Com o avanço da tecnologia, surgiram novos meios de comunicação e, com apenas um toque na palma da mão, é possível acessar o mundo. Ainda assim, a rádio segue viva especialmente no Acre, onde continua sendo um dos principais canais de informação para grande parte da população, principalmente nas comunidades rurais e nos municípios mais isolados. Entre as estações que levam informações há décadas está a Rádio Difusora Acreana, conhecida como a Voz das Selvas.
Fundada em 25 de agosto de 1944, a Difusora foi por muitos anos a única fonte de informação para os acreanos, sendo protagonista em coberturas históricas, transmissões ao vivo e reportagens especiais. Em 1975, quando a primeira edição da Expoacre foi realizada, a emissora já estava presente, garantindo informação, entretenimento e credibilidade a quem não podia estar presente nas festas. E, desde então, não deixou de transmitir nenhum ano da feira agropecuária mais importante do Estado.
Mesmo com recursos limitados e muitas vezes improvisados, a equipe da rádio sempre manteve o compromisso com o ouvinte. O trabalho era feito com dedicação, garra e paixão, seja levando equipamentos no próprio carro ou subindo no palco para anunciar recados importantes. João Nascimento, então diretor técnico, foi o responsável por montar a estrutura de som da primeira feira, instalando caixas acústicas e cornetas metálicas pelos postes do parque Marechal Castelo Branco, conectando o público ao que era transmitido no palco para a cabine da rádio.
Ao longo dessas cinco décadas de Expoacre, a Difusora contou com nomes que ajudaram a construir a história da comunicação no Acre, como Zezinho Melo, Reginaldo Cordeiro, João Nascimento, Nilda Dantas, Estevão Bimbi, J. Conde, Mota de Oliveira, Delmiro Xavier, Jorge Cardoso, Luiz Carlos (Piriquitão), Compadre Lico e Campos Pereira. Muitos desses profissionais marcaram presença nos palcos, nas transmissões e nas reportagens realizadas diretamente do parque.

Presente desde a primeira edição da feira, Zezinho Melo relembra o papel da rádio nos primeiros anos da Expoacre. “Fazíamos a locução no palco, transmitíamos para o parque e para todo o estado. Quando alguém perdia documentos ou uma criança se separava dos pais, as pessoas vinham até nós. Era a Difusora que dava o recado. Só ela fazia isso naquela época”, conta o radialista.

A transmissão, no entanto, não era simples como hoje. Antes mesmo do início do evento, a equipe fazia a instalação manual de todos os equipamentos. Para garantir o sinal da rádio dentro da Expoacre, era necessário solicitar à antiga empresa Teleacre uma linha exclusiva de comunicação, que precisava ser testada diariamente.
Para Nilda Dantas, uma das vozes femininas mais marcantes da rádio, e que também cobre a Expoacre desde a primeira edição, a feira foi uma escola. “Foi onde deixei de ser apenas locutora e me tornei repórter. A cada ano, eu aprendia mais. Era uma correria, entrevistas o tempo todo. Guardo muitos momentos marcantes, como o dia em que uma chuva forte alagou todo o parque no dia do show”, destaca.

Mesmo diante de desafios, a Difusora nunca deixou de transmitir a feira. Em uma das edições, por exemplo, quando o palco ficou inviável para operação, a equipe improvisou. “Montamos o estúdio dentro de uma van e colocamos o microfone direto na caixa de som do show das atrações nacionais. O importante era não deixar o público sem a transmissão”, lembra Zezinho.

Além da cobertura jornalística, a rádio também foi responsável pela programação musical do palco, promovendo artistas locais antes das atrações nacionais. “Nós organizávamos o palco, apresentávamos calouros e dávamos espaço aos talentos acreanos. Era uma responsabilidade imensa e uma emoção única estar ali, eu ficava completamente emocionada por conduzir uma multidão ali presente, junto com meu amigo Reginaldo Cordeiro”, declara Nilda.

Com 50 anos de Expoacre, a história da feira se entrelaça à trajetória da Rádio Difusora Acreana. Em tempos de streaming e redes sociais, o rádio continua sendo o meio mais democrático, acessível e presente. Seja nas cidades, nas comunidades isoladas da Reserva Chico Mendes, nos seringais do Rio Iaco ou nas fronteiras do Parque Nacional da Serra do Divisor, a Voz das Selvas segue firme, informando e acompanhando gerações.
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Fonte: Agência de Notícias do Acre