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II Seminário Recicla Goiás

A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) sediou nesta quarta-feira, 16, o II Seminário Recicla Goiás, evento de iniciativa do Governo de Goiás. No encontro foram abordadas iniciativas de reciclagem e sustentabilidade no Estado, reforçando o compromisso com a preservação ambiental e a inclusão social por meio do desenvolvimento de políticas públicas.

O evento reuniu autoridades, especialistas e representantes de cooperativas para debater os avanços da logística reversa, a economia circular e o uso de tecnologias em favor da sustentabilidade e da inclusão social no Estado de Goiás.

Em entrevista à Agência Assembleia de Notícias, o secretário de Estado da Retomada, César Moura Augusto Sotkeviciene, destacou o impacto da logística reversa nas empresas e na sociedade, ressaltando a importância do decreto estadual nº 10255/2023, de 17 de abril de 2023, que estabelece as diretrizes para a logística reversa de embalagens no Estado de Goiás. “As pessoas têm que entender o que é logística reversa. Que são os produtos e materiais que os consumidores devolvem para a indústria para economizar em recursos e diminuir o impacto ambiental.”

Moura celebrou o fato de que mais de 20% das empresas goianas já aderiram à iniciativa e reforçou a meta de expandir para os 246 municípios do Estado. “Estamos em 90 municípios e a gente quer atingir os 246”, afirmou. Ele também destacou a criação de cooperativas de catadores, que tiraram famílias da vulnerabilidade, proporcionando-lhes acesso ao crédito da logística reversa.

Conceitualmente, logística reversa é definida como o conjunto de ações e procedimentos que visam a coleta e o reaproveitamento de resíduos sólidos e líquidos e embalagens, de forma que esses materiais sejam reutilizados, reciclados ou descartados de forma correta e sustentável.

Titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Andréa Vulcanis enfatizou o compromisso do Governo de Goiás com a gestão de resíduos sólidos e a integração das políticas públicas voltadas ao meio ambiente, destacando o papel fundamental de programas como o Lixão Zero.

Ela lembrou que, quando o projeto começou, apenas seis ou sete municípios tinham a gestão adequada dos resíduos sólidos. Hoje, os avanços são significativos graças à integração com as microrregiões de saneamento básico. “Foi uma legislação aprovada aqui nesta Casa. Quando o Estado pode estar mais à frente desse esforço, nós iniciamos então essa ação de resolver o problema dos resíduos sólidos no Estado”, explicou.

Vulcanis também discorreu sobre os efeitos positivos dessa política na saúde pública. Em diálogo com a Superintendência da Secretaria de Saúde, mencionou que a redução dos lixões a céu aberto tem ajudado a controlar focos de doenças como a dengue, que costumavam se espalhar a partir desses locais. “Isso foi reduzido significativamente no Estado e nós vamos definitivamente encerrar esse processo.”

Além do programa Lixão Zero, a secretária mencionou o avanço da política de logística reversa em Goiás. “O Estado hoje tem um programa sólido de logística reversa. Nesse primeiro ano, nós já tivemos metas absolutamente significativas quando comparadas com o resto do Brasil. Nós que não tínhamos nada, estamos quase em primeiro lugar já nas metas dos resíduos sólidos e da logística reversa”, afirmou, destacando o esforço conjunto das empresas e cooperativas envolvidas.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Goiás, José Frederico Lyra Netto, abordou o papel da inovação na economia circular. “Eu parabenizo a iniciativa liderada pelo secretário César Moura, da Retomada, em parceria com Goiás Social, da primeira-dama, Dona Gracinha Caiado. É muito importante a ideia de economia circular e o Governo tem investido nisso com tecnologia”, afirmou.

Netto citou o exemplo do Programa Sukatech, que recolhe lixo eletrônico e recondiciona os equipamentos, ao mesmo tempo em que capacita pessoas de baixa renda em tecnologia. “Só esse ano já foram mais de 500 toneladas recolhidas, e mais de 1.500 pessoas formadas nessa ideia de tecnologia para a economia circular.”

Leandro Ribeiro, subsecretário de Fomento e Competitividade de Goiás, representou o secretário de Indústria, Comércio e Serviços, Joel de Sant’Anna Braga Filho, e comemorou os resultados expressivos do Estado. “Fico impressionado que nós já atingimos 33,1%, índice acima da meta estipulada pelo governo federal que é de 22%”, destacou Leandro, enfatizando a importância econômica desse avanço. “Se nós colocarmos cada tonelada a 100 reais, nós colocamos no mercado de trabalho 58 milhões de reais.”

Por sua vez, Nair Rodrigues, presidente da Central Uniforte, que reúne cooperativas de catadores, trouxe à tona as dificuldades enfrentadas pelas cooperativas, como a irregularidade na coleta seletiva. “Hoje estamos com dificuldade muito grande na coleta seletiva, com quase dois meses que não recebemos materiais”, desabafou.

Rodrigues fez um apelo aos parceiros e à sociedade para manter o fornecimento de materiais às cooperativas, destacando a importância da logística reversa no fortalecimento das mesmas. “Acreditamos que este ano, daqui para frente, a gente consiga fazer uma parceria verdadeira com o Estado para fortalecer o nosso trabalho”, completou.

Parcerias

O procurador-geral de Justiça de Goiás, Cyro Terra Peres, elogiou os avanços do Governo estadual na gestão de resíduos sólidos e a parceria do Ministério Público de Goiás (MP-GO) nas ações de sustentabilidade. “Há 29 anos eu acompanho as ações e as políticas voltadas para acabar com os lixões em Goiás. Ao longo dos anos ocorreram alguns avanços, mas dessa vez temos visto grandes iniciativas”, afirmou.

Peres ressaltou a importância da educação ambiental para as novas gerações e anunciou a assinatura de um termo de cooperação com a Liga Cidade Limpa para promover a coleta seletiva. “Nós precisamos ensinar nossas crianças e jovens a colaborarem com a coleta porque senão nunca teremos os nossos aterros funcionando com a coleta devida.”

O promotor de Justiça Juliano de Barros Araújo, titular da 15ª Promotoria de Goiânia, destacou a necessidade de uma visão abrangente na gestão de resíduos e na inclusão social. “Quando falamos de reciclar, temos que necessariamente fazer a correlação com os resíduos que todos nós geramos diariamente”, pontuou, defendendo a importância de políticas que capacitem os catadores e assegurem condições dignas de trabalho.

O deputado Virmondes Cruvinel (UB), representando a Alego, reforçou o compromisso da Casa de Leis com as iniciativas de sustentabilidade do Estado. “Eu tenho a satisfação de morar em um Estado que dá certo, com gestores de qualidade que se preocupam em transformar Goiás e tornar o Estado cada vez mais sustentável”, declarou.

O legislador garantiu o apoio do Parlamento para continuar avançando na agenda ambiental e social de Goiás. “Contem com a Assembleia Legislativa para caminhar lado a lado e ajudar nos avanços do Estado”, finalizou.

Após a fala dos participantes, foram formalizadas as assinaturas de termos de cooperação com o MP-GO para ações de limpeza urbana por meio do Projeto Liga Cidade Limpa, na separação de resíduos.

Palestras

O primeiro palestrante da manhã, o especialista em Direito dos Resíduos, Ambiental e consultor da Organização das Nações Unidas (ONU), Fabrício Soler, frisou que Goiás de fato está na frente no que diz respeito à sustentabilidade, políticas públicas voltadas ao meio ambiente e reciclagem e os números apontam isso.

“Nós temos no Brasil 38% de lixões inadequados, 61% de disposição adequada de lixão e aterro controlado. Sendo estes de 45% de produção orgânica. Para melhorar o cenário nacional devemos primeiro acabar com os lixões, depois trabalhar com os orgânicos e também valorizar os recicláveis como a coleta seletiva, com a realização de liga como foi firmada nesta manhã e outros trabalhos. Além disso, é preciso melhorar o sistema de logística reversa de embalagens que consiste no retorno das embalagens pós consumo às indústrias para reciclagem. Goiás, por exemplo, é um dos estados que regulamentou o sistema de logística reversa”, disse Soler.

A jornalista Giuliana Morrone, reconhecida por sua experiência em práticas ESG (Environmental, Social, and Governance), também palestrou e evidenciou a necessidade de unir práticas empresariais e comportamentos individuais em prol de um futuro mais equilibrado e justo.

A jornalista trouxe um enfoque particular na prática ESG, e explorou o papel dessas diretrizes na construção de um futuro sustentável. Morrone enfatizou a necessidade de um olhar que vá além do imediatismo das notícias e aborda questões mais profundas. “Tem uma frase do filósofo Edgar Morin que fala muito para mim. Ele diz que, quando a gente troca o essencial pelo emergencial, estamos nos esquecendo da urgência do essencial,” refletiu, sugerindo que a sustentabilidade precisa ser vista como uma prioridade essencial e não apenas como um tema secundário.

A jornalista abordou ainda a complexidade dos desafios relacionados à sustentabilidade, usando como exemplo a recente crise de abastecimento de energia em São Paulo e a falta de diálogo entre concessionárias, agências reguladoras, governos e a comunidade, o que para ela é um entrave. Giuliana deixou um recado claro para os participantes: “Para mim, o essencial hoje é urgente,” ressaltando a importância de priorizar ações que contribuam para um mundo mais sustentável e socialmente responsável. 

Fonte: Portal da Alego

Fonte: Agência Assembleia de Notícias

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