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Audiência pública discute educação ecológica no DF


A Câmara Legislativa do Distrito Federal realizou, na manhã desta quarta-feira (11), audiência pública sobre educação ecológica integral e seus efeitos na conservação ambiental. A reunião usou como pauta a Encíclica “Laudato si'”, documento redigido pelo Papa Francisco que discorre sobre os perigos da degradação da natureza. Para discutir o tema, o deputado João Cardoso (Avante) reuniu especialistas, agentes públicos e líderes religiosos em sessão remota.

Para Cardoso, o principal desafio da educação ambiental é desconstruir um modelo de exploração desequilibrada da natureza que existe há séculos. “Durante toda a história da humanidade, os recursos naturais têm sido consumidos, mas atualmente há a necessidade de fazer isso de forma sustentável, intervir nos valores consumistas e imediatistas que temos”, explicou.

Educar ecologicamente é, segundo o parlamentar, “ampliar a percepção ambiental de educandos e educados e provocar novas maneiras de ver, sentir, pensar e agir comprometidos com a transformação da realidade e com vistas à preservação ao invés da destruição atual”. O deputado falou sobre a importância do método educacional desde a infância, e citou como exemplo seu filho mais novo, Bruno de nove anos, que é interessado e engajado com a preservação de recursos naturais. Também lembrou que as questões ambientais não são isoladas, mas têm relações com outros problemas sociais como a pobreza e a baixa qualidade de vida e dos espaços urbanos.

O padre Thierry Linard de Guertechin, membro da Comissão de Justiça e Paz da Comissão Nacional dos Bispos do Brasil, concordou com o deputado sobre a necessidade de repensar o papel do ser humano em relação ao mundo e a conexão entre problemáticas socioambientais. Ele afirmou ser necessário se distanciar da ideia de dominação do planeta e criar relações sociais mais humanas com tudo, inclusive com o meio ambiente. “Os deveres nascem do relacionamento do homem com a natureza, que foi dada por Deus a todos, e, portanto, seu uso se constitui uma responsabilidade. Precisamos educar a nós mesmos e uns aos outros para viver essa responsabilidade que temos não apenas com a natureza, mas com os pobres, as gerações futuras e a humanidade como um todo”, declarou.

Já a professora Isabel Schmidt do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Ecologia da Universidade de Brasília disse que as abordagens das áreas de conhecimento da academia e religião se diferenciam em relação ao método e pesquisa, mas que, ao final, ambas têm em comum o objetivo de mudar as relações humanas com o meio ambiente e preservá-lo. Ela acredita que a melhor forma de realizar essa mudança é aproximar as pessoas dos elementos naturais que abastecem os recursos usados no cotidiano: “Quando falam ‘a natureza’, pensamos em algo distante, mas ‘a natureza’ está aqui mesmo ao nosso lado. É a água que sai da torneira e os alimentos que comemos, e eles não aparecem do nada, são recursos naturais”.

Para a pesquisadora, a única forma de garantir o desenvolvimento ambiental e social conjuntos e sem causar danos é a parceria entre educação e meio ambiente. “Várias ações nossas têm impactos naturais enormes e são absolutamente insustentáveis, então, precisamos ter consciência disso e achar uma maneira de agir de forma mais sustentável. Mas como concretizar e aproximar essas ações para a sociedade? O melhor a fazer é aproximar a natureza de nós, educar nossos amigos, familiares e colegas de estudo ou trabalho sobre de onde vêm os recursos naturais que usamos” continuou.

Educação ambiental

O representante do Instituto Brasília Ambiental, Marcos Vinicius Paredes, falou sobre o que é um educador ambiental e explicou a função principal do órgão. “O Brasília Ambiental tem como missão oferecer meios e possibilidades para que todo mundo faça uma educação ambiental de qualidade. Todos que tentam conscientizar quem está próximo já são educadores ambientais, e o nosso papel como gestores é o de multiplicar esses educadores”, frisou.

Paredes também citou as ações do órgão para deixar a população do DF mais próxima da natureza da capital. Atualmente, o Instituto promove os programas “Parque Educador”, que leva crianças para parques do DF e realiza aulas sobre a flora e fauna local; “Eu amo o Cerrado”, que disponibiliza conteúdos sobre a biodiversidade do Cerrado e tenta fazer com que o tema seja parte de livros didáticos das redes de ensino; e o “Conexão Verde”, que leva a população para parques para ensinar sobre fitoterapia, saberes ancestrais e o uso de plantas medicinais.

Na reunião, também estiveram presentes a gerente de Resíduos Sólidos da Secretaria de Meio Ambiente, Isadora Lobão; o assistente jurídico da Arquidiocese de Brasília, João Paulo Echeverria; o professor e membro do coletivo SOS Ribeirão Sobradinho, Raimundo Barbosa; e o servidor da CLDF Diogo da Matta, representando o deputado Leandro Grass (Rede).

Victor Cesar Borges (estagiário)
Imagem: Reprodução/TV Web CLDF
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa

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