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Doença silenciosa afeta 10% da população mundial, mas tem controle se for diagnosticada precocemente

Uma doença silenciosa, que acomete milhões de pessoas em todo mundo e, pior, acredita-se que metade delas nem sequer sabe que tem o mal. O diabetes é uma doença das mais prevalentes em todo o mundo. Segundo a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes, são mais de 425 milhões de pessoas vivendo com a doença no globo terrestre. Isso sem contar as pessoas que ainda não foram diagnosticadas. 

Parte desse contingente pode ir a óbito sem nem mesmo saber que tem a doença ou ainda, desenvolver sérias complicações advindas da enfermidade. Só no Brasil, no ano de 2019, 4,2 milhões de pessoas morreram em razão do problema e suas complicações.

E tem mais: a doença é responsável por reduzir a expectativa de vida de pessoas de meia idade em quatro a dez anos, e é  um dos principais fatores de risco para morte por doenças cardíacas, renais ou câncer. Em todo o mundo, o diabetes está entre as dez principais causas de morte, com quase metade ocorrendo em pessoas com menos de 60 anos. 

As previsões da nona edição do Atlas de Diabetes da International Diabetes Federation (IDF), divulgadas pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, também são sombrias. Estima-se que o número total de pessoas com diabetes aumente para 578 milhões em 2030 e para 700 milhões em 2045. 

As estatísticas da doença são tão preocupantes que a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um novo Pacto Global de Combate ao Diabetes. Os objetivos de melhorar ações de prevenção e tratamento foram apresentadas no último mês de abril, durante o Encontro de Cúpula Global sobre a doença. Segundo a OMS, as mortes por diabetes aumentaram 70% globalmente entre 2000 e 2019, com um aumento de 80% nas mortes entre homens. 

A boa notícia é que essas mortes e complicações podem ser prevenidas, com o diagnóstico correto e, principalmente, com o controle da doença. 

Segundo explica o endocrinologista Syd de Oliveira Reis, o diabetes nada mais é que uma doença crônica, caracterizada pela elevação da glicose no sangue, provocada por uma falha na secreção ou na ação da insulina, um hormônio produzido no pâncreas. 

O substrato principal do diabetes é uma causa genética, ou seja, o paciente nasce com uma pré disposição, mas são os fatores desencadeantes, como o sedentarismo, a ingestão excessiva de  açúcar, a obesidade, entre outros, que vão determinar o desenvolvimento da doença. 

Atualmente são conhecidos vários tipos de diabetes, mas de acordo com o médico, os principais são os do tipo 1 e 2, o LADA (Diabetes autoimune latente do adulto), o Mody e o gestacional. Reis detalha as características de cada um. “O tipo 1 acontece geralmente em crianças, por causa de uma dificuldade na fabricação de insulina pelas células beta. É também chamada diabetes juvenil. Já o tipo 2, ocorre em pessoas de mais idade, caracterizada por uma falha na ação da insulina”.

O diabetes LADA, por sua vez, também ocorre em indivíduos adultos, que desenvolvem anticorpos, que atacam as células do pâncreas, produtoras de insulina. A MODY, diz o médico, é uma designação da doença que se comporta mais ou menos como o tipo 2, mas ocorrendo em pessoas mais jovens, geralmente abaixo dos 25 anos. E tem ainda o gestacional, que acomete grávidas, devido à produção de hormônios da gestação e a exigência de maior aporte de glicose. Às vezes há uma produção insuficiente de insulina e, com isso, o aumento da glicose”, ensina o especialista. 

Embora exista essa diversidade de tipos de diabetes, é importante destacar que prevenção e o controle da doença não diferem. E é relativamente simples, mas é preciso esforço e disciplina.  A fórmula é bem conhecida, mas é um comportamento a ser adotado para toda vida. “O diabetes melittus é controlado com dietas, que evitam a ingestão de carboidratos e açúcar, de uma maneira geral, controle do peso e rotina diária de exercícios físicos. Também são usados medicamentos, que no caso do diabetes tipo 1 é sempre a insulina, já para o tipo 2, existe uma gama de medicamentos, que regulam e controlam bem o diabetes”, diz o médico. 

Além da alimentação equilibrada, quem tem diabetes precisa obedecer horários para sua alimentação. Preocupada com esse aspecto, a Assembleia Legislativa de Goiás, aprovou projeto do ex-deputado Diego Sorgatto (DEM) que determina aos espaços públicos e privados a permissão de acesso aos pacientes de Diabetes tipo 1 portando insulinas, insumos, aparelhos de monitoração de glicemia, pequenas porções de alimentos e bebidas não alcoólicas. 

Em sua justificativa, o então parlamentar argumentou que a hipoglicemia, que causa sintomas como mal estar, visão turva, sudorese, fome intensa, taquicardia e alteração do nível de consciência, é um dos transtornos enfrentados por quem tem Diabetes tipo 1. Ele anotou que o paciente de Diabetes tipo 1 necessita continuamente estar acompanhado de insumos e alimentos apropriados, não podendo sob nenhuma condição, ser impedido de entrar com seus pertences em eventos públicos, estabelecimentos públicos ou privados. 

A Casa entendeu a necessidade e aprovou o PL, que foi transformado na lei 19.597, pela sanção do governador do estado, no dia 13 de fevereiro de 2017. 

Importância do diagnóstico precoce 

Mas se a doença é silenciosa e se metade das pessoas não sabem que tem a doença, como fazer para prevenir? A adoção de hábitos saudáveis é um bom começo para prevenir, não só o diabetes, mas sim, uma série de outras doenças.

Mas é possível fazer um exame simples, que sinaliza uma possibilidade da pessoa ser uma portadora da doença. O chamado “teste de ponta de dedo”, que é oferecido em diversas campanhas, deve ser feito sempre que possível. 

Também é recomendável que, caso seu médico não peça exames mais detalhados durante as consultas de rotina, você solicite a ele a realização de testes, capazes de diagnosticar a doença, que só apresenta sintomas, quando já está em estágio mais avançado. 

Foi o que aconteceu com o estudante Rodrigo Garcia Pinheiro, hoje com 17 anos. A mãe, a jornalista Talvane Garcia, conta que o filho começou a passar mal depois de algumas refeições, especialmente após o lanche na escola. Preocupada, ela levou o filho a vários médicos, que não conseguiram fechar o diagnóstico. 

Foi então que, na véspera do Dia das Mães, há dez anos, Rodrigo teve uma crise forte e foi parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Felizmente, no dia seguinte o garoto saiu da UTI, dando a Talvane o melhor presente de Dia das Mães. Nesse dia também, o diagnóstico de diabetes foi confirmado. 

A jornalista lembra do susto quando recebeu a notícia. “No começo é assustador. A gente teve que mudar um monte de coisas, principalmente com relação à disciplina alimentar. Teve que conviver com as agulhas, com as insulinas, que são várias vezes ao dia”, explica. 

Apesar de ainda ser uma criança, Rodrigo compreendeu bem a gravidade do seu caso e, com o apoio da família, sempre seguiu as orientações médicas. O resultado foi o controle total do diabetes.  

“Ele é um menino muito disciplinado, graças a Deus e, agora que ele está maior, já se cuida sozinho, virou uma rotina. A hemoglobina glicada, considerada boa é 7, a dele está em 6,7, então o índice está muito bom, principalmente para um adolescente. Hoje é como ele mesmo diz: ‘é como escovar os dentes’”, conta aliviada a mãe. 

O caso de Rodrigo é um excelente exemplo de que a doença pode ser completamente controlada, permitindo ao paciente uma excelente qualidade de vida e evitando as complicações.

Complicações

O médico Syd de Oliveira Reis explica que as doenças desencadeadas pelo diabetes, via de regra, são muito graves, podendo causar problemas ainda maiores, como a cegueira e, até, amputações. As complicações mais graves são: a retinopatia diabética, que atinge o olho, podendo levar à cegueira; a nefropatia diabética, com possibilidades de provocar insuficiência renal e, consequentemente, levar à hemodiálise e à necessidade de transplante de rins. Também pode atingir os nervos periféricos, causando a neuropatia diabética. 

Além dessas, o médico cita pé diabético, que pode surgir quando a circulação sanguínea é deficiente e os níveis de glicemia são mal controlados. Em alguns casos, o problema pode levar à amputação. E cita ainda, como efeito do diabetes descompensado, uma disfunção sexual que pode acompanhar o paciente enquanto durar o descontrole.

Mas as complicações crônicas não são as únicas. A doença pode ter desdobramentos agudos, aqueles que ocorrem repentinamente. O paciente com o diabetes descontrolado é o de maior risco para doenças cardiovasculares, como o infarto do miocárdio e os acidentes vasculares cerebrais (AVCs). 

E além de todas essas complicações, que já eram conhecidas há muito tempo, é preciso lembrar que a pandemia de covid-19 trouxe uma preocupação a mais para os diabéticos.  A doença é um dos fatores de risco para o agravamento e morte pela covid-19. 

Por tudo isso, o único caminho para se evitar o aparecimento ou a piora do diabetes é pela prevenção e o diagnóstico precoce. Além da reflexão, por ocasião do Dia Mundial do Diabetes, muitas ações são realizadas no sentido de oferecer o teste de ponta de dedo gratuitamente. Vale a pena buscar uma dessas iniciativas e prevenir-se de uma doença potencialmente destruidora, porém, relativamente de fácil controle.  

Fonte: Portal da Alego

Fonte: Agência Assembleia de Notícias

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