Foi-se o tempo em que os modelos 1.0 eram sinônimo de “populares”, termo usado no início dos anos 90, quando começaram a aparecer os carros de baixa cilindrada, despojados, feitos para quem busca algo simples e barato. Logo se tornaram um sucesso no Brasil e foram ganhando participação de mercado até atingir o ápice de 69,1%, em 2001.
A partir daí foram perdendo espaço para versões 1.4 e 1.6. Nos últimos 10 anos, o máximo que os chamados carros com 1 litro de cilindrada conseguiram atingir foi 48,1%, em 2010. Porém, nos últimos 4 anos, vem se observando uma alta gradativa nas vendas dos modelos 1.0 , mas por razões diferentes daquelas de 30 anos atrás.
Agora, carro 1.0 não é somente um hatch simples e em conta, mas até SUV, já que o emprego de novas tecnologias mais do que dobraram o rendimento desses motores de baixa cilindrada. Portanto, em busca de eficiência e para atender às cada vez mais rígidas normas antipoluição, as fabricantes começaram a adotar motores 1.0 em diversos modelos, de várias categorias.
Um bom exemplo é do novo SUV com ares de cupê, o VW Nivus , que começou a ser vendido apenas com motor 1.0 turbo, de 128 cv e 20,4 kgfm de torque a meros 2.000 rpm. Entre outros itens, há variadores de fase nos comandos de válvulas, cabeçote com quatro válvulas por cilindro e injeção direta de combustível. Na prática, o resultado disso é bom desempenho e baixo consumo. Segundo o Inmetro, o Nivus pode fazer 13,2 km/l de gasolina na estrada e 10,7 km/l na cidade.
Além da VW outras marcas adotam motores 1.0 turbinados, como a GM, nos modelos Onix , Onix Plus e Tracker. A partir do ano que vem, a FCA terá a linha Fire Fly sobrealimentada, que vai equipar, entre outros, o novo SUV feito com a mesma base da dupla Argo/Cronos. E a Honda também deverá lançar, enfim, seu 1.0, de três cilindros, turbo, nos novos Fit e City.
Novos carros 1.0 em alta no mercado
Então, a curva acendente de partcipação dos carros 1.0 no mercado brasileiro continuará a crescer. Em 2016 os modelos com 1 litro de cilindrada tinham 33% das vendas, percentual que subiu para 34,5% em 2017 e 36% no ano seguinte. No ano passado, atingiram 39,6% de participação e, no primeiro semestre de 2020, já estão em 46,9%.
Em tempos de pandemia, falar de aumento nas vendas de carros 1.0 pode soar como um retrocesso ligado à perda da renda na forte crise econômica. De fato, o mercado automotivo deverá sofrer um tombo de 40% em 2020 e os índices não são nada favoráveis. Mas a razão principal da volta dos modelos 1.0 está mais ligada às questões de eficiência no sentido mais amplo da palavra.