Ceará Sem Fome: cozinha transformadora é um abraço de solidariedade no Conjunto Palmeiras
1 de novembro de 2025 – 08:07
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Larissa Falcão – Ascom Casa Civil – texto
Helene Santos – Casa Civil – fotos
Yuri Leonardo – Casa Civil – infográfico
Elineuda Vieira, Cassiana Sousa, Lúcia Maria e Eveline Lopes fazem parte de uma das 317 cozinhas reconhecidas pelo Governo do Ceará com o prêmio Cozinha Transformadora
Quanto de solidariedade e esperança cabe no coração? A medida certa pode ser encontrada na união das quatro mulheres que conduzem a cozinha do Projeto Caminho do Bem, localizado no bairro Conjunto Palmeiras, na periferia de Fortaleza. A cozinha, integrante do programa Ceará Sem Fome desde 2024, é uma das 317 Unidades Sociais Produtoras de Refeição (USPRs) reconhecidas pelo Governo do Ceará com o prêmio Cozinha Transformadora – Ceará Sem Fome.
A primeira edição do prêmio celebra práticas inovadoras e o engajamento dos agentes populares de segurança alimentar — pessoas que atuam nas cozinhas — no combate à fome e fortalecimento das comunidades onde as unidades estão inseridas. Para isso, a premiação conta com três categorias: Qualificação e Renda; Sustentabilidade e Inovação; e Participação Social e Mobilização da Comunidade.

O quarteto do Caminho do Bem foi premiado nas categorias: Qualificação e Renda e Participação Social. Elineuda Vieira, Cassiana Sousa, Lúcia Maria e Eveline Lopes abraçam a comunidade e contribuem para transformar vidas.
“O que faço é do coração”
A conquista é coletiva, mas também reconhece trajetórias como a da Elineuda Vieira, de 53 anos, que fundou o projeto Caminho do Bem há mais de 20 anos. Ela chegou ao Conjunto Palmeiras, em 1990, acompanhada do marido e da primogênita Suzana, com dois anos de idade na época. Mesmo carregando as incertezas diante das mudanças, Elineuda decidiu acolher as dores que se avizinhavam.

“Eu senti que precisava ajudar as pessoas daqui. O que faço é do meu coração, é de sangue. Aprendi com a minha mãe, que também sempre ajudou as pessoas no Mondubim”, conta.
Elineuda começou com desfiles culturais para integrar crianças e jovens. Com orgulho, ela garante que hoje muitos dos participantes estão bem encaminhados na vida, com negócios montados ou empregados.
O projeto social foi ganhando forma e se consolidando, com mais ações e eventos comunitários, como Dia das Crianças, Natal, entre outros. Nos últimos 20 anos, enquanto Elineuda criava os dois filhos, o projeto liderado por ela também contribuiu para a alfabetização de crianças e idosos, além de ser um apoio emocional às mulheres do bairro.
Na pandemia de Covid-19, com o agravamento da fome no bairro, o projeto começou a entregar cestas básicas e refeições com o que recebia de doações. A chegada do Ceará Sem Fome, segundo Elineuda, foi uma resposta às orações.

“Eu já vi pessoas que estavam em casa, doentes, depressivas, que não tinham forças nem para vir buscar a quentinha. Essas pessoas entraram nos cursos do Ceará Sem Fome, começaram o próprio negócio ou arranjaram emprego, e pediram para seguir nos cursos sem receber quentinhas”, relata.
O programa Ceará Sem Fome, criado em 2023, é uma política pública do Governo do Estado, com três frentes emergenciais: uma rede com mais de 1.300 cozinhas sociais, responsáveis por servir mais de 130 mil refeições diárias; o Cartão Ceará Sem Fome, no valor de R$ 300, que beneficia mais de 47 mil famílias; e campanhas solidárias que já arrecadaram mais de 500 toneladas de alimentos em grandes eventos.
Além de ampliar o abraço Caminho do Bem à comunidade, a cozinha do Ceará Sem Fome é um refúgio que fortalece Elineuda. “No ano passado, a minha filha se operou para trocar a válvula mitral pela segunda vez. Eu quase perdi a minha filha. As meninas choravam junto comigo. É nessa equipe que eu encontro o abraço que preciso”, diz Elineuda Vieira, ao compartilhar o prêmio com as colegas.

A primeira-dama do Ceará e presidente do Comitê Intersetorial de Governança do Programa Ceará Sem Fome, Lia de Freitas, reforça que o prêmio é um reconhecimento à dedicação dos agentes em prol de famílias em insegurança alimentar.
“Cada uma dessas cozinhas representa trabalho coletivo, compromisso com a dignidade humana e uma esperança que se renova em forma de alimento e oportunidades. Esse prêmio é sobre transformação de territórios, de vidas e de futuro”, conclui.

Lúcia Maria também sentiu o abraço acolhedor ao chegar à cozinha na condição de beneficiária. Sem trabalhar e com filho pequeno, ela viu uma porta aberta para uma nova vida. “Foi como uma porta que se abriu para várias coisas, porque não é só comida, vieram cursos e bênçãos através do Ceará Sem Fome”, ressalta.
Hoje, a agente popular alimenta os próprios sonhos enquanto ajuda a preparar as cem refeições que serão entregues a outras pessoas. “Aqui é uma ponte que nos ajuda a chegar a algum lugar. Como eu faço cursos de empreendedorismo e alimentação, eu pretendo montar alguma coisa ou arrumar um emprego com a experiência que eu estou tendo aqui”, acredita.

O eixo Ceará Sem Fome +Qualificação e Renda, iniciado em 2024, tem como objetivo criar oportunidades de autonomia econômica e social para beneficiários e voluntários do programa. A iniciativa integra qualificação profissional, inserção no mercado de trabalho, empreendedorismo e crédito produtivo orientado, valorizando os saberes locais, fortalecendo o protagonismo comunitário e incentivando alternativas sustentáveis de geração de renda.
Mais de 20 mil pessoas foram capacitadas entre junho de 2024 e setembro de 2025, com cursos em áreas como Beleza, Empreendedorismo, Gastronomia, Serviços, Tecnologia da Informação, entre outras. A meta é formar 55 mil pessoas até o fim de 2026. O programa já inseriu quase 7 mil beneficiários no mercado de trabalho.
