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Em Favor da Vida

A vida é uma dádiva e uma oportunidade única. Entretanto, viver bem, com qualidade e saúde física e mental são pilares fundamentais. Além disso, a preservação da vida é um tema essencial, que deve ser debatido em ambientes públicos e, principalmente, dentro do convívio familiar. Diante disso, com o intuito de conscientizar a população para a defesa pela vida, é celebrado no dia 10 de setembro o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

A data foi instituída no ano de 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, a campanha Setembro Amarelo, organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), é realizada durante todo o mês em que se celebra a data, de forma anual desde 2014, com ações voltadas para o mesmo objetivo, de prevenir o suicídio.

De acordo com a página oficial do Setembro Amarelo, mais de 13 mil suicídios são registrados por ano no Brasil e mais de 1 milhão em todo o mundo, especialmente entre jovens de 15 a 29 anos. O maior índice de casos está relacionado a transtornos mentais (96,8%), sendo que a depressão ocupa o primeiro lugar. Em seguida, estão o transtorno bipolar e abuso de substâncias, como álcool e drogas. 

Diálogo

Conforme a cartilha “Suicídio – Informando para prevenir”, desenvolvida pela ABP e o CFM, diversos fatores podem impedir a detecção precoce de um comportamento suicida e, consequentemente, a prevenção do suicídio, como o estigma e o tabu. Entretanto, o diálogo é um fator primordial, uma vez que leva o paciente a procurar amparo e ajuda profissional que podem devolver a esperança a uma condição agradável de vida.

“É preciso escutar com muita empatia, compreender os sentimentos e aconselhar essa pessoa a buscar uma ajuda profissional, que com certeza é a forma mais eficaz de ajuda”, afirma a psicóloga Ana Carla Adorno, do sistema Hapvida. A profissional reforça ser necessário não fazer julgamentos a quem passa por momentos de dificuldades, mas sim ter paciência, empatia e demonstrar apoio, tendo em vista que “o suicídio é o último passo de um longo período de sofrimento que a pessoa vem vivendo”.

A psicóloga destaca, ainda, que quando um indivíduo pensa no suicídio, ele não quer de fato tirar a própria vida, mas sim tirar a dor que está sentindo. “É muito importante as pessoas entenderem que tudo passa. Nós que não passamos. Nós ficamos. As emoções vêm e passam. Então é preciso pedir ajuda”, frisa.

Segundo Ana Carla, cada pessoa vai interpretar as suas emoções de uma forma muito única. Algumas têm uma facilidade a mais para lidar com as suas emoções, outras não. “E está tudo bem ter essa dificuldade a mais”, ressalta a profissional, com relação à particularidade mental de cada ser humano.

Sinais

De acordo com a psicóloga, um dos principais comportamentos apresentados é a reclusão. A pessoa deixa de conviver com a família, com os amigos, se sente desanimada com frequência, apática, irritada e apresenta distúrbios no sono e na alimentação. “Sentimentos de solidão, desesperança. Ela já não consegue mais fazer as atividades que antes ela fazia com muita frequência”, elucida a especialista.

Uma carta aos pais, responsáveis e educadores, também desenvolvida pela campanha Setembro Amarelo, da ABP e CFM, salienta que os jovens estão suscetíveis às mudanças fisiológicas, que são características da fase de amadurecimento físico e psíquico. Tais mudanças podem levar ao desencadeamento de doenças mentais. Por este motivo, aponta para a necessidade de observação ao comportamento e possíveis sinais emitidos diante de um problema.

“Alguns destes comportamentos são isolamento, impulsividade, tristeza constante, distorção de imagem corporal, dificuldade de relacionamento com pessoas da mesma idade, insegurança, queda no desempenho escolar, crises de raiva, baixa autoestima, atração por comportamentos de risco, dentre outros”, pontua. A carta destaca, ainda, a automutilação, também considerada um fator de risco para o suicídio.

Os comportamentos que exigem atenção, de acordo com a campanha, são: consumo de álcool e outras drogas, começo de vida sexual precoce e, principalmente, as lesões que nunca cicatrizam, arranhões, falta de cabelo em locais específicos da cabeça, mordidas, manchas e queimaduras que sempre surgem sem explicação. “Muitas vezes essas lesões ficam em locais escondidos, nem sempre são nos braços ou pernas”, alerta a carta, com a ressalva de que a intensidade, repetição e continuidade também são importantes para o diagnóstico.

Atuação Parlamentar

Diversos projetos de lei relacionados às medidas de prevenção ao suicídio tramitam na atual Legislatura da Casa de Leis. Em fase de primeira discussão e votação estão as proposituras de nº 5570/19, 5748/19, 6568/19 e 7209/19. A primeira, de autoria do deputado Cairo Salim (Pros), dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização, prevenção e combate à depressão, automutilação e suicídio no projeto pedagógico das escolas públicas goianas.

De acordo com a matéria, entre as ações a serem desenvolvidas, estão incluídas palestras e debates, além da distribuição de cartilhas de orientação aos pais, alunos, professores e servidores.

O segundo projeto, de autoria do deputado Jeferson Rodrigues (Republicanos), propõe a instituição da campanha de prevenção ao suicídio, a ser realizada em setembro no estado de Goiás. O objetivo é oferecer à população goiana meios para a informação e conscientização, a fim de prevenir o suicídio. “A Campanha Estadual de Prevenção ao Suicídio tem por objetivo identificar possíveis sintomas, tratar o transtorno e prover o acompanhamento de indivíduos que apresentem o perfil, minimizando a evolução dos quadros que podem chegar ao suicídio”, pontua a propositura.

O terceiro, de autoria do deputado Paulo Trabalho (PSL), propõe a obrigatoriedade para que todos os hospitais de emergência do estado mantenham uma equipe multidisciplinar especializada de saúde mental para atendimentos e acompanhamento de casos de sofrimento psíquico, em especial as tentativas de suicídios e de pacientes com necessidades decorrentes de uso de álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta é para que a equipe funcione de forma articulada com a Rede de Atenção às Urgências e Emergências, em especial junto ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Além disso, a equipe deverá prestar assistência e suporte aos usuários do SUS durante as 24 horas do dia, inclusive aos finais de semana e feriados. 

As unidades hospitalares de emergência deverão, ainda, conforme a propositura, ter sala destinada ao cuidado, proteção e reabilitação para usuários e familiares em situações de crise e maior gravidade. “O modo como as equipes de saúde recebem os pacientes que tentaram o suicídio pode ser crucial para evitar que esses pacientes venham a tentar cometer o ato novamente. Por outro lado, se o paciente não for acolhido, encaminhado para serviços especializados e devidamente acompanhado, o risco de que ele venha a tentar se matar outra vez aumenta consideravelmente”, elucida o autor da matéria, em sua justificativa. 

O último projeto citado, em fase de primeira discussão e votação, de autoria da deputada Lêda Borges (PSDB), propõe a criação do programa de prevenção de violências autoprovocadas ou autoinfligidas, com a finalidade de atender e capacitar os policiais civis e militares, bombeiros militares, agentes prisionais e agentes de segurança educacional de Goiás, para o auxílio e enfrentamento da manifestação do sofrimento psíquico e do suicídio. De acordo com justificativa, a atividade policial é apontada como a profissão com maior probabilidade de morte por suicídio no mundo.

“O treinamento policial é feito na base da disciplina rígida, as cobranças excessivas, os riscos inerentes à profissão e morte dos colegas, dentre outros fatores, são motivos somatórios para um psicológico fragilizado”, frisa. “O comportamento suicida entre profissionais de segurança pública não é reconhecido como um tema de agenda pública no Brasil. Esse fato compromete não somente a produção de conhecimento científico sobre o tema, como também a formulação de políticas públicas e institucionais de saúde mental a partir de dados empíricos confiáveis”, ressalta.

No primeiro dia do presente mês, o deputado Karlos Cabral (PDT) apresentou, em plenário, uma proposta que autoriza, em Goiás, a instituição pelo Poder Executivo do programa educativo de sensibilização para prevenção e combate ao uso de mídias sociais e jogos eletrônicos e virtuais que induzam crianças e adolescentes à violência, à automutilação e ao suicídio. A matéria de nº 7160/21 tem como principal objetivo sensibilizar professores, gestores, pais, familiares e responsáveis, a identificarem comportamentos estranhos e, sobretudo, orientarem e conscientizarem as crianças e adolescentes a respeito de práticas perigosas que tendem à automutilação e ao suicídio.

“A facilitação do acesso de crianças e adolescentes às redes sociais por meio de smartphones, tablets e demais tecnologias, tem feito com que o contato com jogos violentos e desafios que têm como principais objetivos a autoflagelação ou a automutilação ganhem cada vez mais espaço, fator que precisa de maior atenção do Poder Público”, justifica a propositura. O parlamentar destaca para jogos perigosos e desafiadores, como o recente “Baleia Azul”, responsável pelo suicídio de jovens em todo o mundo.

“As vítimas levam a sério a participação dos desafios propostos e, geralmente, estão na idade entre 12 a 16 anos, recebendo um convite inocente para um jogo desafiador, por meio de redes sociais, que mesmo sabendo do perigo, se permitem envolver nas etapas ameaçadoras e provocantes. Os adolescentes e pré-adolescentes estão em uma fase em que ainda não percebem as consequências de seus atos, e esses jogos atraem não só aqueles em situação vulnerável, mas também outros, pela sedução da emoção que os desafios oferecem”, pondera o legislador, na justificativa de sua propositura. 

Também tramitam no Legislativo goiano o projeto de lei nº 5749/19, de autoria do deputado Jeferson Rodrigues (Republicanos), e 2383/19, do deputado Rafael Gouveia (Progressistas). Ambas visam estabelecer a notificação compulsória de casos de violência autoprovocada, incluindo tentativas de suicídio e a automutilação. As matérias foram apensadas ao projeto nº 1633/19, do deputado Coronel Adailton (Progressistas), que também dispõe sobre a notificação compulsória às autoridades sanitárias dos casos de suspeita ou confirmação de violência autoprovocada, inclusive tentativas de suicídio e de automutilação. O objetivo é instituir, em relação aos estabelecimentos de saúde e de ensino estaduais, a notificação dos casos referidos.

Fonte: Portal da Alego

Fonte: Agência Assembleia de Notícias

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