Em meio à pandemia da Covid-19, o Centro de Estudos e Assistência às Lutas do(a) Trabalhador(a) (Cealtru) desenvolve mecanismos de assessoria técnica remota para 1.075 agricultores familiares em dezesseis municípios cearenses. O trabalho não é fácil, com dificuldades de acesso à internet nas comunidades rurais e adaptação às novas ferramentas de trabalho, e envolve compartilhamento de conteúdo e vídeos com representantes das áreas assessoradas pelo Whatsapp.
Através da ferramenta, são enviados materiais sobre a prevenção do coronavírus e discutidas as necessidades técnicas de cada assentamento. “Agora, iniciamos um levantamento para saber o grau de infecção pela Covid, mas tudo ainda em processo de construção e monitoramento”, atualiza Christian Arruda, coordenador de assistência técnica pela Cealtru. Também são diagnosticados os excedentes comerciais, com a ocorrência da diminuição das vendas em algumas localidades.
O nome é Proceater, o Projeto de Assessoria Técnica da Cealtru, e estava previsto para ocorrer presencialmente pelo período de um ano. A iniciativa conta com recursos do Edital No. 11/2019 e atende trabalhadores rurais das regiões da Grande Fortaleza, Litoral Leste, Litoral Oeste/ Vale do Curu e Sertões de Crateús. “As ações focam no desenvolvimento das cadeias produtivas da apicultura, bovinocultura leiteira, ovinocaprinocultura, fruticultura e extrativismo”.
“E, mesmo com a pandemia, as principais áreas do projeto encontram-se em curso: mobilização, caracterização e elaboração de planos de trabalho em cada grupo e família”, reforça Christian.
Período da pandemia
O agricultor Antônio “Veinho” Rebouças Gomes, de 38 anos, é um dos beneficiários atendidos pela assessoria técnica prestada pela Cealtru. “Eles sempre estão ligando, querendo saber se tem caso confirmado (da Covid), como está o meu plantio de palma e passo todas informações pra eles”, atesta. “Agora, precisa passar essa pandemia pra saber se precisa de uma adubação, de uma correção de solo, porque o olho deles conhece mais do que o meu”, aposta.
A Associação Nova Esperança, da comunidade rural de Bernardo Marinho, conta com 103 associados e um das conquistas foi a entrega de 25 mil raquetes de palma forrageira. “Já tinha ouvido falar muito (da forragicultura), mas as condições eram poucas pela falta de conhecimento”, confessa o produtor de leite. O primeiro plantio aconteceu entre o final de janeiro e a primeira metade de fevereiro e a colheita que do alimento para quatorze vacas, além de bodes e ovelhas, já acontece em agosto.
Fique por dentro
A Cealtru é ligado à Federação dos Trabalhadores Agricultores e Agricultoras Familiares do Ceará (Fetraece) foi uma das entidades vencedoras do Edital No. 11/2019. O convênio atendem a 1.075 famílias em dezesseis municípios cearenses: Acarape (1 assentamento), Aracati (2), Aratuba (1), Beberibe (6), Chorozinho (3), Crateús (1), Fortim (1), Guaiúba (5), Horizonte (1), Independência (1), Maranguape (1), Miraíma (10), Ocara (1), Pentecoste (1), Redenção (2) e Tamboril (2).
No total, o Edital 11/2019 contempla 2.252 famílias de agricultores familiares com assistência técnica em 30 municípios do Estado. O prazo de execução do serviço é de 365 dias e inclui atividades como sensibilização da comunidade, apresentação de diagnósticos de produção familiar e associativa, acompanhamento e e entrega de relatórios mensais e de encerramento do projeto.
“A metodologia tem caráter socioeducativo e acontece dialogicamente, pela prática dos agricultores e a troca de saberes com os técnicos. Promovemos assim, geração e apropriação de conhecimentos, construção de processos de desenvolvimento sustentável e adoção e adaptação às tecnologias de informação e comunicação”, instrui Castro Júnior, coordenador de Desenvolvimento dos Assentamentos, Reassentamentos, Comunidades Originárias e Tradicionais (Codea/SDA).