A Chevrolet Ipanema foi uma perua da General Motors que fez sucesso entre os anos de 1989 e 1997. O modelo, derivado do Chevrolet Kadett, foi a terceira perua da marca americana no mercado brasileiro e teve duas ou quatro portas.
Quando chegou ao Brasil, a Ipanema seguiu as anteriores Chevrolet Marajó e Chevrolet Opala Caravan, mas ao sair de cena, deixava como companheiras a Chevrolet Corsa Wagon e, pouco antes, a Chevrolet Omega Suprema.
Fazendo ligação entre o passado das peruas da Chevrolet e o futuro, ela conviveu com a Chevrolet Astra Wagon (Astra Caravan) e era um projeto da Adam Opel AG, de Rüsselsheim, Alemanha. Lá era conhecida como Opel Kadett Caravan.
Compartilhando muitos itens com o Kadett, a Ipanema introduziu a perua intermediária na gama da GM, algo que a própria montadora sentia há muitos anos, mas especialmente ao desistir da perua Monza, que chegou a ter projeto.
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Ipanema – origem
Estranhamente, essa seria uma criação nacional, visto nunca haver existido uma Opel Ascona Caravan. Então, em 1989, com a chegada do Kadett, a GM finalmente conseguiu o que há pelo menos cinco anos vinha tentando preencher.
Tendo sido equipada com motores 1.8 e 2.0, ambos da Família II, a Chevrolet Ipanema era um produto bem mais moderno que a gama da GM na época e chegou a ter opção de transmissão automática com três velocidades.
Sem proposta esportiva, a familiar média da GM teve versões SL e SL/E inicialmente, adotando depois GL e GLS. Também ofereceu séries especiais e limitadas, nas edições Wave, Sol e Flair. Com bom bagageiro, cumpriu sua missão.
A origem da Chevrolet Ipanema começa no Opel Kadett “A”, de 1962, considerado a primeira geração da segunda fase, visto que o primeiro Kadett existiu apenas na época da Alemanha Nazista e era bem diferente.
A perua de duas portas era chamada Car-A-Van. Daí, com o tempo, o termo virou “Caravan”, sendo adotado poucos anos depois pela Chevrolet no Brasil, que iniciou seus passos nos automóveis de passeio com a alemã Opel.
Em sua terceira geração, o Kadett C teve uma perua compacta que chegou ao Brasil como Marajó. Com uma geração a mais, surgiu a Kadett Caravan E em 1984, chegando assim seis anos depois ao mercado nacional como Ipanema.
Nos anos 90, a GMB era tão “Opel” que trouxe da Bélgica, em 1993, os sucessores Astra (hatch) e Astra Wagon (perua Caravan). Nessa década, a Chevrolet teve nada menos que seis peruas no mercado nacional, entre nacionais e importadas.
A Ipanema, no entanto, resistiu a todas elas, exceto à Corsa Wagon, que seguiu até 2001. Mesmo a Astra Wagon – belíssima, por sinal – não aguentou a importação e não foi nacionalizada como hatch e sedã da segunda geração.
Após sete anos, seu legado morreu no início da década seguinte, sendo a minivan Meriva, a sucessora de uma proposta familiar na linha Chevrolet, que nunca mais teve peruas no mercado nacional.
Ipanema – história no Brasil
Poucos meses após o lançamento do Kadett, a GM trazia ao mercado nacional a Chevrolet Ipanema, homenageando a famosa praia da cidade do Rio de Janeiro. A perua derivada do hatch chamava atenção por suas formas verticalizadas.
Na época, surgiu até o comparativo com outra alemã, a DKW Vemaguette, feita no Brasil nos anos 60, mas sem nenhuma relação de parentesco, dado que a DKW era da Auto Union, que acabou nas mãos da VW, tanto lá quanto cá, com Vemag.
A frente curvada do Kadett seguia com as portas dianteiras, assim como com as colunas A e B. A partir daí, a Ipanema assumia sua identidade com janelas traseiras basculantes e vigias laterais maiores, mas com colunas C e D verticais.
Com a traseira truncada, surgiram as críticas ao design, considerado pouco atrativo por não seguir as linhas anteriores, mais fluidas. O corte reto na traseira teria se originado de um conceito aerodinâmico para evitar oscilações de direção.
Assim como o Kadett, outra característica da Ipanema eram as saias de rodas traseiras cortadas, que se fundiam com o para-choque traseiro. Na traseira, as lanternas coloridas eram verticais e a tampa do bagageiro muito ampla.
Tendo 4,228 m de comprimento, 1,666 m de largura, 1,430 m de altura e 2,520 m de entre eixos, a Chevrolet Ipanema tinha espaço interno razoável e bagageiro com 410 litros até as janelas, indo até 1.425 litros com o banco rebatido.
Tal como o Kadett, tinha suspensão dianteira McPherson e a traseira com eixo de torção, mais amortecedores inclinados e molas tipo barril. Herdava ainda o ajuste de carga através de bico de ar comprimento, a ser enchido nos posto de gasolina.
Ainda que o visual não agradasse, a Ipanema tinha atributos que a tornavam atraente, como o volume para bagagens, o bom acabamento da GMB na época e a motorização, que era condizente com sua proposta.
Contudo, sua suspensão era bem macia e a estabilidade era condizente. Boa de aerodinâmica, com vidros rentes à carroceria, a Ipanema era um avanço – como o Kadett – em relação ao Monza, com só dois anos de projeto de diferença.
O acesso para quem ia atrás não era bom, dada as duas portas e ao espaço reduzido para as pernas, mas a tendência de mercado se mantinha assim desde os anos 70 e o consumidor não queria mudar, pelo menos não ainda…
Por dentro, a Ipanema mantinha as linhas do Kadett, com painel tendo mostradores diferenciados entre as versões SL e SL/E, assim como os difusores de ar pequenos, o porta-luvas ruim e os comandos ergonômicos de origem Opel.
O display digital do relógio entre as saídas de ar chamavam atenção, assim como o porta-objetos sobre o porta-luvas. Com alavanca de câmbio alta e dotada de trava de ré, a Ipanema ostentava tecido aveludado e de qualidade nas portas e bancos.
O banco traseiro, assim como no Kadett, podia ser inteiriço ou bipartido por igual. Notadamente, a perua da GM era orientada para uma família de quatro pessoas e não cinco, dado o formato desse assento traseiro, de acesso ruim.
Com motor 1.8 a álcool ou a gasolina, a Chevrolet Ipanema seguiu para a década de 1990 sem mudanças nos três primeiros anos, oferecendo ar condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, retrovisores elétricos e toca-fitas.
Vidros verdes, para-brisa degradê, lavador e limpador do vidro traseiro, desembaçador traseiro, cinzeiro, acendedor de cigarros, fonte 12V e rodas de liga leve aro 13 polegadas, com pneus 165/70 R13, retrovisor dia e noite, check control, etc.
Estes itens, em sua maioria, eram, opcionais, assim como o regulador de carga da traseira por ar comprimido, que tinha um bico para acoplamento do compressor de ar dos postos de combustível, evitando assim a traseira abaixar com carga.
Em 1993, com o Kadett, a Chevrolet Ipanema ganhou discos de freio nas rodas traseiras, além de transmissão automática de três marchas, o que lhe conferia maior conforto em viagens longas com a família. Novas rodas também chegaram.
No ano seguinte, a Ipanema mudava a nomenclatura, passando a SL para GL e a SL/E para GLS. O motor continua a ser o 1.8 de quatro cilindros e 8 válvulas, mas ainda mantinha a injeção monoponto desde 1991. Passava a ter quatro portas.
O modelo ganhou ainda motor 2.0 com injeção monoponto, inclusive para uma série especial (ver mais abaixo), tendo ainda o tanque de combustível ampliado para 60 litros contra os 47 litros anteriores, o que ajuda na autonomia.
Na linha 95, a Ipanema passou a ter um novo painel, com mudanças no cluster, assim como porta-luvas maior e melhor, bem como botões dos vidros nas portas, inclusive das traseiras, que tinham quebra-ventos falsos.
As quatro entradas facilitaram em muito a vida de quem ia atrás na Ipanema. Ganhava ainda temporizador do limpador do para-brisa e alarme magnético com acionamento no vidro do para-brisa, algo que era encontrado até nas autopeças.
Os encostos de cabeça passaram a ser inteiros, sem elementos vazados. Na linha 96, a Ipanema passava a dispor de visual novo, com grade redesenhada ao estilo Opel, inclusive com logotipo da Chevrolet mantendo-se dentro do aro do blitz.
Os para-choques envolventes podia incorporar faróis de neblina e com formas ovalizadas na parte inferior. Um novo rack de teto foi incorporado ao modelo. Ali, somente a versão GL permaneceu, com motor 1.8 EFI de série e o 2.0 EFI opcional.
Assim como em 1989, a Ipanema entrou para substituir a Marajó, que saiu de linha em 1988, no ano de 1997, a perua derivada do Kadett deixou de ser produzida em São José dos Campos, Vale de Paraíba, mas teve uma linha 1998.
Nessa linha 98, contudo, havia uma surpresa. A Chevrolet Ipanema vinha com motor 2.0 MPFI, ou seja, com injeção multiponto, encerrando assim o legado da perua média da GM, que deixou o mercado para a Corsa Wagon.
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Ipanema – versões e equipamentos
A Chevrolet Ipanema surgiu nas versões SL e SL/E, sendo que a primeira era bem básica, tendo frisos laterais menos finos, para-choques pretos sem detalhes, rodas de aço aro 13 com calotas centrais metálicas e pneus 165/70 R13.
Por dentro, os bancos tinham estofamento simples e vidros manuais, assim como travas e retrovisores externos com controle interno. O cluster tinha somente velocímetro, nível de combustível e temperatura da água.
Havia um grande número de opcionais, mas de fábrica não contava nem com limpador traseiro ou mesmo equipamento de rádio, tal como não havia direção hidráulica e nem ar condicionado, pagos à parte.
Já a SL/E tinha frisos cromados, protetores laterais maiores, rodas de aço com calotas integrais, vidros verdes, para-brisa degradê, vidros e travas elétricas, com relógio digital, conta-giros, check control e volante acolchoado.
Os bancos eram aveludados e havia ainda ar condicionado e direção hidráulica, bem como podia dispor de retrovisores externos com controle elétrico. O banco traseiro era bipartido e havia cobertura no porta-malas, bem como rack no teto.
SL e SL/E passaram a dispor de mais itens novos adiante, como freios a disco nas rodas traseiras, tanque maior, opção de câmbio automático, novas rodas de liga leve, entre outras adições, como motores 1.8 e 2.0 com injeção eletrônica.
Nas GL e GLS, esta que durou muito pouco, a Ipanema manteve os itens acima, adicionando no facelift para-choques na cor do carro, temporizador do limpador do para-brisa, alarme magnético com chaveiro, entre outros.
Ipanema – motor e transmissão
A Chevrolet Ipanema teve dois motores da Família II da GM, ambos com blocos de ferro fundido e cabeçotes de alumínio com oito válvulas, mais tuchos hidraulicos e comando acionado por correia dentada, bem como distribuidor no mesmo.
Com carburador de corpo duplo, o motor 1.8 OHC iniciou o curso na Ipanema com 95 cavalos com gasolina e 14,3 kgfm. Depois, chegou a injeção eletrônica monoponto (EFI), que elevava a potência para 98 cavalos e 14,6 kgfm.
No álcool, esse motor chegava a 99 cavalos. Com derivado de petróleo, fazia 9,1 km/l na cidade e 12,7 km/l na estrada, tendo ainda aceleração de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos e com máxima de 165 km/h.
Já com motor 2.0 EFI, que tinha as mesmas características, a Ipanema ia de 0 a 100 km/h em 11,7 segundos e tina máxima de 180 km/h, graças aos 110 cavalos e 16,6 kgfm. Em 1998, o 2.0 MPFI chegou com 110 cavalos e 17,6 kgfm.
Ipanema – séries especiais
A Chevrolet Ipanema teve três séries especiais nos anos de 1992, 1993 e 1994. A primeira delas foi a Wave, que surgiu com apelo focado na praia, tendo faixas decorativas laterais e colunas B pintadas de preto, ampliando a impressão visual.
Com barras no teto, para-choques e frisos pretos, além de retrovisores na cor do carro, a Ipanema Wave trazia rodas diamantadas de liga leve aro 13 polegadas do Kadett Turim. Dentro, o estofamento era cinza e azul, enaltecendo a série.
Pintada apenas de prata, a Chevrolet Ipanema Wave era baseada na versão SL/E e tinha motor 1.8 EFI, com 98 cavalos na gasolina e 99 cavalos no álcool, mas somente com transmissão manual de cinco marchas. Em 1993, veio o automático.
Depois, em 1993, surgiu a Ipanema Sol, a série especial que recebeu motor 2.0 EFI de 110 cavalos, tendo ainda para-choques na cor da carroceria, além de faixas externas amarelas, assim como a grafia do painel. O volante era de GSi.
Esta série surgiu um mês antes de ser lançada a Ipanema com quatro portas, que também foi estendida para esta edição especial. Por fim, em 1994, a GM lançava a Flair com o mesmo motor, porém, com entradas de ar no capô do Kadett GSi.
Ipanema – fotos
Fonte: Agência Brasil