O segundo dia da Plenária de Atualização da 5ª Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial composta por membros da sociedade civil e de instituições públicas, discutiu, nesta terça-feira, 15, três eixos principais – reparação, democracia e justiça social, no auditório do Museu dos Povos Acreanos. O evento é realizado com apoio do governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), em parceria com o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Coepir), em Rio Branco.
As plenárias são eventos realizados por municípios, estados — ou pelo Distrito Federal — que já tenham promovido suas respectivas conferências sob o tema anterior da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), e têm como objetivo atualizar ou ratificar as propostas e as listas de pessoas delegadas, de modo a estarem em conformidade com os temas, eixos, subeixos e regras atuais.
A secretária adjunta da SEASDH, Amanda Vasconcelos, destacou que a plenária representa um passo importante na construção coletiva de políticas públicas mais eficazes para a promoção da igualdade racial no estado. “Estamos aqui hoje para reafirmar o compromisso do governo do Acre com a equidade, a justiça social e a reparação histórica. Sabemos que o racismo ainda estrutura muitas das desigualdades que enfrentamos, e por isso é essencial revisar, atualizar e fortalecer as propostas construídas anteriormente, para que estejam alinhadas com os desafios do presente”, frisou.

O representante do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Nuno Coelho, utilizou o Brasil como referência quando se trata do tema étnico racial e das políticas afirmativas, destacando que a plenária no Acre revisa e atualiza o que foi feito na conferência de 2022, com vistas à conferência nacional.
“É um referencial para mim. São poucos os países, mesmo dentro da União, que têm uma política estruturante para o enfrentamento ao racismo. Mas é necessário esse novo processo. É necessário refletir sobre esse tema. E, a partir dele, encontrarmos os caminhos para, primeiro, recuperar tudo o que foi feito lá atrás em 2022 e fazer um checklist: o que é possível manter? O que precisa ser modificado? O dia de hoje tem duas etapas”.
Nuno destacou, ainda, que a primeira etapa da plenária envolve reflexão, debate e análise política em torno dos três eixos; e a segunda, a atualização das propostas que serão encaminhadas à conferência nacional: “Serão cinco propostas por eixo, ou seja, 15 propostas ao todo. Dessas cinco, duas serão destacadas como prioritárias”.
A 5ª Conapir é uma realização conjunta entre a sociedade civil e o poder público, refletindo o caráter estruturante das políticas de promoção da igualdade racial. Seu propósito é reforçar a equidade, o enfrentamento ao racismo e a redução das desigualdades raciais no Brasil.

A coordenadora de formação do Movimento Unificado do Acre, Jaycelene Brasil, falou sobre o eixo de reparação: “Reparação não é uma ofensa. A gente só conserta algo quando houve um agravo, uma situação grave, um desrespeito. E tudo isso está ligado à população brasileira, à população indígena. Porque ela é tanto uma conquista da luta racial atual quanto uma pauta que, sim, gera polêmica.”
Os eixos e subeixos da 5ª Conapir serão abordados em todas as etapas do processo, respeitando as especificidades das diferentes realidades das unidades federativas e seus municípios. A presidente do Coepir, Goreth da Silva Pinto, reforçou a necessidade de atualização dos debates sobre igualdade racial conforme o cenário atual do país:
“É muito importante que a gente pense no momento atual que o Brasil vive e, principalmente, na situação de vulnerabilidade da população negra que não é de hoje. Hoje, temos uma população autodeclarada preta e parda de 74%. O Acre é um estado negro. E, por isso, precisa de políticas públicas transversais, que passem por todas as áreas saúde, educação, trabalho, segurança para garantir avanços concretos na vida dessa população”.

Empreendedorismo feminino

Reforçando a participação do empreendedorismo feminino, o grupo de mulheres Elas Fazem Acontecer realizou uma exposição com os itens produzidos por suas integrantes, como velas aromáticas, coleção exclusiva de camisas com tema unissex sobre africanidades, cultura africana, representatividade das mulheres negras, bolos, doces, bonecas de crochê, entre outros produtos.

A empreendedora Fernanda Amorim, do ramo de camisarias, levou ao evento peças voltadas para os temas da igualdade racial, mulheres negras e religião, valorizando o protagonismo e a identidade.
“Estar em um espaço como esse é de suma importância para os nossos negócios, para as nossas marcas — tanto pela visibilidade quanto pela oportunidade de contribuir com o evento. Todas as expositoras trouxeram peças voltadas para o tema da igualdade racial. Temos bonecas feitas em crochê, com a técnica chamada amigurumi, representando bonecas negras, bonecas afros. Temos também as camisarias de botão da marca 8 Colors, que remetem a temas como o feminismo, a africanidade… Enfim, elementos que se somam à pauta da igualdade racial e dialogam com o tema do evento”, disse.
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Fonte: Agência de Notícias do Acre