O final dos anos 1990 foi bem rico para os modelos de visual retrô. Foi nessa época que surgiram carros como o VW New Beetle e a curiosa Chevrolet SSR, com linhas inspiradas nas picapes da década de 50. Para não ficar de fora, a BMW resolveu apresentar, em 1999, o roadster Z8.
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Diferente do compacto Z3, com seu mais visual sintonizado ao dos BMW da época, o BMW Z8 foi criado para ser a releitura de um clássico. Desenhado pelo dinamarquês Henrik Fisker, era quase um carro-conceito de produção, com linhas claramente inspiradas no roadster 507 dos anos 1950, trazendo detalhes como a grade frontal de “duplo rim” na horizontal e as saídas de ar laterais características.
Assim como o modelo clássico, o Z8 também estava equipado com um V8, desta vez um bloco de 4.941 cm² capaz de desenvolver 400 cv. Combinado a um câmbio manual de seis marchas, o esportivo acelerava de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos.
Com o Z8, a BMW queria criar um “clássico moderno”. Por este motivo o roadster não foi criado para ser um modelo de produção em larga escala. A carroceria, por exemplo, era montada em alumínio na fábrica de Dingolfing e transportada para Munique, onde o carro era finalizado de maneira artesanal. Outro detalhe exclusivo eram as lanternas traseiras, com luzes de neon.
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Com produção iniciada em 2000, o Z8 saiu de cena em 2003, com apenas 5.703 unidades produzidas. Apesar da sua curta vida, o Z8 teve a honra de figurar — antes mesmo do lançamento oficial — como o carro do agente secreto James Bond no filme “007 O Mundo não é o Bastante” (1999). Outra aparição do modelo no cinema foi no filme “O Terno de 2 Bilhões de Dólares” (2002), guiado pelo astro Jackie Chan. Nos esportes, o roadster foi utilizado em 2001 como o safety car da Moto GP.
Como foi acelerar a raridade há 20 anos
O BMW Z8 teve uma rápida passagem no Brasil em meados de 2000, quando tive a oportunidade de dar uma voltas no carro na pista da Pirelli , em Sumaré (SP), há quase 20 anos. Na época, o conversível estava com apenas cinco unidades vendidas no País, cada uma por R$ 490 mil, o que era uma fortuna.
Lembro que o maior campeão da história da Stock Car, Ingo Hoffman, estava na pista como um dos instrutores da BMW e, no final do teste, ironizou, ao perceber que fiquei um pouco empolgado com o carro, me perguntando se eu já podia assinar o cheque…Estava apenas começando no jornalismo automotivo e foi um marco ter acelerado o roadster que havia aparecido no cinema.
O ronco do metálico do V8, semelhante ao de uma Harley-Davidson, foi um dos detalhes que mais de impressionaram no carro, assim como o estilo retrô e outros itens, como não ter como usar a visão periférica para trocar de marcha, já que o contagiros fica no centro do painel.
Além disso, há uma tecla “sport”, no console central, que deixa a direção mais firme, torna os amortecedores mais rígidos e aumenta a velocidade das respostas do acelerador. Aí, sente-se mais confiança em entrar na curvas com os pneus cantando, além de controlar as derrapagens com o movimento do volante.
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Como um dos modelos mais sofisticados na época, o BMW Z8 já tinha alguns dispositivos eletrônicos que são comuns hoje em dia, mas há 20 anos eram encontrados apenas modelos de alto valor, como o CBC, que distribui e controla a força de frenagem nas curvas, e o DSC, evita que o carro saia da trajetória ideal, atuando em conjunto com sistema que impede o travamento das rodas. Sem dúvida, foi uma experiência memorável. (Carlos Guimarães) .