Com o objetivo de fortalecer a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) e contribuir para o enfrentamento da violência contra meninas e mulheres, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), em parceria com o Ministério da Saúde, promove, nos dias 10 e 11 de julho, uma capacitação voltada a profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS). A atividade é realizada no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), em Rio Branco.
A formação integra a Estratégia de Qualificação Profissional para a Saúde do Homem (Equalisah), lançada pelo Ministério da Saúde para estimular o repensar das masculinidades, combater o ciclo de violência de gênero e ampliar o cuidado em saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante os dois dias de capacitação, os profissionais são convidados a refletir sobre suas próprias percepções e crenças relacionadas à violência contra meninas e mulheres, analisando suas causas e implicações. A proposta também busca ampliar a compreensão sobre os processos socioculturais de formação das masculinidades e feminilidades e suas conexões com a violência enquanto problema de saúde pública.
O coordenador estadual de Saúde do Homem da Sesacre, Jhonata Paiva, destaca a importância de trazer o debate para dentro das práticas da atenção primária e do cuidado em saúde. “A oficina nos ajuda a repensar as masculinidades e a construir uma sociedade mais justa, para que as mulheres possam ter direitos iguais e, dessa forma, combatermos a violência. Por isso, nos propomos a trazer para os profissionais de saúde a reflexão de como abordar os homens e como tratar as vítimas de violência aqui no nosso estado”.
Nesse contexto, a assessora técnica da Coordenação de Atenção à Saúde do Homem do Ministério da Saúde, Caroline Picerni, destaca que a capacitação visa desenvolver estratégias de cuidado integral que também atuem na prevenção da violência. “A nossa qualificação tem foco em estratégias de cuidado dos homens que estão em contexto de violência, porém pensando na prevenção da violência contra meninas e mulheres, que é um problema grave e recorrente no nosso país, e que precisamos pensar em estratégias de enfrentamento para pôr fim a essas violências”.
A qualificação tem como metas identificar crenças e percepções dos participantes sobre a violência de gênero; compreender os contextos socioculturais das masculinidades e feminilidades; discutir o papel das unidades de APS na proteção das mulheres e no cuidado aos homens em situação de violência; além de construir planos de ação que promovam o acolhimento, o encaminhamento adequado e a prevenção das diversas formas de violência de gênero no território.
O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marcos Nascimento, reforça a importância da educação como ferramenta fundamental no combate à violência de gênero desde as primeiras fases da vida. “O que temos aprendido ao longo dos anos, pensando estratégias de enfrentamento da violência contra as mulheres, é a importância de educar os meninos para que eles não sejam meninos violentos contra meninas e que não sejam homens violentos contra mulheres adultas. Não temos uma vacina contra a violência, o que nós temos é a educação”.

Nascimento também ressalta a necessidade de envolver os homens como parte ativa na construção de soluções. “Como eu costumo dizer, se os homens são o problema da violência contra as mulheres, eles também precisam ser considerados como parte das soluções. Vamos pensar em relação a esse tema, uma vez que o problema da violência contra as mulheres é um problema global, não é só um problema do Brasil ou da América do Sul”.
A metodologia aplicada na capacitação inclui práticas de escuta qualificada, apoio psicossocial, articulação com a rede de cuidados e análise crítica das relações de gênero. A proposta é transformar realidades e promover ambientes mais seguros e saudáveis.
A enfermeira residente de Saúde da Família, Ana Carolina Veras, enfatiza a importância de inserir a temática da proteção às mulheres desde a formação dos profissionais. “Pensar na proteção de meninas e mulheres é muito importante, tanto para os profissionais já atuantes quanto para nós em formação, porque é uma temática muito pertinente e, na maioria das vezes, nós não temos esse enfoque no contexto da atenção primária”, finaliza.
The post Sesacre e Ministério da Saúde capacitam profissionais da Atenção Primária para fortalecer a saúde do homem e combater a violência de gênero appeared first on Noticias do Acre.
Fonte: Agência de Notícias do Acre