Pandemia, falta de peças, greve de funcionários…não foram poucos problemas que as montadoras tiveram que lidar nesse ano. Mas você saberia dizer quais carros tiveram a maior queda de vendas em 2021?
A lista abaixo responde essa pergunta, mostrando que Chevrolet e Volkswagen foram as mais afetadas, especialmente pela crise dos semicondutores. Enquanto a primeira aparece sozinha no pódio, a segunda tem o maior número de representantes entre os 10 citados.
A GM do Brasil realmente teve a maior dor de cabeça, especialmente quando levamos em conta que sua dupla Onix e Onix Plus costumavam nadar de braçadas por aqui. Já a VW viu praticamente todos os seus modelos serem afetados pela falta dos chips.
Outro dado relevante é que, dos 20 carros mais vendidos no Brasil em 2021, apenas cinco não tiveram queda nas vendas. O que mais se destaca é o Jeep Compass, que viu suas vendas se manterem num ótimo nível em todos os meses.
Para fazer esse levantamento, usamos os dados divulgados pela Fenabrave em relação aos resultados trimestrais dos carros mais vendidos do país. Depois, comparamos o desfecho de cada trimestre, fazendo uma média desses resultados para finalizar nossa lista, ordenada pelos piores resultados.
Confira como cada modelo se saiu e comente o que você acha que vai acontecer até o final do ano!
1) Chevrolet Onix: -53,89%
Você já ouviu aquela expressão “quanto mais alto, maior a queda”? Bem, isso se aplica de forma perfeita à situação do Chevrolet Onix em nosso mercado quando vemos suas vendas em 2021.
Ao comparar seus resultados entre o 1º e o 2º trimestres (quando vendeu 28.759 e 12.751 unidades, respectivamente), a queda foi de 55,66%. Do 2º para o 3º trimestre (6.105), o tombo foi de 52,12%.
Antes disso, o líder disparado dos últimos anos acumulava números expressivos, de dar inveja a qualquer rival. Com isso, ele estava voando bem alto quando a crise dos chips afetou de forma direta sua linha de produção.
Ao final de 2020, depois de emplacar mais de 135 mil unidades (contra 86 mil do HB20, o segundo colocado), o Onix completava seu 6º ano consecutivo na liderança. Mas esses números já haviam caído muito em relação a 2019, quando ele superou 241 mil emplacamentos.
O pior, porém, estava por vir. Em março desse ano, a escassez de semicondutores paralisou sua produção. Ao final desse mesmo mês, o HB20 assumia a liderança, posto que ainda foi ocupado por Mobi e Argo até setembro, mas nenhuma vez pelo antigo líder.
Em agosto, o Onix chegou a cair para a 49ª, com apenas 410 unidades vendidas. Esse foi o segundo pior resultado em toda a sua história, perdendo apenas para seu mês de estreia, lá em 2012.
Aos poucos, parece que a situação está se normalizando, pois em setembro o Onix registrou 4.311 unidades vendidas, sendo o 8º carro mais procurado do país. Mas fica a pergunta: ele vai retomar a liderança?
2) Chevrolet Onix Plus: -50,25%
Quando um problema afeta a família, todos sofrem juntos. Isso não foi diferente com os irmãos Onix e Onix Plus, os modelos que tiveram as piores quedas em suas vendas durante os nove primeiros meses desse ano.
No caso do sedã, a queda entre os dois primeiros trimestres foi de 48,79% (19.090 e 9.776 unidades, respectivamente). Já para o 3º trimestre (4.721), o resultado foi ainda pior: -51,71%.
O motivo foi o mesmo do hatch, a falta dos chips. De início, havia a expectativa de uma solução mais rápida, mas o tempo foi mostrando que não seria bem assim. A marca anunciou que pretendia retomar a produção em 19 de julho, mas depois mudou essa data para 3 de agosto.
Com isso, o Onix Plus foi caindo de sua confortável 3ª posição entre todos os automóveis. Ele saiu do top 10 em maio, quando ficou em 14º, ficando fora dos 50 mais vendidos em agosto, quando teve apenas 267 vendas.
Em setembro, com 3.747 unidades, ele já voltou para a 10ª posição.
3) Chevrolet Tracker: -40,77%
Completando a enorme dor de cabeça para a Chevrolet, o Tracker completa o pódio dos modelos que tiveram as piores quedas em suas vendas. E no segmento dos SUVs, isso pode ser ainda mais difícil de recuperar.
Falando um pouco sobre seus resultados, ele caiu de 16.045 unidades no 1º trimestre para 11.080 no 2º (-30,94%). Entre julho e setembro, a queda foi ainda pior (-50,60%), com apenas 5.473 emplacamentos nesse período.
Afetado pelo mesmo problema dos chips, o Tracker só começou a respirar aliviado em setembro, quando a marca anunciou que dobraria sua produção. Poucos dias depois, porém, uma greve dos trabalhadores em São Caetano do Sul (SP), onde o modelo é feito, paralisou novamente sua linha.
O problema a ser resolvido agora pela GM é o reajuste dos salários para 2022. Os funcionários cruzaram os braços por não aceitar a proposta da montadora, que por sua vez promete resolver o assunto o mais rápido possível.
Aliás, a Chevrolet realmente deve fazer isso, pois as diversas paralisações em 2021 fizeram com que ela deixasse de produzir 200 mil veículos, contando as linhas desses três modelos.
4) Volkswagen Polo: -36,88%
Se a Chevrolet conseguiu o “feito” de ocupar as primeiras posições desse ranking, a Volkswagen viu ainda mais modelos serem afetados pela queda nas vendas. Das sete posições restantes da lista, quatro são da marca alemã.
O pior resultado da VW foi em relação ao Polo, que amargou uma queda de 23,88% entre os dois primeiros trimestres (8.091 vendas no primeiro e 6.159 no segundo). Com as 3.087 vendas do 3º trimestre, a queda em relação ao período anterior foi de 49,88%.
Feito na planta de São Bernardo do Campo (SP), junto com Virtus, Nivus e Saveiro, o Polo viu sua linha de montagem parar por 10 dias em junho e 20 dias em julho, entre outras paralisações.
Em setembro, a marca ainda decidiu retirar a central multimídia Composition Touch das versões 1.0 e 1.6, colocando o item como um opcional (por R$ 1.830). Além disso, ela também divulgou um novo aumento de preços.
O Polo continua em queda livre nas vendas, emplacando menos que Toyota Yaris, Peugeot 208 e VW Fox nos últimos meses.
5) Volkswagen Voyage: -36,41%
O veterano Voyage é outro modelo da marca que teve uma queda expressiva em suas vendas, caindo 14,46% do 1º para o 2º trimestre (7.994 x 6.838 unidades) e incríveis 58,35% do 2º para o 3º (quando emplacou apenas 2.848 unidades).
Uma dessas paralisações ocorreu em junho, quando a linha do sedã compacto (junto com o Gol, em Taubaté, e Fox e T-Cross em São José dos Pinhais) parou por 10 dias. No final de agosto, um recesso com a mesma duração também foi anunciado.
Segundo a marca, um fato que atrapalhou diretamente seu recebimento de semicondutores foi o fechamento das fronteiras da Malásia, principal fornecedor da marca, para conter o avanço da Covid-19.
Até setembro, o Voyage ainda se mantinha na segunda posição entre os sedãs pequenos, atrás apenas do HB20S. Com o problema atual, porém, logo ele deve ser ultrapassado pelo Fiat Cronos.
6) Fiat Uno: -33,12%
Dando um respiro para a Volkswagen, vamos falar de outro modelo que também amarga resultados negativos nesse ano: o Fiat Uno. Fazendo hora extra por aqui, ele teve uma queda média de 33,12%.
Por trás desse número está o declínio de 18,95% entre os dois primeiros trimestres (8.473 x 6.867 unidades), além da queda de 47,28% em relação ao 3º trimestre (3.620 emplacamentos).
O interessante é que, apesar de também ter sido afetada pela crise dos chips, a Fiat conseguiu bons resultados durante a pandemia. Tanto é que apenas o Uno, um modelo já em fim de vida e que deve ter seu futuro anunciado pela marca em breve, aparece nessa lista.
Seus outros carros, como Argo e Mobi, utilizam bem menos componentes eletrônicos que o Onix, por exemplo. Ou seja, eles foram menos afetados por esse problema.
Além disso, a marca investiu pesado num bom planejamento para o período da pandemia e também no marketing, dando uma aula sobre como lidar com uma fase tão difícil.
7) Volkswagen Gol: -27,64%
Voltando à marca mais afetada pela falta de um componente tão pequeno, a Volkswagen volta a aparecer por aqui com o Gol. Mesmo com uma boa expectativa para esse ano, ele teve uma queda acentuada nas vendas.
É bom explicar que, quando falamos sobre “expectativa”, estamos nos referindo à participação do veterano hatch na modalidade de vendas diretas. Em 2020, ele liderou esse segmento, que respondeu por quase 71% de suas vendas no total.
O problema é que ele também viu sua produção ser paralisada diversas vezes pela falta de semicondutores, o que ocorreu em junho, julho e no final de agosto. Isso teve um reflexo direto em seus números.
Depois de vender 19.013 unidades entre janeiro e março, o número de emplacamentos caiu para 17.956 entre abril e junho (-5,56%) e 9.027 entre julho e setembro (-49,73%).
Atualmente, o Gol continua vendendo entre 3 mil e 4 mil unidades por mês, ficando na segunda posição em seu segmento.
8) Volkswagen Virtus: -15,95%
O último modelo da Volkswagen que vamos citar, pelo menos quando falamos sobre as 10 piores quedas nas vendas, é o Virtus. Felizmente, seu tombo foi bem menor que o irmão Polo.
Isso se dá pelo fato de que o sedã sempre teve uma participação mais discreta em nosso mercado. Foram 6.669 unidades vendidas no 1º trimestre, 6.354 no 2º (-4,72%) e 4.627 no 3º (-27,18%).
Além das constantes paradas na linha de produção e de ter perdido sua central multimídia na versão 1.6, o Virtus é um dos campeões quando falamos sobre seguidos reajustes na tabela de preços.
No final do ano passado, sua linha 2021 recebia o terceiro aumento, fazendo com que a versão Highline passasse dos R$ 100 mil. Logo em janeiro, outra alta, dessa vez alterando seus preços em até R$ 2.280.
Essa foi a tônica durante vários meses de 2021, fazendo com que os preços atuais do Virtus estejam entre R$ 93.800 e R$ 133.090. Dá pra encarar?
9) Renault Kwid: -10,35%
Fechamos nossa lista com outras duas marcas que parecem ter sido menos afetadas pelos diversos problemas que o setor enfrentou nos últimos dois anos. A primeira delas é a Renault, que aparece aqui com seu modelo de entrada.
O Kwid nunca foi um campeão de vendas, mas ele teve seus momentos em 2021. No mês de junho, por exemplo, ele ficou na 5ª posição com mais de 6 mil unidades vendidas, um resultado excelente.
Mas a crise dos chips não deixou a Renault passar em branco. No final de julho, a marca anunciou uma paralisação na produção dos modelos Captur, Duster, Logan, Sandero e Stepway, além do próprio Kwid.
O que era para durar apenas 10 dias acabou se estendendo por muito mais, com a volta dos funcionários ocorrendo apenas em 6 de setembro. O resultado disso fica claro quando falamos sobre as vendas do compacto.
Nos três primeiros meses do ano, o Kwid emplacou 13.895 unidades, número que subiu para 15.291 no 2º trimestre (+10,05%). Depois do problema citado acima, porém, suas vendas entre julho e setembro ficaram em 10.590 carros (queda de 30,74%).
10) Hyundai HB20: -4,07%
Uma lista que começa com o Onix e termina com o HB20 mostra a diferença de resultados entre esses dois rivais. Enquanto o primeiro amargou uma queda média de 53,89%, o segundo teve um declínio de apenas 4,07%.
Aliás, falar que o modelo da Hyundai teve uma queda nas vendas comprova que o problema foi geral, pois estamos falando do atual líder de mercado no país. Ele já tem 67.146 unidades acumuladas entre janeiro e setembro, numa briga bem acirrada com o Fiat Argo.
Mesmo assim, houve uma redução. O HB20 vendeu 23.665 unidades no 1º trimestre e 21.743 no 2º (-8,12%), praticamente mantendo esse nível no 3º período trimestral (21.738 e queda mínima de 0,02%).
A diferença para a Chevrolet é que a Hyundai conseguiu manter, em boa parte da paralisação, pelo menos um turno operando. Além disso, em 2021 o HB20 mudou sua gama de versões e anunciou algumas novidades em nosso mercado. Será que estamos vendo um novo líder?
Carros com maior queda de vendas em 2021:
- Chevrolet Onix: -53,89%
- Chevrolet Onix Plus: -50,25%
- Chevrolet Tracker: -40,77%
- Volkswagen Polo: -36,88%
- Volkswagen Voyage: -36,41%
- Fiat Uno: -33,12%
- Volkswagen Gol: -27,64%
- Volkswagen Virtus: -15,95%
- Renault Kwid: -10,35%
- Hyundai HB20: -4,07%
Fonte: Agência Brasil