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Estado reconhece protagonismo do pequeno produtor e amplia políticas de estímulo à economia local

Enquanto o Acre desponta no cenário nacional com grandes cadeias produtivas e avanços na produção rural, é a força silenciosa dos pequenos produtores que sustenta a base da economia comunitária. Com trabalho incansável e espírito coletivo, eles cultivam uma cadeia diversa voltada à qualidade e ao respeito ambiental,  um mosaico produtivo que nasce da terra e da união.

Para fortalecer esse alicerce, a Secretaria de Estado de Agricultura (Seagri) tem traçado metas estratégicas, investido em tecnologia e criado programas que impulsionam o microempreendedor rural. O desafio é garantir que esses protagonistas da nova economia não apenas resistam, mas prosperem em um estado que tem 212.076 pessoas morando na zona rural, ou seja, 25,6% da população.

Em seus 36 hectares de terra, ele cultiva coco com dedicação, alcançando uma média mensal entre 4 e 5 mil frutos, destinados ao abastecimento do mercado local. Pedro Devani/Secom

Dedimar Lopes de Oliveira, de 38 anos, mais conhecido como Seu Dedi, construiu uma trajetória marcada pelo cuidado com a terra e pelas riquezas que dela brotam. Desde 2013, quando decidiu investir na plantação de coco em uma comunidade rural às margens da BR-307, em Cruzeiro do Sul, ele transformou seu lote em um espaço de produção, renda e desenvolvimento.

Mais que sustento familiar, seu cultivo gera empregos, movimenta a economia local e reafirma a vocação do campo como território de oportunidades.

Em seus 36 hectares de terra, ele cultiva coco com dedicação, alcançando uma média mensal entre 4 e 5 mil frutos, destinados ao abastecimento do mercado local. Para complementar sua renda, também investe na piscicultura, comercializando cerca de 5 mil peixes ao longo do ano. É uma economia sólida e enraizada, que garante o sustento da família e mantém o equilíbrio financeiro do lar.

Com a criação de gado, ele também produz queijo coalho, comercializando até 6 quilos por semana. “Na época em que ganhei as mudas de coco de ações do governo, eu já estava plantando algumas produções, mas não davam certo e assim que plantei os primeiros e vi que o negócio era viável passei a apostar mais e ter um retorno esperado”, relembra.

Para complementar sua renda, Seu Dedi também investe na piscicultura, comercializando cerca de 5 mil peixes ao longo do ano. Pedro Devani/Secom

Resiliência no campo

Entre 2013 e 2020, uma praga atingiu os coqueiros, representando um dos maiores desafios enfrentados por ele. Superada a adversidade, o produtor segue motivado a investir e apostar novamente na cultura do coco. O que ele espera do poder público, cada vez mais, é o fortalecimento de políticas de incentivo capazes de fomentar essa atividade em todo o estado.

“Aqui estamos na ponta do Brasil e temos certa dificuldade para que os insumos cheguem até nós e alguns, ainda menores, têm dificuldade para comprá-los. Então, o que precisamos é de tecnologia adequada para fazer o manejo e assistência técnica para aplicá-la de maneira correta”, acredita.

Reconhecendo o papel relevante dos grandes produtores e a expressiva expansão das culturas de larga escala, movidas por negócios de alto volume, Seu Dedi ressalta a necessidade de um olhar atento e diferenciado para aqueles que estão na base da cadeia produtiva, na ponta, e que movimentam silenciosamente a engrenagem que entrelaça sustentabilidade e economia.

“Se fala muito no grande produtor, em grandes cadeias, mas o que faz a diferença mesmo é o pequeno produtor, que com sua produção sustentável bota o alimento na mesa e abastece a população. O grande segredo é apostar na produção familiar, porque é dela que vem o alimento orgânico e até mais barato para a população.”

O coco, segundo ele, tem mudado sua vida em todos os sentidos. Pedro Devani/Secom

Valorização da base produtiva

A Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) tem intensificado esforços para assegurar que tecnologias, métodos de expansão e insumos cheguem com eficácia aos pequenos produtores, impulsionando continuamente o fortalecimento da cadeia produtiva em todo o estado.

Entre as iniciativas mais emblemáticas, duas ações recentes se destacam pelo impacto direto na rotina de quem vive da agricultura. A primeira delas foi a sanção da Lei nº 4.598/2025, que institui o Programa Estadual de Aquisição de Alimentos (PAA). A proposta representa um avanço estratégico na valorização da agricultura familiar e no enfrentamento à insegurança alimentar no Acre, com previsão de investimento superior a R$ 2,2 milhões provenientes do Tesouro Estadual.

O PAA tem como missão comprar diretamente da agricultura familiar os produtos que serão distribuídos a pessoas em situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar, além de atender instituições públicas e privadas sem fins lucrativos engajadas na política de segurança alimentar e nutricional.

Secretário de Agricultura do Estado, José Luiz Tchê, explica que que aç~eos têm se aproximado do pequeno produtor. Foto: Pedro Devani/secom

A segunda ação, lançada recentemente durante a Expoacre Juruá, é considerada inovadora e promete fortalecer ainda mais os produtores rurais. Trata-se do programa Solo Fértil, focado na melhoria da qualidade do solo e no aumento da produtividade agrícola, com base em práticas sustentáveis e análises detalhadas das propriedades.

A avaliação dos solos é feita por meio de equipamentos que utilizam a tecnologia de espectroscopia no infravermelho próximo (NIR), capaz de fornecer, em poucos minutos, dados precisos sobre a composição química do solo. Essa inovação substitui métodos laboratoriais tradicionais, mais caros e demorados, e oferece respostas ágeis, confiáveis e com mínima interferência ambiental, por dispensar o uso de reagentes químicos.

O secretário estadual da Agricultura, José Luiz Tchê, reforça que o foco no pequeno produtor é uma diretriz clara do governador Gladson Camelí, que reconhece o protagonismo da agricultura familiar como pilar da economia sustentável do estado.

“O que o nosso governo vem fazendo é achar maneiras para que o nosso produtor não precise mais procurar a Secretaria, mas que ela chegue até eles. Para isso, estamos indo nos 22 polos de assentamento do estado, onde o governo está entregando títulos definitivos, e entender qual a demanda que temos, desde correção de solo, ou de necessidades básicas, para que possamos dar dignidade ao nosso produtor”, enfatiza.

Com a aplicação correta e estratégica dos recursos, Tchê acredita que cada produtor poderá mais que dobrar sua colheita, ampliando significativamente os resultados da produção agrícola.

“O avanço que temos já é muito grande. Então, esse produtor com certeza vai melhorar a renda dele, porque estamos tirando os atravessadores, os marreteiros e comprando direto do produtor, das cooperativas e organizações, o que reflete em uma melhora para eles nesse momento da comercialização”, finaliza.
















 

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Fonte: Agência de Notícias do Acre

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