Participantes da audiência pública remota da Câmara Legislativa, na noite desta terça-feira (9), apoiaram a escolha do nome do policial penal Francisco Pires de Souza para o bloco E da Penitenciária do DF (PDF1), que fica no Complexo Penitenciário da Papuda. Aos 45 anos, o policial morreu por complicações da Covid-19 em 17 de maio do ano passado.
O autor da proposta (PL 1561/2020), deputado Reginaldo Sardinha (Avante), disse que Francisco Pires de Souza, conhecido como Chiquinho, trabalhava na penitenciária desde 2010 e era um “brilhante profissional”, tendo recebido vários elogios, inclusive formais e publicados em diários oficiais, por sua “garra e determinação”.
Sardinha explanou que a pandemia trouxe um verdadeiro colapso para o sistema penitenciário do Distrito Federal, que inicialmente foi considerado um epicentro da doença na capital. “Nessa época, Chiquinho foi contaminado e ficou internado no Hospital Regional da Asa Norte por vinte dias, até que, mesmo sem comorbidades, perdeu a luta para doença, deixando família, amigos e colegas de trabalho em luto, por uma perda tão precoce”, narrou. Segundo o parlamentar, a homenagem post mortem é, desse modo, um reconhecimento ao trabalho de Chiquinho e, por extensão, “uma valorização aos policiais penais, servidores que trabalham com a escolta, vigilância e custódia dos presos, e contribuem para a segurança da sociedade”.
Ao considerar justa a homenagem nesse momento difícil, o secretário de Administração Penitenciária do DF (SEAPE), Agnaldo Curado Filho, disse que “não podemos deixar cair no esquecimento o que aconteceu com o policial Francisco”, ao citar que ele sempre serviu com competência e confiança. Segundo o secretário, a homenagem também serve de alerta para que os policiais possam enfrentar o dia a dia de trabalho durante a pandemia com segurança e cuidados.
Fato histórico
Há 33 anos na Polícia Civil, o chefe de gabinete da Seape, Geraldo Nugoli Costa, disse que a homenagem é um fato histórico por reconhecer o valor de um policial, eternizando seu nome em uma unidade do sistema prisional.
Em uníssono, o coordenador da Seape, Valdek Cavalcante, frisou que a iniciativa é “merecida”. Ele acrescentou que a secretaria tem feito de tudo para proteger seus servidores contra a Covid-19, mas que os policiais são profissionais do front de guerra e, portanto, cercado por riscos.
Vários policiais parabenizaram Sardinha pela iniciativa, como os policiais da PDF 1, Thiago Silva e Helton Meireles Júnior, que foram colegas de Chiquinho. “Ele foi um policial exemplar”, afirmou Silva.
Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Penais do DF (Sindpol), Paulo Rogério Silva, e a presidente da Associação dos Servidores do Sistema Penitenciário do DF (Asspen), Maryland Lima, a categoria considera louvável e apoia a homenagem a Chiquinho. Paulo Sérgio reivindicou que a morte por Covid-19 seja considerada acidente de trabalho, como já ocorre na iniciativa privada. “É uma forma de respaldar a família de policiais que trabalham diuturnamente nessa pandemia”, argumentou. Emocionada, a viúva de Chiquinho, Cília Regina da Silva, agradeceu a homenagem.
Legislação
De acordo com a legislação local (Lei nº 4.052/2007), a alteração de nomes de logradouros e monumentos públicos deve ser ratificada por meio de audiência pública. O evento foi transmitido ao vivo pela TV Web CLDF e pelo canal da Casa no Youtube.
Franci Moraes
Fotos: Reprodução TV Web CLDF
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa