são transmissíveis e agudas.
Ensino e pesquisa
O HSJ ganhou destaque pelo trabalho com ensino e pesquisa e, em 51 anos, vem formando médicos infectologistas de várias instituições de ensino da Medicina do Ceará, de outros estados brasileiros e também de outros países. Ao longo dos anos, o Hospital foi reconhecido pelo Ministério da Educação por ter um dos mais modernos centros de estudos do Norte e Nordeste, tendo também importante atuação em projetos como a Rede Universitária de Telemedicina, uma iniciativa do hoje Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para aperfeiçoamento de trocas de experiências com hospitais de várias regiões do Brasil e do exterior.
Atualmente, a unidade conta com cerca de 920 funcionários e reúne grande leque de serviços com ambulatórios especializados, emergência 24 horas, Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Hospital Dia, Programa de Atendimento Domiciliar, imagenologia, laboratório, farmácia, entre outros.
“Os colaboradores do Hospital São José não medem esforços para proporcionar serviços de qualidade à população cearense. Em 2020, a unidade se tornou referência no atendimento a pacientes com Covid-19 e, sem dúvidas, crescemos muito com todos os aprendizados durante a pandemia. Nossa missão é prestar uma assistência humanizada e cada vez melhor às pessoas. São tempos difíceis, mas, com união e profissionalismo, nós vamos conseguir superar os desafios atuais”, afirma Edson Buhamra Abreu, diretor-geral do HSJ.