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Debate sobre leitos de UTI encerra ciclo de audiências sobre saúde


A capacidade de atendimento em leitos de UTI da rede pública de saúde, a contratação desses equipamentos na rede privada durante a pandemia e, especialmente, na montagem do Hospital de Campanha do Estádio Mané Garrincha, bem como os contratos com essa mesma finalidade firmados pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) foram tratados no último debate do ciclo de audiências públicas “De Olho na Saúde”, realizado pela Câmara Legislativa, nesta sexta-feira (6), por iniciativa do deputado Leandro Grass (Rede).

Antes de formular perguntas aos gestores do setor de saúde pública e do Iges-DF, durante a discussão, que contou com representantes de organizações da sociedade civil, Grass apresentou um amplo panorama sobre as contratações de leitos de UTI, seja para as enfermidades em geral ou voltadas para os casos de Covid-19. Baseado em relatórios de órgãos de controle, o distrital apontou diversos tipos de problemas, como o sobrepreço.

Destacou ainda a situação das emergências em todo o DF, incluindo as UPAs, que registram falta de insumos, medicamentos, equipamentos e outros produtos básicos, a exemplo de macas, respiradores e, ainda, a interrupção no fornecimento de oxigênio. E salientou a dificuldade de acesso a UTIs em unidades de saúde como o HRAN. Em seguida, fez vários questionamentos aos representantes do governo e do Iges-DF incluindo o plano de distribuição dos equipamentos após o fechamento dos hospitais de campanha.

Às indagações de Grass, a presidente do Conselho de Saúde do DF, Jeovânia Rodrigues, acrescentou a necessidade de o governo reavaliar a contratação de UTIs na rede privada para investir na ampliação dessas unidades de tratamento, para o atendimento em geral, não apenas para a Covid-19, no serviço público. Por sua vez, Procópio Miguel dos Santos, representante do Conselho Regional de Medicina, observou que o GDF tem dificuldades de seguir o planejamento inicial para enfrentar a pandemia. Enquanto Tiago Pessoa, do Conselho Regional de Enfermagem, analisou que um dos principais problemas “é a falta de enfermeiros especializados, em quantidade adequada”.

Participação do GDF e Iges-DF

Em nome do governo, a primeira a falar foi Rejane Vaz de Abreu, da área de transparência e controle social da Controladoria-Geral do DF, que relatou o processo de acompanhamento do órgão, visando a diversas questões, desde os casos de contaminação pelo coronavírus aos estoques de insumos, número de profissionais, leitos disponíveis e lista de espera. Frisou os dados contidos no Portal Covid-19 e salientou a importância do acesso aos dados.

Superintendente do Hospital de Santa Maria, gerido pelo Iges-DF,  Willy Pereira da Silva Filho, admitiu a existência de problemas na unidade, mas afirmou que o principal objetivo da atual gestão é acabar com a “medicina de corredor”, referindo-se aos pacientes que aguardam vaga. “Isso é uma desumanidade. Por isso, estamos requalificando espaços subutilizados para ampliar o atendimento”, declarou. Explicou também que o hospital registra uma taxa de ocupação elevada relativa à Covid: 95% dos leitos de UTI destinados aos contaminados estão ocupados.

Já o superintendente do Hospital de Base, também sob gestão do Iges-DF, Lucas Seixas, fez um relato mais otimista da situação. Ele apresentou uma cronologia da expansão dos leitos de UTI, a partir das necessidades impostas pela Covid-19, e garantiu “que não houve paciente com a doença fora desses leitos”. O máximo que ocorreu, segundo afirmou, era uma espera para que houvesse equipamentos adequados a cada tratamento. Com relação aos problemas de sobrepreço em contratos, avaliou que pode ter havido delitos da gestão anterior, porém, “a nova gestão está cuidando da transparência”. E ratificou que o Hospital de Base “mostrará que está produzindo mais e com mais qualidade”.

Respondendo pela área de assistência à saúde na Secretaria de Saúde do DF, Petrus Sanchez, por sua vez, explicou a destinação dos equipamentos que se encontravam no Hospital de Campanha do Mané Garrincha. A prioridade, inicialmente, será o Hospital de Campanha de Ceilândia, cidade que, junto com o Gama e Santa Maria, possui grande número de casos de Covid-19. O gestor assegurou que o governo está levando em conta a fiscalização do Ministério Público para buscar soluções para os problemas. E contou ainda que o governo vem se preparando para o caso de ter de enfrentar uma segunda onda da doença.

Encontros esclarecedores

Ao final do debate, o deputado Leandro Grass analisou que os “quatro encontros realizados até aqui foram muito esclarecedores para entender situações distintas da gestão da saúde durante a pandemia”. O parlamentar informou que será produzido um relatório a ser encaminhado aos órgãos participantes e aos seus representantes. “A nossa intenção é fazer com que tudo vá bem, respeitando os princípios republicanos”, concluiu.

Da mesma maneira que a audiência pública desta sexta-feira que tratou dos leitos de UTI, os demais debates do ciclo “De Olho na Saúde” estão disponíveis no canal da CLDF no YouTube. Os outros temas foram: hospitais de campanhaIges-DF insumos hospitalares.

Marco Túlio Alencar

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