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Escolas privadas pedem retorno das aulas presenciais em audiência pública


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André Moura | REDE CÂMARA

JOTA ABREU
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Representantes de escolas privadas fizeram um apelo a favor do retorno das aulas presenciais durante Audiência Pública Semipresencial realizada nesta segunda-feira (14/9) pela Comissão de Administração Pública da Câmara Municipal de São Paulo.

O setor está com atividades suspensas há pelo menos 200 dias, desde o início da declaração de pandemia do novo coronavírus e recomendações de distanciamento social. Segundo o setor, perto de 50% dos estabelecimentos de ensino particular encerraram atividades e 200 mil profissionais de educação perderam emprego no período. Além disso, de acordo com os representantes, o número de alunos que fez migração da rede privada para a rede pública já chega a seis mil.

A audiência foi solicitada e conduzida pelo presidente da Comissão, vereador Zé Turin (REPUBLICANOS) e ainda contou com participação dos vereadores Janaína Lima (NOVO), Gilson Barreto (PSDB), Rinaldi Digilio (PSL), Daniel Annenberg (PSDB) e Edir Sales (PSD). Ivan Cáceres, assessor parlamentar e institucional da Secretaria da Saúde, acompanhou parte da reunião.

Foram várias manifestações durante a Audiência Pública, todas a favor da permissão de retorno das aulas presenciais de forma gradativa, com atendimento de 35% dos alunos e com caráter opcional para os pais.

Vivian Zolar, profissional área da saúde e consultora de 40 escolas particulares disse que as famílias estão sem rede de apoio, e que a migração da rede privada será maior do que a rede pública tem capacidade. Ela disse que foi criado um protocolo baseado na experiência de outros países, e que há muitas escolas que adotaram todos os cuidados sanitários que tornam possível o retorno seguro das aulas.

Joselaine Santos, diretora de unidade escolar, salientou que todas as outras atividades já estão retornando, exceto as escolas. “Dizer não a volta às aulas é assinar a falência de mais de 50% das escolas de educação infantil e assinar a carteira de demissão de muitos trabalhadores”, declarou.

Carlos Lavieri, profissional de educação, disse que uma das particularidades do protocolo é que o distanciamento não é dos indivíduos, mas da criação de pequenos grupos de até 8 crianças, pois elas precisam de interação social. “Estamos num estágio bizarro em que você pode levar seu filho para o shopping e pagar para ele ficar o dia todo no play, mas não pode levar para a escola”, atentou.

Priscila Lemos Vargas, mantenedora de uma escola, disse que o pedido não é obrigatoriedade, mas de que ao seguir os protocolos de segurança, oferecer aos pais o direito de enviar seus filhos. Heloisa Amaral Bergamo demonstrou preocupação com a dispersão dos alunos nas aulas remotas e com a falta de paciência e preparo dos pais no acompanhamento.

Maria Zilda, pediatra e infectologista também apontou a falta de formação dos cuidadores que estão com as crianças neste período, e falou sobre a necessidade de espaço de convivência e socialização para o desenvolvimento. Admitiu que deve haver um aumento no número de casos de coronavírus com a reabertura das escolas, da mesma forma como na abertura do comércio, dos bares e outros setores. Mas garantiu que não é na escola que está o principal eixo de transmissão da doença.

A médica Camila Moreira ressaltou que atua na linha de frente do combate à Covid-19, e que há mais de um mês os indicadores de contágio estão caindo, mesmo com abertura de bares e comércio. Ela garantiu que, com o correto protocolo de higiene, o retorno é seguro. Também médica, Ana Camila de Castro defendeu o retorno gradual para quem precisar levar os filhos ou optar por isso.

Pediatra e infectologista, Luciana Becker tratou dos números de coronavírus relacionadas às crianças, pontuando que são indicadores muito baixos, tanto sobre a infecção quanto à disseminação, lembrando ainda que a rede hospitalar, hoje, tem baixa ocupação, e oferece retaguarda para a população.

Emocionada, Jaqueline Pereira dos Santos, discursou sobre os três filhos, de 11, 6 e 3 anos respectivamente. Relatou o drama cotidiano deste período em que os filhos demonstram tristeza, ansiedade e desânimo com a rotina em casa. “Eu não estou pedindo que as escolas escancarem as portas. Estou pedindo para aqueles que têm necessidade, assim como eu. Não tenho onde deixar meus filhos para poder trabalhar”, apelou.

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