O ringue entrou em campo e o Estádio Arena do Juruá, em Cruzeiro do Sul, foi palco de uma disputa emocionante pelo cinturão do Nauás Combat, que movimentou e levantou a torcida na terceira noite da Expoacre Juruá, nesta quinta-feira, 3. Ao todo, 14 lutadores protagonizaram sete lutas, com golpes compassados aos gritos da torcida.
O evento contou com o apoio do governo do Acre e a participação do público que aprecia o esporte. Maria José Moraes acompanhava o pai, de 85 anos, Raimundo Moraes, que assistia atentamente à competição.
“É a primeira vez que eu venho a um evento como esse, mas estou achando bem interessante a estrutura. Meu pai ama ver luta e achei importante este evento, porque tudo que a gente puder articular no âmbito do esporte acaba sendo uma opção para os nossos jovens, e isso é muito valioso”, analisou Maria José, que é professora.

Derlene Silva estava torcendo pelo competidor Marcos Silva. Praticante de boxe, disse que estava ali para incentivar o amigo. “Ele representa sempre muito bem nosso estado. É um ótimo lutador, que já lutou fora. Representou o Acre muito bem e amei o evento, porque sei que o esporte é muito bom para a nossa saúde”, disse.
‘O esporte me salvou’
O atleta Boykan Fênix protagonizou uma das lutas mais emocionantes da noite. Nascido na comunidade do Val Paraíso, em Cruzeiro do Sul, relembrou como o esporte mudou sua vida. “Quero agradecer muito à minha equipe, que me treinou, porque se esforçou bastante e, apesar do trabalho e pouco tempo para treinar, a gente se dedicou para ter essa vitória e mostrar para o povo que aqui, nessa cidade, tem campeão”, disse.
Sobre o evento, o lutador afirmou que foi uma experiência maravilhosa, com intercâmbio entre os atletas, e enalteceu o esporte como impulsionador de mudança de vida: “Quando eu era adolescente, era alcoólatra, estava me afundando, e Deus me mostrou uma saída: o esporte, o MMA. Não largo nunca mais”.

Márcio Dana White, presidente do Nauás Combat, agradeceu o apoio do governo estadual para a realização do evento e disse que as parcerias foram fundamentais para que a competição chegasse à sua vigésima edição.
“No geral, já tivemos atletas da Argentina, do Peru, da Bolívia. Hoje temos, na luta principal, um atleta da Venezuela. O esporte só vem crescendo, e já passaram mais de 180 atletas por todas as edições. Isso mostra como é importante o incentivo do Estado. Hoje, temos atletas que lutam em outros países, mas a base foi feita toda aqui, e o incentivo do governo faz com que o esporte cresça cada vez mais”, destacou.
O presidente reforça ainda o papel social do esporte, ao alcançar o maior número possível de pessoas. “É inclusão social. Muitos desses jovens que estão aqui hoje, que estão treinando e lutando, não estão na marginalidade. Eles foram inseridos na sociedade através do esporte, e muitos deles vivem, financeiramente, por meio do esporte. São professores, são atletas. É esse o trabalho feito aqui, na base, porque a luta no Nauás Combat serve para o cartel mundial profissional”, avaliou.

Cruzeirense venceu
O evento pegou fogo com a luta principal, a mais esperada da noite. O venezuelano Joseph Romero enfrentou o acreano Deusmar Júnior, que saiu vitorioso em casa. Durante três rounds acirrados, eles disputaram o cinturão do Nauás Combat.
Romero perdeu dois pontos por não atingir a pesagem correta e por aplicação de golpe baixo. Durante a luta, por diversas vezes provocou o cruzeirense, que iniciou no esporte por meio de um projeto social de seu professor.
“Foi uma vitória que eu não esperava. Não queria lutar assim, mas depois do golpe ilegal, isso me bloqueou muito na luta. Fiquei com muita dor, mas segui. Me dedico ao esporte, porque ele me tirou dos caminhos errados e me colocou no caminho certo”, contou. Machucado, Deusmar foi orientado até pelo técnico a parar a luta, mas persistiu. “Dei meu melhor. Eu disse que só sairia daqui se fosse morto ou com a vitória — e, graças a Deus, foi com a vitória”, comemorou, em posse do cinturão e envolto na bandeira de Cruzeiro do Sul.
Para quem assistiu tudo de camarote, o evento enalteceu os atletas locais. Nonato Oliveira, de 60 anos, até hoje pratica jiu-jítsu. Para ele, o esporte é um dos pilares para o resgate da juventude: “O esporte salva vidas, e é muito bom poder ter eventos como este no nosso estado. Espero poder ver isso cada vez mais, para que nossos jovens tenham oportunidades”.
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Fonte: Agência de Notícias do Acre