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‘Trabalhar com nosso barro, além de uma fonte de renda que temos, é uma terapia’ diz louceira do Maruanum em capacitação

Foto: Adevaldo Cunha

O Centro de Exposição das Louceiras do Maruanum foi palco de uma tarde de aprendizado sobre a arte da pintura nas belas e delicadas peças de louças de barro feitas pelas mãos criativas de mulheres do distrito. A Prefeitura de Macapá promoveu uma capacitação em conjunto com Instituto Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Improir) e a Secretaria Municipal do Trabalho, Desenvolvimento Econômico e Inovação (Semtradi).

A capacitação foi ministrada pela artesã Ezequile Lima, que faz parte da Associação Maracá Cunani. O intuito foi ensinar técnicas de pintura e desenhos amazônicos para valorizar ainda mais as peças que são comercializadas. Ao final da ação todos os participantes, além das louceiras, filhas e netos, receberam certificado de conclusão e participação.

A Valdete da Silva Brito, 33 anos, que além de louceira é também agricultora, falou da importância de receber essa capacitação e contou um pouco da história das louceiras, saberes e crenças que até hoje são respeitadas.

“A partir desse momento vamos levar novos aprendizados para dentro da comunidade, além de deixar nossas peças mais bonitas, ainda vamos ganhar um dinheiro a mais. Eu trabalho como louceira há seis anos minha fonte de inspiração foi minha avó, Maria Sebastiana, então eu cresci a vendo fazer louças, então passar esse aprendizado para os meus filhos e sobrinhos, nada mais é que resgatar minha ancestralidade e minhas raízes e a história de toda uma geração”, explicou a louceira.

Valdete conta que sua avó trabalhava em todos os processos da fabricação das peças, desde a retirada do barro, da confecção da peça, até a exposição para a venda, que funciona como uma terapia para as artesãs até hoje.

“As pessoas devem entender que não é só pegar o barro e fazer a peça, é um processo que exige cuidados, demanda relações diversas, pois seguimos o aprendizado que passa de geração para geração. O homem não pode ir ao barreiro, mulher grávida ou menstruada também não pode; o buraco só deve ser cavado com cavador de madeira e no final da retirada do barro nós oferecemos à ‘Mãe do Barro’ pequenas peças como forma de agradecimento pela argila adquirida. Essas são nossas crenças e saberes, que respeitamos e as pessoas também devem respeitar”, finaliza a artesã.

“As louceiras são parte do legado da nossa história enquanto povo negro em Macapá. O nosso objetivo é trazer capacitações que valorizem os saberes que elas herdaram. Isso é fomento à identidade, respeito e política pública real”, pontua a chefe da Divisão de Populações Tradicionais do Improir, Vanderline Lorrane Ramos.

Fonte: Prefeitura Municipal de Macapá

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