Ceará Sem Fome: sustentabilidade é ingrediente essencial na receita da cozinha transformadora no Bom Jardim

Publicado em: 02/11/2025 07:56







2 de novembro de 2025 – 07:32
#Ceará sem Fome #Cozinha Transformadora #sustentabilidade


Larissa Falcão – Ascom Casa Civil – texto

Helene Santos – Casa Civil – fotos
Yuri Leonardo – Casa Civil – infográfico


Conheça as iniciativas de uma das 317 cozinhas reconhecidas pelo Governo do Ceará com o prêmio Cozinha Transformadora

Um ingrediente que não falta na receita da cozinha Associação Solidária para a Comercialização (Giro Social), localizada no Bom Jardim, em Fortaleza, é a sustentabilidade. No local, vidas são nutridas e transformadas, ao mesmo tempo em que iniciativas sustentáveis são desenvolvidas. A cozinha, que faz parte do programa Ceará Sem Fome desde agosto de 2023, é uma das 317 Unidades Sociais Produtoras de Refeição (USPRs) reconhecidas pelo Governo do Ceará com o prêmio Cozinha Transformadora – Ceará Sem Fome.

A primeira edição do prêmio celebra práticas inovadoras e o engajamento dos agentes populares de segurança alimentar — pessoas que atuam nas cozinhas — no combate à fome e fortalecimento das comunidades onde as unidades estão inseridas. Para isso, a premiação conta com três categorias: Qualificação e Renda; Sustentabilidade e Inovação; e Participação Social e Mobilização da Comunidade.

A unidade do Bom Jardim funciona de segunda a sexta-feira, produzindo mais de 100 refeições para atender beneficiários do Ceará Sem Fome e pacientes encaminhados pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Maria Eurilene Maciel, presidente da Associação, e as cozinheiras Joana Paula e Regina Rodrigues tocam diretamente esse trabalho na cozinha, que foi premiada na categoria Sustentabilidade e Inovação.

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O objetivo, defende Eurilene, é nutrir o indivíduo integralmente e minimizar o impacto das ações humanas no meio ambiente. “Não é só nutrir, é capacitar, pensando junto ao nosso grupo de mulheres empreendedoras como reutilizar os resíduos da cozinha. O ser humano é responsável por tudo que ele faz, incluindo o bem”.

A cozinha tornou-se referência no aproveitamento integral dos insumos, reduzindo desperdícios e otimizando o preparo das refeições. “Fazemos o aproveitamento do alimento em seu todo. Também montamos uma pequena horta para os resíduos. As cascas dos legumes, principalmente cenoura e beterraba, que são riquíssimas em nutrientes, também são aproveitadas para fazer os sucos, e os outros resíduos voltam à panela para enriquecer o sabor “, explica a presidente da Associação.

A mente criativa de Eurilene já projeta os próximos passos para reduzir o impacto do descarte das marmitas de isopor. “Eu pesquisei e encontrei um produto que dissolve a marmita, transformando-a em um verniz. A gente testou e deu certo. A ideia é que o usuário devolva a marmita limpa, quebrada, para que ela passe por uma nova limpeza e seja transformada nesse verniz”, detalha.

Empatia e conhecimento nutrem autoestima

A presidente da Associação acredita que cada ideia ou conhecimento compartilhado carrega uma força vital para o desenvolvimento pleno do ser humano. Essa foi uma lição que ela aprendeu dentro de casa. “O meu pai não estudou, mas ele queria que a gente estudasse, então o amor dele era demonstrado nos livros que ele comprava. A minha mãe oferecia todos os anos, em dezembro, o almoço para os idosos do Bom Jardim, e depois a gente ficou oferecendo refeições em ações pontuais”, lembra Eurilene, que chegou ao bairro aos dois anos de idade.

Criada em 2012, a Associação promove ações com empreendedores e artesãos associados, bem como a comunidade no entorno, fomentando atividades produtivas. A chegada do Ceará Sem Fome, com as refeições e qualificação profissional, fortaleceu esse propósito. “Trouxemos cursos de cabeleireiro, costura, entre outros, para que essas pessoas que estão na pobreza tenham a visão de que podem ter renda, que são amadas e queridas”, enfatiza.

O sorriso da costureira Tânia Nascimento, 40, expressa a autoestima resgatada a cada oportunidade abraçada. No Giro Social, ela conheceu iniciativas como o Ceará Sem Fome, o Ateliê de Corte, Costura e Modelagem, realizado em parceria com o Centro Cultural do Bom Jardim (CCBJ), e o programa Reciclocidades, da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).

Ela começou como aluna bolsista do Ateliê do CCBJ. O valor da bolsa foi investido na compra das duas primeiras máquinas de costura. Com o Ceará Sem Fome, a costureira e o marido puderam enfrentar com mais tranquilidade o período em que ficaram desempregados. “Está com mais de um ano que eu deixei de ser beneficiária, mas foi uma oportunidade que eu também abracei”, registra.

Hoje, Tânia tem orgulho em dizer que é especialista na produção de bolsas de material reciclado, figurando como destaque na comercialização dos produtos por meio do Reciclocidades. “Eu nunca me imaginava fazendo uma bolsa, e hoje em dia sou conhecida como a costureira de bolsas”, sorri.

Segundo ela, a próxima etapa é ampliar o negócio no digital e conquistar mais clientes e mercados. “Meu projeto para o futuro é fazer uma loja virtual para vender as bolsas que já faço, mas também outros modelos diferentes”, deseja.

Ceará Sem Fome

O programa Ceará Sem Fome, criado em 2023, é uma política pública do Governo do Estado, com três frentes emergenciais: uma rede com mais de 1.300 cozinhas sociais, responsáveis por servir mais de 130 mil refeições diárias; o Cartão Ceará Sem Fome, no valor de R$ 300, que beneficia mais de 47 mil famílias; e campanhas solidárias que já arrecadaram mais de 500 toneladas de alimentos em grandes eventos.

O eixo Ceará Sem Fome +Qualificação e Renda, iniciado em 2024, tem como objetivo criar oportunidades de autonomia econômica e social para beneficiários e voluntários do programa. A iniciativa integra qualificação profissional, inserção no mercado de trabalho, empreendedorismo e crédito produtivo orientado, valorizando os saberes locais, fortalecendo o protagonismo comunitário e incentivando alternativas sustentáveis de geração de renda.

Mais de 20 mil pessoas foram capacitadas entre junho de 2024 e setembro de 2025, com cursos em áreas como Beleza, Empreendedorismo, Gastronomia, Serviços, Tecnologia da Informação, entre outras. A meta é formar 55 mil pessoas até o fim de 2026. O programa já inseriu quase 7 mil beneficiários no mercado de trabalho.




Fonte: Agência de Notícias do Estado do CE

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