KAMILA MARINHO
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Não há comprovação para a eficácia do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em casos de Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (SARS-Cov-2), é o que afirmam médicos e cientistas do Brasil e do mundo. Resultados de várias pesquisas demonstram que o uso dos medicamentos pode causar vários efeitos colaterais ao serem administrados durante o tratamento. Um dos efeitos mais frequentes é a arritmia cardíaca, podendo ser fatal ao paciente.
USO REGULAMENTADO NO BRASIL
Mesmo reconhecendo que não há garantias de resultados positivos, o Ministério da Saúde, em protocolo publicado em 20 de maio, recomendou a ampliação da utilização da cloroquina para casos leves da doença no Brasil. Na recomendação do Ministério da Saúde, determinada pelo presidente Jair Bolsonaro, indica-se que o medicamento seja administrado junto à azitromicina, um antibiótico. A azitromicina, assim como a cloroquina e hidroxicloroquina, também pode causar arritmia cardíaca.
A decisão contraria as Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da Covid-19, divulgada por Sociedades Médicas um dia antes. Na publicação, assinada em conjunto pela Associação Brasileira de Medicina Intensiva, Sociedade Brasileira de Infectologia e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, os médicos pontuam o nível baixo ou muito baixo de evidências na rotina no tratamento da doença com a cloroquina ou hidroxicloroquina e recomendam que não sejam utilizadas, nem sozinhas nem combinadas à azitromicina.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) se manifestou após a decisão do governo brasileiro afirmando que “nem a cloroquina nem a hidroxicloroquina têm sido efetivas no tratamento da Covid-19 ou nas profilaxias contra a infecção pela doença. Na verdade, é o oposto”. A organização decidiu fazer pesquisas e estudos mais aprofundados sobre as substâncias.
O CONASS (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) divulgou nota destacando que a decisão do Ministério da Saúde não teve participação técnica na deliberação do Ministério da Saúde.
PESQUISA BRASILEIRA
Após analisar pesquisas recentes relativas à rotina de tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina (composto análogo à cloroquina), o professor do Instituto de Química da UNICAMP (Universidade de Campinas), Luiz Carlos Dias, indica que “os resultados de ensaios clínicos em seres humanos para SARS-CoV-2, em diferentes estágios da infecção, não são favoráveis”.
Os estudos que mostram algum benefício, diz, foram feitos de forma não randomizada, sem placebos e sem duplo-cegos, procedimentos de pesquisa que são adotados para dar mais segurança nos resultados sobre a eficácia clínica do medicamento.
Fontes: Ministério da Saúde, OMS, UNICAMP, Associação Brasileira de Medicina e CONASS
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