Raphaelle Batista – Ascom Porto Iracema das Artes – Texto
O encontro acontece às 17h, com transmissão pelo YouTube da instituição. A aula aberta ”Navegações Estéticas – Teatro Decolonial” será ministrada pela professora colombiana Maria Fernanda Sarmiento
A primeira aula aberta do Percurso de Teatro 2021 já tem data marcada. O encontro acontece na sexta-feira (6), a partir das 17h, com transmissão pelo YouTube, integrando a programação do aniversário de 8 anos da Escola Porto Iracema das Artes. Na ocasião, a professora doutora em Artes Cênicas, Maria Fernanda Sarmiento, discute o conceito de Teatro Decolonial.
Existe um teatro decolonial? O que poderia ser considerado como teatro decolonial? Essas são as questões que guiarão o primeiro módulo da formação. As respostas só serão dadas a partir do exercício teatral. A proposta é mostrar o teatro praticado numa amplitude que permita explorar outras relações além da organização clássica de atriz/ator (atives) espectadora/espectador (passives) e também a partir de outras lógicas não aristotélicas, onde não é necessário ter protagonista/antagonista, conflito, desenvolvimento, final, etc.
A rua será o principal local de reflexão da prática assim como outras formas de teatro que desierarquizam esta arte. Este espaço também servirá como cenário que apresenta as teatralidades que nossas sociedades carregam e com as quais podemos brincar, criar, questionar e, porque não, transformar, interferir, afetar.
O Sentirpensar como ferramenta para o Teatro
O “Navegações Estéticas” com a colombiana Maria Fernanda Sarmiento é o primeiro módulo do percurso de Teatro. “A expectativa é que a gente possa Sentirpensar, um conceito de um sociólogo colombiano, muito importante para nós. Procuro que a gente não tenha só uma experiência de reflexão, mas que a experiência passe pelo corpo da pessoa participante do curso’’, comenta Fernanda.
A ideia, segundo a professora, é que, mesmo à distância, o percurso seja uma experiência somática e reflexiva — conceitos que ela não pretende separar. Nesse módulo, o público vai estudar os fenômenos da colonialidade no poder, no saber, do ser e do gênero. “Depois, ou ao mesmo tempo, pretendo ter momentos criativos com as pessoas, onde elas possam entrar em seus interiores, em suas subjetividades, e ver se essas violências têm transitado nelas e se podem se manifestar através de imagens simbólicas, estéticas, etc’’, complementa Sarmiento.
A coordenadora do Curso Básico de Artes Cênicas da Porto Iracema, Maíra Abreu, que assumiu o cargo há pouco tempo, compartilha suas expectativas para esta edição. “Acredito que o percurso tem um desenho, mas que serão os encontros – mesmo que virtuais -, as discussões, histórias a serem contadas que farão ele ganhar vida e sair caminhando por aí. As pessoas que atravessarem os módulos é que darão cor, ritmo, sensações e sabor ao percurso partindo de narrativas coletivas’’, comenta.
Todo o percurso de Teatro tem uma perspectiva decolonial, que amplia referências culturais, artísticas e conceituais brasileiras e latino-americanas como Teatro Experimental do Negro, Teatro do Oprimido e o Teatro Popular. Trazer essa temática logo na primeira aula é entender que as artes cênicas, nas palavras de Maíra Abreu, devem cumprir um papel de “desconstrução de um modelo artístico narcisista e eurocêntrico, pluralizando as nossas referências artísticas, abandonando o modelo individualista de formação cênica’’. “O Navegações Estéticas vem inicialmente nos perguntar sobre a existência de um teatro decolonial para em seguida ampliar e explorar nossa relação com a organização clássica de teatro’’, conclui a coordenadora.
Sobre a convidada
Maria Fernanda Sarmiento é doutora em artes cênicas pela UFBA, com pesquisa em “Teatralidades De(s)coloniais”. Atualmente é docente do programa Artes da Cena na Universidade Politécnico Grancolombiano, onde coordena a área de expressão corporal e vocal e o centro de pesquisa “Teatralidades, gênero e espaço público”. Integra o grupo Vendimia Teatro. Fundadora da coletiva “Vale la pena ser Callejeras”. Pertence à batucada feminista La Tremenda Revoltosa. Tem experiência em processos de formação comunitária, sindical e feminista. Tem trabalhado em políticas públicas para a formação em artes e gerência de projetos artísticos. Tem várias publicações em livros, revistas, periódicos, páginas web e no seu blog despertandogente.blogspot.com , com reflexões sobre artes, gênero e política.
Sobre a Escola
A Porto Iracema das Artes é a escola de formação e criação em artes do Governo do Estado do Ceará, instituição da Secretaria da Cultura (Secult) gerida pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Criada em 29 de agosto de 2013, há oito anos desenvolve processos formativos nas áreas de Música, Dança, Artes Visuais, Cinema e Teatro, com a oferta de Cursos Básicos e Técnicos, além de Laboratórios de Criação. Todas as ações oferecidas são gratuitas.
Serviço
O quê: Aula aberta sobre Teatro Decolonial dá início a Curso Básico de Artes Cênicas 2021 na Escola Porto Iracema das Artes
Quando: 6 de agosto, sexta-feira, às 17h
Onde: Canal do Youtube do Porto Iracema das Artes
Programação online e gratuita
Fonte: Governo do Estado do Ceará