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Na Semana de Luta da Pessoa com Limitação Funcional, a inclusão social norteou os debates desta 3º-feira,19, na Alego

Dando continuidade às ações que pautam a Semana de Luta da Pessoa com Limitação Funcional, a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) sediou, na tarde desta terça-feira, 19, um encontro focado nas limitações auditivas e visuais. As reuniões, realizadas entre os dias 18 e 22 de setembro, ocorrem em alusão ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado no dia 21 deste mês, com a pauta de inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.

O encontro da tarde de hoje contou com a participação das representantes e organizadoras do Movimento Fadas, Ana Carolina da Silva Magalhães e Marcela Felipe Machado. “Ontem tivemos um momento de muito aprendizado e participação efetiva”, disse Ana Carolina ao abrir os trabalhos desta terça. Em seguida, ela chamou a professora de surdocegos e guia-intérprete, Kelly Brito, para falar sobre os desafios voltados à educação de jovens e adultos com limitações visuais e auditivas. 

“Essas pessoas ainda vivem no campo da invisibilidade. Nossa maior dificuldade passa não só pelo diagnóstico, mas também em relação à falta de conhecimento”, explicou Brito. Em seguida, ela destacou que o trabalho desempenhado por ela consiste no desenvolvimento da linguagem, comunicação assertiva, flexibilização e adaptação, orientação e mobilidade, além do desenvolvimento das funções psicológicas. “A ideia é oportunizar as diferentes formas de comunicação”, pontuou. 

Marcelo, um dos alunos de Kelly, participou do encontro e pôde compartilhar parte de sua experiência. “O reconhecimento e aprendizado sobre aquilo que tenho foram as melhores coisas que me aconteceram. De lá para cá, aprendi bastante e sou muito grato por isso”, disse o jovem de 17 anos que possui cegueira e surdez genética hereditária. 

Ainda no rol das dificuldades enfrentadas em sala de aula, Brito também destacou a resistência por parte de alguns pais em apurar o mau comportamento dos filhos. “Algumas crianças não conseguem prestar atenção no quadro, demonstram desinteresse, agressividade, resistência no aprendizado. Muitos pais, por sua vez, insistem que isso é normal. Mas precisamos ter um olhar diferenciado, investigar as causas que levam ao desinteresse e trabalhar para garantir um olhar especial aquela criança”. 

Outra a falar em nome do movimento foi a co-fundadora do Inovar Comunidade, a médica Rogéria Baiocchi. “O conceito de saúde da OMS não se resume à ausência de doenças. Envolve bem-estar, inclusão. Quem aqui é completamente saudável? Ninguém. Posso estar bem de saúde, mas se meu filho não está, eu também não estarei, pois isso afeta o meu mental, logo, não tenho saúde”.  E continuou: “Quando a gente soma na vida das pessoas, construímos um mundo melhor. Muitos só reclamam. Poucos, de fato, promovem a mudança”. 

Na sequência, foi a vez da estudante Isabelly Stephany dos Santos, jovem de 22 anos com deficiência visual, compartilhar seu testemunho. “Perdi minha visão aos 4 anos. Fui alfabetizada em braile aos 6. O braile é algo revolucionário na vida do deficiente. Ele facilita nossas vidas em todos os sentidos. Todas as pessoas deveriam conhecer ao menos o básico do braile”, pontuou. 

Deficiência no Brasil

Estima-se 18,6 milhões de pessoas, acima de 2 anos, com algum tipo de deficiência no Brasil. O número corresponde a 8,9% da população dessa faixa etária, conforme indica a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

Os dados da PNAD mostram também que as pessoas com deficiência estão menos inseridas no mercado de trabalho, nas escolas e, por consequência, têm o acesso à renda mais dificultado.

Segundo o levantamento, por exemplo, a taxa de analfabetismo para pessoas com deficiência foi de 19,5%, enquanto para as pessoas sem deficiência foi de 4,1%.

Movimento Fadas

Fadas é um acrônimo de Fraternidade, Amor, Doação, Acolhimento e Solidariedade, palavras que traduzem os fundamentos do movimento, de acordo com a advogada e idealizadora do projeto, Ana Carolina da Silva Magalhães.

O grupo atua desde 2017, com foco inicial na aproximação, na interação social, na convivência fraterna e na promoção do bem-estar de pessoas em situação de rua. Com o tempo, as causas defendidas se ampliaram à sensibilidade com a luta e às dificuldades enfrentadas pelas pessoas com limitações funcionais – totais, parciais, visíveis ou invisíveis.

Programação da Semana de Luta da Pessoa com Limitação Funcional na Alego

20/9 – As limitações funcionais invisíveis e doenças raras (Auditório 1)

15h – Palestra “Direitos e inclusão da pessoa com transtorno do espectro autista no ambiente escolar”, com Tatiana Takeda (professora da PUC-GO e presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-GO);

15h30 – Palestra “Autismo e as perspectivas de uma mãe atípica diante dos limites funcionais e dificuldades de inclusão”, com Ana Cárita Paes Leme (mãe atípica, advogada e membro da Comissão dos Direitos das Pessoas com Deficiência da OAB-GO);

16h – Palestra “Vida diária em foco desfocado: desafios do TDAH que nem sempre vemos”, com a advogada Marizete Pires da Silva;

16h40 – Palestra “Muito além da diferença: desafios sociais e políticos das pessoas raras”, com Christiane Toledo (presidente do Instituto dos Raros – IRCT);

21/9 – Dia Nacional de Luta da Pessoa com Limitação Funcional (Auditório 1)

17h30 – Lançamento do livro “Minha mãe tem síndrome de Down, e daí? ”, de Cristinna Maria Cândida da Silva;

19h – Abertura musical – Coro infantil do Projeto Segurart e banda de música da Polícia Militar do Estado de Goiás, no saguão da Casa de Leis;

19h30 – Cerimônia de lançamento do Movimento Fadas, com Ana Carolina da Silva Magalhães (advogada, fundadora do movimento e autora do projeto literário Musican(sonhan)do);

20h – Palestra “Respeito e diversidade: empoderando pessoas com limitação funcional através do combate à discriminação”, com Marcela Felipe Machado (mãe atípica, advogada e fundadora do Movimento Fadas).

22/9 – As limitações funcionais físicas (Auditório 1)

15h – Palestra “Vivendo sem limites: histórias de resiliência e superação de obstáculos na mobilidade”, com o advogado e vereador por Goiânia, Willian Veloso;

15h40 – Palestra “Só sei contar até oito”, com João Pedro Kamenach (influencer e estudante);

16h20 – Apresentação artística – Capoeira adaptada com a Associação Paralímpicos do Futuro (Apaf) e Grupo Luanda, no saguão da Alego.

Fonte: Portal da Alego

Fonte: Agência Assembleia de Notícias

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