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Campanha Fevereiro Roxo alerta a sociedade sobre as doenças crônicas incuráveis, entre elas, a fibromialgia

“Comecei com muitas dores generalizadas e não sabia o que era. Na época estava tratando de uma infecção bacteriana e passei a ter dores em todo o corpo. O problema passou, mas as dores permaneceram. Foi nesse momento que a infectologista me encaminhou para um reumatologista. O médico foi fazendo diversos exames para verificar qual doença poderia estar causando essas dores e, só quando não encontrou nada que pudesse comprovar o diagnóstico para outras doenças, que ele finalmente chegou à fibromialgia. Essa é uma doença onde o diagnóstico é feito pela observação clínica e pela exclusão”, revelou a assistente social Márcia Coutinho.  

Ela faz parte de um grupo de pessoas que foram acometidas por uma enfermidade que atinge cerca de três por cento dos brasileiros, especialmente mulheres. Denominada de fibromialgia, a doença acompanha sintomas típicos que causam muita sensibilidade até mesmo ao toque mais sutil, causando dores pelo corpo todo, fadiga crônica, cansaço extremo, alterações intestinais, prejuízo no sono e no raciocínio que podem comprometer a memória e a concentração. Devido a todos esses sintomas, a fibromialgia pode também causar distúrbios do humor como ansiedade e depressão.

Para contemplar essa temática, por iniciativa da Federação Brasileira de Associações de Doenças Raras (Febrararas) em parceria com outras instituições e apoiada pela Sociedade Brasileira de Clínica Médica (SBCM), o País abraçou a Campanha Fevereiro Roxo. O intuito é alertar e conscientizar sobre o Lúpus, o Alzheimer e a Fibromialgia para que essas patologias sejam identificadas ainda na fase inicial proporcionando o controle dos sintomas de modo a oferecer melhor qualidade de vida aos pacientes acometidos por estas patologias. Elas são doenças com características diferentes, mas que apresentam dois principais pontos em comum: são doenças crônicas e incuráveis.

Apesar de serem doenças distintas, a campanha visa ressaltar a importância do diagnóstico correto e do tratamento adequado para cada uma delas. É importante destacar que quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são a chance de resposta positiva ao tratamento dos sintomas associados à doença que em muitos casos requer que o paciente seja acompanhado também por um neurologista, um nutricionista, um psicólogo e um educador físico. A condição pode aparecer depois de eventos graves como um trauma físico, psicológico ou mesmo uma infecção. No entanto, sua causa ainda é desconhecida, ainda que alguns fatores estejam envolvidos, como a hereditariedade.

Essas condições, muitas vezes, são desconhecidas e negligenciadas pela sociedade e pelos sistemas de saúde, o que dificulta o diagnóstico e o acesso ao tratamento adequado, colaborando para que esta seja uma doença subnotificada. Por isso é tão importante que o trabalho em conjunto seja realizado também pelas organizações não governamentais (ONGs), governos estaduais e prefeituras que promovem palestras, ações de informação e até mutirões de saúde. Para a Sociedade Brasileira de Reumatologia é preciso um esforço de todos para reconhecer uma condição que se caracteriza por dor muscular generalizada, crônica , que dura mais do que três meses, mas que não apresenta evidência de inflamação nos locais de dor. 

Especialista fala sobre prevenção, diagnóstico e tratamento

O médico reumatologista Roberto Carlos Mazie conversou com a equipe de reportagem da Agência de Notícias da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Ele comentou que o diagnóstico da FM é totalmente clínico, sendo finalizado somente depois de afastar outras condições que causam sintomas semelhantes, não havendo exames laboratoriais ou de imagem que justifiquem de forma inequívoca tal desordem patológica. De acordo com ele cabe ao especialista conhecer os diversos sintomas dolorosos crônicos elencados no diagnóstico diferencial, sabendo que a dor músculo-esquelética difusa por mais de 3 meses, pode também ser associada a distúrbios do sono, (sono fragmentado e não restaurador) e do humor (com sintomas depressivos e ansiosos).

Em certa medida, explicou o especialista, essa doença pode ser considerada uma disfunção cerebral, pois é preciso levar em conta que o cérebro é a central que comanda todo o restante do corpo, mantendo um funcionamento intimamente relacionado aos neurotransmissores, dependendo da ação deles para liberar algumas substâncias para executarem com sucesso várias outras funções. Ele continuou comentando que nesses casos é como se houvesse um aumento da sensibilidade da dor e o analgésico natural que reduz as dores espalhadas pelo corpo deixasse de ser fabricado. 

“A FM pode ser considerada uma síndrome de amplificação do processamento dos estímulos dolorosos ao nível cerebral, sendo fundamental que o médico investigue ainda as comorbidades do paciente, sendo as mais comuns as parestesias (formigamentos) nas extremidades, enxaqueca, distúrbios têmporo-mandibulares (ATM), síndrome do intestino irritável, bexiga hiperativa, dentre outros. Além disso, ele também lembrou que a FM pode aparecer em pacientes que também apresentam outras doenças reumáticas, o que pode dificultar a completa melhora destes pacientes”, ressaltou o reumatologista. 

O médico concordou que a ciência ainda não sabe exatamente como a doença opera dentro do corpo humano e nem sabe explicar porque ela acomete mais comumente as mulheres. As suspeitas estão relacionadas com os efeitos dos hormônios e com o estilo de vida feminino onde elas prevalecem numa rotina tripla de trabalho.  Entretanto, infelizmente, já é possível afirmar que a fibromialgia pode trazer diversos prejuízos, com potencial para evoluir para a incapacidade física e a limitação funcional, sendo estas complicações que podem causar impactos profundos na qualidade de vida.

Para o tratamento, o reumatologista entende que ele pode ser dividido em medicamentoso, atividade física e psicoterapia. “Os medicamentos mais utilizados são os antidepressivos duais, inibidores específicos da recaptação da serotonina (e/ou noradrenalina), os anticonvulsivantes (como por exemplo a gabapentina e a pregabalina), relaxantes musculares associados ou não, ao menos nas fases iniciais do tratamento a analgésicos comuns e opióides. Visam estabilizar as substâncias neuroquímicas que estão envolvidas no surgimento e na perpetuação dos sintomas da FM”, esclareceu Mazie.

Segundo Mazie, em geral mudanças no estilo de vida são sempre benéficas em diversos ramos da medicina. Os conhecimentos atuais mostram que alimentação saudável e equilibrada associada a prática da atividade física aeróbica e anaeróbica trazem inúmeros benefícios à saúde do  corpo e da mente. Nos quadros de FM estes itens são sempre sugeridos pelos especialistas, em especial a atividade física regular (ao menos 5 vezes por semana) é quesito obrigatório no tratamento não medicamentoso, indicando que a máxima: “O corpo que se mexe tem menos dor” deve ser levada bem a sério. Outras terapias tais como a acupuntura, a fisioterapia, a massagem, o acompanhamento psicológico e uma variedade de outras práticas que ajudam na redução do estresse podem ter efeito bastante benéfico e melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente com fibromialgia. 

Fonte: Portal da Alego

Fonte: Agência Assembleia de Notícias

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