A essencialidade da água para os organismos vivos em seus aspectos materiais e espirituais foi evidenciada durante audiência pública da Câmara Legislativa que celebrou o Dia Mundial da Água, comemorado nesta segunda-feira (22). Requerido pelo deputado Leandro Grass (Rede), a ideia do evento, realizado por videoconferência, foi reconhecer ações, projetos e instituições do Distrito Federal voltados para a questão. “A água é alimento para a alma e para a vida”, declarou o parlamentar.
Representantes de iniciativas do poder público e de organizações da sociedade civil destacaram as atividades que vêm sendo realizadas visando, entre outros objetivos, estimular a conservação das nascentes, o reaproveitamento e o uso racional da água. “Essa é uma obrigação humana”, resumiu o distrital. A audiência pública, além de lembrar a passagem da data, também foi espaço para reflexão e debate sobre a necessidade de coordenação, entre os diversos grupos que defendem o equilíbrio do ecossistema, para que uma rede seja efetivada.
“Saúdo e invoco a força das águas em todas as suas formas, que há milhões de anos dá vida, sacia a sede, fornece energia, viabiliza a navegação, a pesca, lazer e turismo; e é a fonte primeira para a produção de alimentos”, afirmou Fátima Kaiser Cabral, do Programa Produtor de Água no Pipiripau que, em janeiro passado, obteve a segunda colocação do prêmio internacional “Water ChangeMaker Awards”, concorrendo com 340 propostas de mais de 80 países. Cerca de 180 agricultores estão contribuindo para a regeneração, restauração e produção de água na Bacia Hidrográfica do Ribeirão Pipiripau.
A premiação também foi salientada pela presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Distrito Federal, Denise Fonseca. “Eles garantem a produção de forma sustentável”, comentou. Ela reforçou a possibilidade concreta de, gastando menos, aumentar a produtividade sem prejudicar o meio ambiente, usando técnicas de irrigação. “Em meio à pandemia, cresce a importância do uso racional da água”, acrescentou.
Os resultados de várias ações foram enunciados durante a audiência. A estudante Fernanda de Almeida, por exemplo, fez um relato sobre o Projeto Piscicultura na Escola, também premiado, desenvolvido no Centro Educacional do Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal (CED PAD-DF), na área rural do Paranoá. Enquanto Denise Agostinho do Comitê de Bacia Hidrográfica dos Afluentes do Rio Paranaíba no DF, ratificou que, mesmo em meio a uma pandemia, “o cuidado com as águas não para”.
Iniciativas e parcerias
Por sua vez, Marcelo Ottoni, um dos fundadores do Movimento Ocupe o Lago, discorreu sobre a necessidade de manter a balneabilidade e o acesso democrático ao Lago Paranoá. Da Associação SOS Ribeirão, Raimundo Pereira Barbosa reclamou que, apesar dos esforços comunitários para a revitalização do Ribeirão de Sobradinho, “o governo não tem feito a sua parte”. Por seu turno, Angelo Márcio de Oliveira, defendeu urgência na criação do Parque Ecológico da Ceilândia. “Quando falamos em preservação da água, estamos falando de preservação do futuro”, disse, chamando a atenção para a profusão de nascentes na área prevista para o parque.
Representando o projeto Salve Nossas Nascentes, de São Sebastião, Waldir Cordeiro alertou para os perigos da especulação imobiliária na região entre o Mangueiral e o Jardim Botânico III. Segundo ele, foram identificadas 20 nascentes no local. “Promovemos a limpeza dessas áreas, mas precisamos engajar mais a juventude”, completou. Já a professora Rosana Marques, da Comissão de Defesa do Meio Ambiente (Condema) da Candangolândia, reforçou os cuidados com o patrimônio natural em torno do Córrego do Guará, nos limites daquela cidade com o Jardim Zoológico.
Outras organizações que participaram da audiência, atuam no plantio de árvores. O Movimento Ecos do Cerrado, representado por Edmi Moreira, por exemplo, já plantou mais de 5 mil mudas nos parques do DF. E o Movimento Tempo de Plantar já mobilizou aproximadamente 2,7 voluntários em suas atividades, que se expandiram além das fronteiras do DF, incluindo outros países. Participante do grupo, Mirian Regina Patzlaff frisou a importância da ação durante a pandemia.
Integrante do projeto Vida & Água para as Áreas de Regularização de Interesse Social (Aris) da Universidade de Brasília, o professor Perci Coelho de Souza fez um balanço da atuação em benefício dos milhares de habitantes desses setores. “O projeto é resultado do fórum mundial das águas, oficial e alternativo, que o Distrito Federal sediou em 2018. E o dia de hoje não pode ser apenas mais uma data comemorativa. É preciso reflexão e ação”, incentivou.
Ao final do evento, o deputado Leandro Grass, que preside a Frente Parlamentar dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Câmara Legislativa, conclamou todos os envolvidos em projetos de preservação a visitar o site BSB 2030. Na plataforma é possível conhecer iniciativas e realizar parcerias.
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Marco Túlio Alencar
Imagem: Reprodução/TV Web CLDF
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa