Em audiência pública remota da Câmara Legislativa (CLDF), nesta quarta-feira (9), o secretário de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal, Valter Casimiro, disse que a redução em cerca de 10% da frota de ônibus, que ocorre entre 7 de dezembro e 7 de fevereiro, não vai prejudicar os usuários. Ele argumentou que a demanda atual é de 55% em comparação ao período anterior à pandemia e que a tendência é diminuir. “Estamos monitorando linha a linha, diariamente, e onde for detectado aglomeração vamos reforçar, como já ocorreu em Planaltina, no Plano Piloto e em Samambaia”. Segundo ele, não houve redução nas “linhas de maior carregamento”.
O deputado Chico Vigilante (PT) argumentou que “neste período de férias poucos irão viajar”, mantendo uma demanda mais alta por transporte público em relação aos outros anos. “Que sejam devolvidos estes ônibus ao sistema, já que o DF continua remunerando as empresas normalmente”, defendeu. Ele também pediu para que a Secretaria exija das empresas a disponibilização de álcool em gel para funcionários e usuários. Rafael Prudente (MDB) perguntou se houve estudos que embasassem a retirada dos 277 veículos de circulação, dos cerca de 2.700 do total, e se a Secretaria de Saúde (SES) foi consultada. “Uma coisa é redução em época normal e outra coisa em durante a pandemia”, ponderou.
O secretário esclareceu que o quantitativo de ônibus não é avaliado pela SES e nem se baseia nas demandas dos anos anteriores, mas sim em monitoramento diário, e que a fiscalização sobre os protocolos de saúde resultou em mais de mil notificações. Segundo ele, a redução é necessária para que os funcionários das empresas, “que estão trabalhando integralmente”, possam gozar o direito a férias, e também para diminuir os prejuízos causados pela pandemia. “O nível de arrecadação reduziu muito porque mantivemos o custo todo com muito menos passageiros. Isso resultou no desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos”. Ainda de acordo com ele, ao menos quatro empresas correm o risco de descumprir obrigações trabalhistas e que já há risco de greve.
Sobre outros questionamentos dos deputados, Valter Casimiro ressaltou que não é possível garantir o distanciamento no transporte público e que a tentativa de limitar o número de passageiros pode gerar caos e mais aglomeração. “Trabalhamos para que os ônibus tenham no máximo entre 45 e 50 passageiros, sendo 43 o número de poltronas”. Presidente da Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana da CLDF, Valdelino Barcelos (PP) pediu atenção especial para com os usuários devido à pandemia: “A gente vê os ônibus superlotados e rodoviárias com aglomeração. Todo mundo é obrigado a ir colado um no outro. Esperamos que esta fiscalização continue”. Segundo o distrital, 66% dos usuários consideram “péssimo” o serviço de transporte.
Ao final da audiência, os deputados convidaram o secretário para realizarem “blitz” em conjunto nas linhas mais importantes do DF. Chico Vigilante propôs visitar os centros de Ceilândia e de Brazlândia. “O senhor vai chegar à conclusão efetiva de que precisa colocar mais ônibus nessas linhas”, afirmou o distrital. Prudente reforçou que a população pode denunciar os transtornos e irregularidades do transporte por meio da Ouvidoria da CLDF (3348-8315 e ouvidoria@cl.df.gov.br): “Queremos manter um canal aberto com a Secretaria, para que estas demandas de reclamação sejam resolvidas. Também somos responsáveis por melhorar o transporte público”. O secretário se colocou à disposição das blitz: “Eu tenho feito isso desde o primeiro dia de gestão. Faço questão de andar no transporte para ver em loco”.
Mário Espinheira
Imagem: Reprodução/TV Web CLDF
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa
